Líbia: Estaria a Al-Qaeda no comando da batalha por Trípoli?

Por Gianni Carta
Da Carta Capital

Abdelhakim Belhaj, o líder militar dos rebeldes na batalha por Trípoli, seria o principal fundador do Grupo Islâmico de Combate (GIC). É o que diz o diário Libération. ‘’O grupo ultra-radical líbio possuía, antes dos ataques de 11 de setembro, dois campos de treinamento no Afeganistão’’, lê-se na edição do diário francês de sexta-feira 26.
A CIA, que o conhece como Abu Abdallah Al-Sadek, o prendeu em 2003 e o entregou ao regime de Muammar Kaddafi. O líder do GIC teria sido colocado em liberdade quando renunciou à guerra santa. Ou pelo menos é isso que ele dizia à época.

Na verdade, não causa grande surpresa a notícia de que ex ou atuais membros da Al-Qaeda infiltraram o Conselho Nacional de Transição (CNT). Criado em 5 de março, escassas semanas após o início da revolta, o CNT é um saco de gatos. As identidades da maioria dos cerca de 40 integrantes do Conselho permanecem desconhecidas.
Outros mistérios rondam o CNT. Por exemplo, quem assassinou, em 28 de julho, o general Yunes? O militar, vale exprimir, serviu o regime de Kaddafi antes de aderir ao movimento dos rebeldes. Logo tornou-se o comandante dos insurgentes.
Por sua vez, o presidente do CNT, Mustafa Abdeljalil, é considerado um homem ‘’honesto’’ por Ocidentais como Bernard Henry-Lévy. Foi o midiático filósofo francês quem, em plena guerra na Líbia, telefonou para Nicolas Sarkozy e convenceu o presidente a reconhecer o CNT. Sarko, que atravessava (e atravessa) um período de baixa popularidade, viu na sugestão a possibilidade de ganhar alguns pontos nas pesquisas de opinião pública. Assim, a França tornou-se o primeiro país a reconhecer o CNT. Atualmente fazem parte da lista 34 países.
Pequeno detalhe: o presidente do CNT foi ministro da Justiça de Kaddafi a partir de 2007.
Dizem que Abdeljalil confrontou os potentes serviços de segurança quando quis colocar em liberdade os detidos de uma prisão onde a tortura e mortes eram rotina. No entanto, pouco se sabe sobre o desfecho da contenda entre o ministro e os agentes secretos.
A questão-mor, contudo, é esta: poderia um ex-ministro de Kaddafi se tornar presidente de um governo de transição na Líbia? Tudo dependerá do tipo de governo que terá o país.

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