Quando a reputação em jogo nada vale

Compreendo certa aflição nas pessoas e compreendo especialmente aquelas que afligem meus colegas jornalistas.  Vejo ao meu lado diversos colegas que, de uma hora para outra, passaram por imensas dificuldades na vida porque, na instabilidade de uma vida profissional sem certezas, perderam seus empregos ou foram forçados a mudar de função - e salário.
É por isso que eu compreendo que muitos de meus colegas se aflijam com conflitos gerados por opinião.  E por emitir opinião, passam a se precaver na tentativa de construir limites no que dizem a respeito do que pensam para evitar pôr em risco um vínculo profissional, por vezes, frágil.
Outro aspecto é o entendimento a respeito de fazer um nome: os meus colegas precisam preservar seu nome profissional - têm um nome a zelar porque a notoriedade de seu nome é fundamental para o sucesso de sua vida profissional.  Terão retorno financeiro à medida em que forem mais conhecidos e que tiverem a melhor das reputações.  Por outro lado, assim é comum que muitos de meus colegas briguem por serem notados.
Essas aflições fazem sentido e por isso eu entendo quando alguém me diz que as pessoas estão comentando algo a meu respeito, em prol de minha credibilidade, ou coisa semelhante.  Mas eu sei - e tenho motivos - para entrar nas brigas que entro.  Nenhum deles impublicável.  E os meus poucos leitores sabem quais são, ao acompanhar esse blog.
Além disso, vivo uma situação profissional que me liberta em grande parte dessas preocupação.  Meu blog não é uma atividade profissional.  Minha atividade profissional é outra - e nela tenho estabilidade.  Para ter sucesso nela, não preciso construir uma carreira sobre uma produção textual ou a manutenção de certos limites para preservar uma forma de reputação que muitos precisam manter.  Não preciso, em outras palavras, transigir das minhas crenças, das minha convicções, ideologias ou opiniões.
Escrevo o que sou no blog porque não dependo disso para meu ganha pão - nem o blog interfere em meu ganha pão porque preservo o único limite que é ético em minha situação: jamais me refiro a meu trabalho aqui ou no Twitter.
Estou nessa porque faço o que acredito.  E falo o que eu acredito.  Não é preciso fingir que não é nada.  Fui xingado nos últimos tempos de forma bem desrespeitosa por algumas figuras.  Por outro lado, conheço o processo e os interesses que os levam a agir assim.  Sei o que é pano de fundo e o que centro da cena.  Sei o que roda nos cenários em cena e - como sou um inflamado defensor de que todas as ações sejam justas, honestas e seguras dessa cena - vou brigar até o fim pela verdade que conheço.  Não me importa se por isso seja chamado de babão, macaquinho, filho de goiamum, bastardo, etc - não faz diferença porque a felicidade consiste em ser honesto consigo, com o outro e com a nossa luta comum.  Quem está com a razão sempre merecerá minha solidariedade e luta em favor.

Comentários