Professor da UFPE desmente que tenha assinado lista de apoio a Aécio Neves

Por Marco Mondaini
Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco
Na Carta Maior


Fui surpreendido na noite de domingo e manhã de segunda por uma série de mensagens enviadas por alunos e ex-alunos, professores e amigos em geral, de todas as partes do Brasil, que me perguntavam sobre a veracidade do meu apoio à candidatura tucana à Presidência da República.

Li as primeiras mensagens imaginando que se tratava de uma brincadeira de muito mal gosto. Porém, muito rapidamente, me dei conta de que os questionamentos tinham base real, pois que o meu nome aparecia entre os signatários de um certo manifesto intitulado: “Esquerda Democrática com Aécio Neves”.

De antemão, torno público o fato de que não autorizei absolutamente ninguém a incluir meu nome em tal manifesto, por uma simples razão, a saber: desde 1989, nunca apoiei nenhuma candidatura do PSDB – posicionamento que manterei no segundo turno das eleições a serem realizadas no próximo 26 de outubro e, por princípio, em todas as eleições futuras, enquanto esse partido existir.

Assim, repudio e denuncio veementemente a indevida utilização do meu nome como um ato voltado à construção da falsa ideia de que intelectuais que se distanciaram criticamente do Partido dos Trabalhadores e dos 12 anos de governos de coalizão liderados pelo PT, como ato contínuo, estariam embarcando na nova tentativa tucana de retorno ao governo federal.

Reconheço-me como fazendo parte de uma tradição do campo das esquerdas que vê na “democracia um valor universal”. Reconheço, ainda, que tenho com alguns dos intelectuais que assinaram o manifesto uma proximidade teórica à medida que se inscrevem numa linhagem do pensamento político influenciada pelas ideias do marxista italiano Antonio Gramsci e pela rica experiência política do Partido Comunista Italiano de Palmiro Togliatti e Enrico Berlinguer, particularmente no período do chamado eurocomunismo.

No entanto, nem no maior esforço de “imaginação sociológica”, e na condição de historiador dos direitos humanos que procuro ser, consigo identificar na candidatura do ex-governador das Minas Gerais a possibilidade de instauração entre nós de um novo ciclo virtuoso de expansão da “democracia, direitos sociais e sustentabilidade” como faz crer o subtítulo do manifesto.

É, outrossim, digno de nota o fato de um manifesto redigido pela “esquerda democrática” ter tido ampla acolhida nos principais meios de comunicação de massa do nosso país. Exatamente os mesmos meios de comunicação que desde sempre se caracterizaram pelo duro combate a tudo aquilo que viesse do campo das esquerdas, e, por que não dizer, tudo aquilo que fosse além da restrita ideia liberal de democracia como manutenção das regras do jogo.

Fico por aqui esclarecendo aos meus alunos e ex-alunos, professores e amigos em geral que apoiei a candidatura de Luciana Genro no primeiro turno das eleições presidenciais, e que, agora, no segundo turno, sempre no campo da “esquerda democrática”, apoio a reeleição da Presidenta Dilma.