#HomofobiaNao:No ‘kit-gay’ ‘fomos pra cima’ e a presidenta ‘não nos peitou’

Do Blog da Maria Frô

O título do post foi retirado da fala de deputados evangélicos na Câmara, eles têm toda a razão, eles foram pra cima da presidenta, com uma ajuda imensa da mídia institucional que reverberou o quanto pôde o discurso de Bolsonaro e os ataques em conjunto ao MEC. Essa bancada fundamentalista pôde contar especialmente com uma verdadeira cruzada da Rede Record contra o material pedagógico ‘escola sem homofobia. Deu certo, a presidenta não apenas não ‘peitou’ a bancada como recuou e o as escolas ficaram sem o materal pedagógico para uma educação em direitos humanos e combate à homofobia.

Observem o nível dos depoimentos entre aspas e em negrito:

Por ora, os assembleianos se dizem satisfeitos com a presidente Dilma: “Ela não nos ‘peitou’ quando fomos pra cima, no caso do kit gay. Então está bom“, diz Fonseca. (Trecho destacado da matéria abaixo)

Matéria bem semelhante à destacada abaixo pode ser vista nesta nota doFacebook, vale abrir o link.

Algo não se pode negar aos deputados pastores fundamentalistas: eles não escondem seu jogo, suas estratégias; eles são implícitos em seu modo nu e cru de fazer política: “Os assembleianos possuem autonomia para decidir sem petistas“; nós ‘fomos pra cima‘ e a presidenta ‘não nos peitou‘; “Os partidos sabem que não tem como segurar esses deputados. Falou em aborto, descriminalização da maconha ou casamento gay, os evangélicos votam contra. O PSC é base do governo Dilma, mas nem adianta pedir apoio nessas questões”…. ‘

Talvez por confiarem tanto em suas estratégias eles pouco se importam com que a sociedade civil não fundamentalista e se sintam seguros por propor leis que rasgam a Constituição, ignorando inclusive, tentativas frustradas como a de Carlos Apolinário e seu dia da Ogrice votado e aprovado vergonhosamente pela Câmara Municipal de São Paulo, mas cuja repercurssão foi tão negativa, inclusive, na imprensa internacional que o prefeito resolveu vetar. É o caso do deputado estadual Dilmo dos Santos (PV), autor do projeto de lei 670/2011 que institui em todo o estado de São Paulo o Dia do Orgulho Heterosexual. Esperemos que desta vez, essa bancada fundamentalista supra partidária encontre oposição dos demais deputados que ainda respeitam o fato de a democracia brasileira, regida por nossa Constituição garantir um Estado Laico, com a separação da Igreja e do Estado.

Sucesso eleitoral da Assembleia de Deus é 3 vezes maior que o do PT
Por (Vandson Lima, no Valor, via O Globo)

