tá rindo do quê?

Do blog de Marcelo Rubens Paiva:

A luta [luta?] de Anders Behring Breivik não é diferente da de seus conterrâneos europeus há mais de mil anos, quando cruzaram a Europa para combater os hereges que invadiram Jerusalém.
Também não difere dos seus vizinhos germânicos, que, numa mobilização em massa, há 6 décadas, trataram de varrer do mapa todos que não tivessem o sangue ariano nas veias
Se aos poucos encontramos paz ideológica, tolerância racial e religiosa, e se o padrão de vida melhora em ilhas de prosperidade, os mesmos inimigos de sempre, o estrangeiro, com a sua impureza, parece uma ameaça a alguns doentes que não acompanham o andamento da História.
O problema é que, hoje em dia, 1 idiota desse faz o estrago de um batalhão da SS.
E tem a visibilidade de que seu ego ressente.
Pode soltar as maiores barbaridades num manifesto de 1.500 páginas para o mundo ler.
O seu 2083 – Uma Declaração Europeia de Independência
Estamos fritos.
Não foi o primeiro, não será o último.
A história da humanidade dá justificativa de sobra à sua inconsequência.
A insanidade está escrita nos livros.
Extremismo de direita não foi demolido com o bunker de Hitler.
Breivik pensa que marxistas e multiculturalistas qualificam por meio de propaganda conservadores como “ignorantes e intolerantes inatos movidos pelo ódio a toda e qualquer minoria”.
O extremista de 32 anos acha que devemos evitar “um modelo de bastardização contínua, muito similar ao brasileiro”.
“Essas políticas provaram ser uma catástrofe para o Brasil e para outros países que institucionalizaram e facilitaram a miscigenação disseminada de asiáticos, europeus e africanos”, escreveu.
“O Brasil estabeleceu-se firmemente como um país de segundo mundo com um grau extremamente baixo de coesão social. Os resultados disso são evidentes e manifestam-se pelo elevado grau de corrupção, pela falta de produtividade e por um eterno conflito entre diversas culturas concorrentes”.
Alega que se opõe à miscigenação pois seria prejudicial “à unidade de nossa tribo”.
Em seu protesto, mata garotos da sua tribo. Coerência no seu projeto?
Para ele, um país próspero e estável depende de:
1. o Islã não pode estar presente
2. o povo deve ser etnicamente homogêneo
3. a população deve ser educada e ter QI elevado
4. políticas culturais conservadoras e nacionalistas devem ser aplicadas, com algum grau de protecionismo financeiro
5. políticas de livre mercado, “mas um livre mercado direcionado a países culturalmente conservadores”
Como escreveu João Pereira Coutinho hoje na FOLHA:
“No seu inefável horror, ele ensina como as ideias erradas, na cabeça errada, continuam a ser o verdadeiro motor da história. E o fato de nós, ocidentais, vivermos num estágio pós-ideológico onde nada é importante porque nada tem importância não significa necessariamente que os outros nos acompanham nessa doce viagem relativista.”
O mundo não está perdido, sempre esteve.
Por isso devemos continuar de olhos abertos.
Não esquecer dos abusos do passado.
Através das loucuras de agora.

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