Por que importa a aproximação entre a presidenta Dilma Rousseff e os tucanos - liderados pela iniciativa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso? Porque o olhar está voltado não apenas para o presente político do Congresso Nacional e da base de apoio do governo - fragilizada pela faxina que começou no PR e agora está alcançando o poderoso PMDB.
Essa faxina existe mais como discurso da mídia - um tanto udenista - do que como realidade político-social. Até porque, como lembram alguns companheiros hoje, construir uma faxina neste momento é o mesmo que dizer que o governo Lula era condescendente com a prática da corrupção.
E Lula é o real alvo da aproximação. Não se pode esquecer que foi sob seu governo que se organizou a Controladoria Geral da União e lançou-se a transparência em forma de portal na Internet. Colar a pecha em Dilma de quem enfrenta a corrupção provoca a injustiça contra Lula de que ele não teria enfrentado. A aproximação de FHC amplifica a questão ao criar a cortina de fumaça que esconde a forma como o governo de FHC [não] enfrentou a corrupção. Quem se esquece de Geraldo Brindeiro, o engavetador-geral da república? E quem se lembra que o questionado e [im]probo Gilmar Mendes foi seu advogado-geral?
Mas as conclusões nas análises sobre essa aproximação são muito diversas. Não acho que os tucanos queiram se converter em base de apoio a Dilma. Pelo contrário, acredito que eles têm a intenção de minar a base do governo - não para substituí-la, mas para passarem a ser determinantes na definição da agenda política do país. Algo parecido com o que foi feito durante o governo Itamar Franco.
Essa ação tem um alvo, disse antes. O alvo é Lula. Fortalecer Dilma, ainda que de uma forma que a torne refém, é enfraquecer o espaço, prestígio, imagem e possibilidades de retorno do ex-presidente.
É claro que a imprensa e a oposição vão manter a agenda da faxina no topo do nosso dia-a-dia. Assim, atingem seus propósitos mais amplos e ainda, por tabela, congelam as ações do governo.
A questão a ser pensada, eu acho, é o porquê o governo Dilma aceita ser pautado por essa agenda; por que ela aceita ter essa imagem udenista e moralista de faxineira da corrupção?
Evidente que há uma relação direta com a dificuldade de construir um ponto de apoio para a imagem do governo e da presidenta, após os oito anos do Nunca Dantes. E esse mote foi aproveitado a partir da crise gerada pelas consultorias de Antônio Palocci. Quase um mês se passou antes de uma definição acerca da crise de Palocci. A mídia convenceu a opinião pública de que o governo demorou a agir. Na próxima oportunidade, a ação tinha que ser rápida e a comunicação do governo aproveitou para iniciar a construção de uma imagem para a presidenta. Uma imagem que alcança positivamente parcela considerável da classe média - mas que tem uma clara superficialidade política e ideológica.
O governo se vê forçado a caminhar para o centro e assumir um discurso moralista e udenista. E ainda há quem queira que eu não critique uma foto de Dilma ao lado de tucanos - ou que não critique as próprias posturas do governo.
Essa faxina existe mais como discurso da mídia - um tanto udenista - do que como realidade político-social. Até porque, como lembram alguns companheiros hoje, construir uma faxina neste momento é o mesmo que dizer que o governo Lula era condescendente com a prática da corrupção.
E Lula é o real alvo da aproximação. Não se pode esquecer que foi sob seu governo que se organizou a Controladoria Geral da União e lançou-se a transparência em forma de portal na Internet. Colar a pecha em Dilma de quem enfrenta a corrupção provoca a injustiça contra Lula de que ele não teria enfrentado. A aproximação de FHC amplifica a questão ao criar a cortina de fumaça que esconde a forma como o governo de FHC [não] enfrentou a corrupção. Quem se esquece de Geraldo Brindeiro, o engavetador-geral da república? E quem se lembra que o questionado e [im]probo Gilmar Mendes foi seu advogado-geral?
Mas as conclusões nas análises sobre essa aproximação são muito diversas. Não acho que os tucanos queiram se converter em base de apoio a Dilma. Pelo contrário, acredito que eles têm a intenção de minar a base do governo - não para substituí-la, mas para passarem a ser determinantes na definição da agenda política do país. Algo parecido com o que foi feito durante o governo Itamar Franco.
Essa ação tem um alvo, disse antes. O alvo é Lula. Fortalecer Dilma, ainda que de uma forma que a torne refém, é enfraquecer o espaço, prestígio, imagem e possibilidades de retorno do ex-presidente.
É claro que a imprensa e a oposição vão manter a agenda da faxina no topo do nosso dia-a-dia. Assim, atingem seus propósitos mais amplos e ainda, por tabela, congelam as ações do governo.
A questão a ser pensada, eu acho, é o porquê o governo Dilma aceita ser pautado por essa agenda; por que ela aceita ter essa imagem udenista e moralista de faxineira da corrupção?
Evidente que há uma relação direta com a dificuldade de construir um ponto de apoio para a imagem do governo e da presidenta, após os oito anos do Nunca Dantes. E esse mote foi aproveitado a partir da crise gerada pelas consultorias de Antônio Palocci. Quase um mês se passou antes de uma definição acerca da crise de Palocci. A mídia convenceu a opinião pública de que o governo demorou a agir. Na próxima oportunidade, a ação tinha que ser rápida e a comunicação do governo aproveitou para iniciar a construção de uma imagem para a presidenta. Uma imagem que alcança positivamente parcela considerável da classe média - mas que tem uma clara superficialidade política e ideológica.
O governo se vê forçado a caminhar para o centro e assumir um discurso moralista e udenista. E ainda há quem queira que eu não critique uma foto de Dilma ao lado de tucanos - ou que não critique as próprias posturas do governo.
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