O dia em que o Som da Mata deixou de existir para mim

Nossa história tem dois personagens.
O primeiro é o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus.  Com atuação na Casa de Dom Inácio, em Abadiânia (GO), desde o fim do ano passado o médium foi desmascarado por uma série de denúncias de abuso sexual e estupro de mulheres que buscaram seu apoio espiritual. João é denunciado também por outros crimes, inclusive homicídio.
A ativista Sabrina Bittencourt, que ajudou a reunir o depoimento de mulheres que foram vítimas de João de Deus, suicidou-se em fevereiro.
João tem 76 anos e está preso.
O outro personagem é o produtor cultural de Natal, Marcos Sá de Paula, responsável pelos projetos Som da Mata e Bosque Encena (que ocorrem no Parque Estadual Dunas de Natal, o Parque das Dunas, aos domingos) e pelo Bloco Submarino Amarelo.
Marcos costuma publicar muitas piadas em seu perfil no Instagram. Há alguns dias, Marcos julgou conveniente publicar uma piada sobre João de Deus e suas vítimas. Reagi, afirmando que estupro e violência sexual não são piadas.  Ele disse que eu podia deixar de seguir.
Claro que deixo de seguir.
Assim como naquele dia todos os projetos culturais de Marcos Sá de Paula deixaram automaticamente de existir - e no que depender de mim, não mais prestigiarei e convencerei amigos artistas e público a nunca mais se fazerem presentes.
Inacreditável que alguém ache engraçado fazer piadas com estupro e ainda atue com soberba sem reconhecer o quão desumano é tal prática.

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