01/08/2011

SÃO PAULO – Reunidos todas às terças-feiras à tarde, 22 deputados federais, de 15 diferentes Estados, discutem como se posicionarão frente a determinadas pautas e que medidas tomarão para defender os interesses de seu eleitorado. Eles não representam um Estado, ainda que sua bancada seja maior ou igual que a de 20 das federações brasileiras.
Também não pertencem a um mesmo partido, mas sua força nas urnas os permite até mesmo ir contra a indicação das siglas em questões que lhes são caras. A Assembleia de Deus (AD), maior denominação evangélica pentecostal no Brasil, comemora seu centenário em 2011, e sua bancada, que lidera a Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, representa 22,5 milhões de brasileiros.
Antes das eleições de 2010, o deputado federal Ronaldo Fonseca (PR-DF) reuniu-se com José Wellington Bezerra, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus, para escolher pastores e lideranças da igreja com bom potencial eleitoral. Fecharam a lista em 30 nomes.
Conseguiram eleger 22 deles, um percentual assombroso de 73,3% de sucesso. Não há partido político no Brasil com tamanho êxito: o PT, por exemplo, dono da maior bancada da Câmara, lançou 334 candidatos a deputado federal e elegeu 88 deles (26,3%). Dos 73 deputados que compõem a bancada evangélica, os assembleianos são um terço. Seu presidente, o deputado federal João Campos, é seguidor da igreja.
Com seu eleitorado cativo, os parlamentares ligados à AD podem se dar ao direito de contrariar a orientação partidária quando convém ao seu grupo. Segundo Fonseca, presidente subdivisão ligada à igreja na Câmara, “temos um acordo com nossos partidos: se o que está em pauta na Casa atentar para alguma questão moral, temos independência. Foi assim que derrubamos o kit gay”.
O deputado se refere à suspensão da produção e distribuição do kit anti-homofobia, produzido pelo ministério da Educação para distribuição nas escolas. À época, os parlamentares chegaram a ameaçar adesão à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), movida pela oposição, contra o ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, acusado de súbito enriquecimento.
Quase toda a bancada evangélica, 63 parlamentares, faz parte de partidos da base do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). “Os partidos sabem que não tem como segurar esses deputados. Falou em aborto, descriminalização da maconha ou casamento gay, os evangélicos votam contra. O PSC é base do governo Dilma, mas nem adianta pedir apoio nessas questões”, observa o vice-presidente do PSC, pastor Everaldo Pereira.
Para o segundo semestre, os evangélicos devem, novamente na esteira de atuação dos adeptos da Assembleia de Deus, encampar duas pautas. Uma é a elaboração de versão “alternativa” ao projeto de Lei 122, sob relatoria da senadora Marta Suplicy (PT -SP), que criminaliza a homofobia:”Queremos que o empregador possa estabelecer critérios para não contratar alguém. Inclusive por diferenças de religião ou opção sexual”, afirma Fonseca, e continua: “Se você não quiser me contratar por eu ser pastor, tudo bem. Mas quero ter o direito de, caso eu tenha uma empresa só com homens, não contratar gay”.
A outra é promover um plebiscito nacional que substitua a aprovação do Supremo Tribunal Federal, que julgou constitucional a união civil entre pessoas do mesmo sexo. A reivindicação dos deputados evangélicos ganhou fôlego e substância após a divulgação, na semana passada, de pesquisa do instituto Ibope Inteligência, que revelou que 55% dos brasileiros são contra a união estável para casais homossexuais. O percentual de contrários sobe para 77% entre evangélicos.
Por ora, os assembleianos se dizem satisfeitos com a presidente Dilma: “Ela não nos ‘peitou’ quando fomos pra cima, no caso do kit gay. Então está bom”, diz Fonseca. “Agora, precisa nos receber. Passaram-se seis meses e a gente só conversa com o Gilberto Carvalho [ministro da Secretaria-Geral da presidência]“, observa o pastor Everaldo.
Rondônia é o Estado que abriga mais parlamentares ligados à AD, em termos absolutos e proporcionais: três de seus oito deputados federais pertencem à igreja. O PSC, com oito deputados, é o partido preferencial. Na sequência, aparece o PR, com quatro deputados – a sigla tem em suas fileiras muitos evangélicos, mas a maioria é de presbiterianos, como o deputado federal Anthony Garotinho (RJ).
Essencialmente, os parlamentares da AD recorrem a três estratégias na hora de arrecadar fundos para a campanha eleitoral: doações em quantias menores, vindas de simpatizantes; empenho de recursos próprios; ou doações dos próprios partidos, um recurso para escamotear recursos vindos de empresas. Um dirigente partidário, sob a condição do anonimato, explica: “Tem muito preconceito contra o evangélico. Então, as empresas ajudam, mas preferem não serem vinculadas diretamente ao candidato. Doam para o partido e a gente repassa”.
Destaca-se entre os recebedores de pequenas quantias o deputado federal Paulo Freire (PR-SP), filho do pastor José Wellington: das 350 doações que recebeu na campanha de 2010, 304 eram em valores de até R$ 400, segundo sua prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral. Zé Vieira (PR-MA) foi quem mais empenhou dinheiro do próprio bolso, nada menos que R$ 310 mil dos R$ 333 mil de sua receita.
O campeão em recebimento de repasses partidários foi o deputado federal Filipe Pereira (PSC-RJ). Dos R$ 3,2 milhões que recebeu, R$ 9 mil foram doados pelo presidente regional do PMDB no Rio, Jorge Picciani. O resto veio do PSC. Foi também o maior arrecadador do grupo, cuja média de receita nas eleições foi de R$ 575,2 mil.

Comentários

Adamires Costa disse…
Parabéns Daniel eu já o Seguia pelo Wordpress, vejo que esta dominando bem a plataforma blogger. abraços de Adamires Costa