#ForaMicarla: E valeu o voto!

Com todo o respeito que eu devo ao vereador Edivan Martins (PV), presidente da Câmara Municipal de Natal, e aos colegas jornalistas que cobrem a Câmara, é muito estranha a escolha de Edivan como parlamentar do ano de 2011 na casa legislativa.
O ano foi péssimo para Edivan e o deixou em situação de extrema fragilidade.
Quando a oposição apresentou o requerimento para a instalação da finada Comissão Especial de Inquérito (CEI) dos Aluguéis, Edivan agiu corretamente como de esperar de um democrata.  Instalou a CEI, com dois membros da situação e um da oposição.  Havia um acordo entre os situacionistas Albert Dickson (PP), Francisco de Assis (PSB) e a opositora Sargento Regina (PDT) para que Regina fosse a presidente da CEI.  Isso não foi cumprido e Regina deixou a CEI.

Daí ocorreu a ocupação da Câmara.  E a sucessão de erros de Edivan que, a meu ver, seriam suficientes para que ele não pudesse ser escolhido como parlamentar do ano.  Dois dias após o início da ocupação, Edivan sentou-se com os manifestantes e comprometeu-se a manter a CEI e a realizar uma audiência pública na semana seguinte.  No outro dia de manhã, o golpe e a surpresa: Edivan cancelou a CEI e deu ordem para que até o fim do dia a Câmara fosse desocupada.  A revolta gerada pela primeira quebra de compromisso fortaleceu o movimento da ocupação.
Após o movimento ter conseguido um habeas corpus, revogado no fim de semana pelo Tribunal de Justiça, Edivan Martins sentou com os manifestantes para negociar na OAB na segunda-feira - após ser suspensa a ordem de desocupação policial.  A OAB conseguiu mediar um acordo, após uma tarde inteira de reunião. Edivan sumiu à noite.  Após as 23h, o presidente da OAB, Paulo Eduardo Teixeira, consegue falar com o presidente da Câmara, que lhe informa que não acata a proposta de acordo.  Segundo acordo descumprido.  Segunda pisada na bola política de Edivan.
Absolutamente fragilizado, após a vitória do movimento no STJ dois dias depois, Edivan finalmente convoca todos os vereadores para tentar pôr fim a crise.  A posição do presidente era tão frágil que não é ele quem leva a proposta de acordo aos estudantes acampados.  Aliás, na Câmara ocupada, o porta-voz dos vereadores, Júlio Protásio (PSB) é claro em dizer que o presidente Edivan Martins estava afastado da negociação daquele acordo e que todo diálogo agora seria travado com aquela comissão de negociação.  Na manhã seguinte, o acordo foi assinado e a Câmara desocupada.  Era 17 de junho.
O último episódio ocorreu em 5 de setembro.  O coletivo #ForaMicarla realizou um protesto na porta da Câmara enquanto haveria uma sessão da CEI dos Contratos, criada após a ocupação de junho.  Ao tentar entrar, os manifestantes foram impedidos.  O chefe da guarda legislativa diz, com clareza, às vereadoras Júlia Arruda e Sargento Regina que a proibição foi por ordem do presidente Edivan Martins.  Falei sobre isso aqui e aqui.
Essas histórias são suficientes para o meu convencimento de que Edivan não foi efetivamente o parlamentar do ano na Câmara Municipal de Natal. A escolha de Edivan parece, ao contrário, um desagravo - uma tentativa de fazer com que se passe uma borracha em todos os seus inúmeros erros políticos do ano pré-eleitoral.

Comentários

Gustavo Lucena disse…
Edvan Martins nem seus eleitores merecem o mínimo respeito. É um escroto arrodeado de puxasacos.

A turma que trabalha na grande imprensa e que cobre os bastidores do poder - salvo honrosas exceções - é venal e adora lamber o saco dos poderosos.

NA AL-RN ocorre o mesmo procedimento. Os jornalistas ficam pendurados nos sacos de Robinson Faria (no passado) e de Ricardo Mota (nos dias de hoje)

PS: Deveríamos organizar uma votação p/ escolher os piores parlamentares.