A ausência de ação ocidental

Não, não somos condescendentes com a tirania.  Não se trata disso.
Mas falamos de uma comparação entre ações diferentes - diametralmente opostas - em situações semelhantes.

Osni Mubarak era velho aliado do mundo ocidental e dos EUA.  Tratado como líder moderado.  O mesmo na pioneira Tunísia.  Houve levantes populares ali.  Nenhuma ação militar da Otan, EUA ou mundo ocidental.


No início do ano o povo também se levantou por mais democracia e liberdade no Iemen, aliado ocidental.  Tropas sauditas entraram em território iemenita.  Civis foram executados, inclusive diante de câmeras.  Nenhuma ação militar em defesa deles foi promovida pelo Ocidente civilizado.

Assad, na Síria, já matou mais de duas mil pessoas desde o início dos protestos.  Então, por que, não há uma intervenção da Otan?

Por que, também, a Otan foi além de seu mandato internacional de criar uma área de exclusão aérea na Líbia para proteger civis e executou mais de 6 mil missões aéreas, armou insurgentes e colaborou ativamente para a mudança de regime na Líbia - algo ainda não concretizado, diga-se de passagem?

Por que o Ocidente criticou a repressão de Mubarak contra seu povo, derrubando a Internet, mas ninguém ousou questionar os líderes ocidentais, como David Cameron, que pensaram ou propuseram ações de controle, limitação ou restrição total de Internet para evitar que protestos semelhantes se articulassem nas democracias ocidentais?

Não queremos a tirania de Assad ou de Gaddafi.  Mas também não podemos deixar sem crítica que movimentos populares sejam metamorfoseados em ações militares de intervenção no mundo árabe - em respeito da preservação dos valores e objetivos ocidentais - especialmente do petróleo.

Que caiam os ditadores.  Todos eles.  Mas pela revolução do povo e não pela intervenção militar da Otan - que termina por garantir que nenhum deles seja substituído por alguém que não defenda seus interesses.  Ação militar é questionável porque se resume a uma forma de mudar para não mudar nada - para manter mais do mesmo no mesmíssimo lugar.

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