Líbia: ONU negou-se a negociar com Gaddafi

Do UOL

O enviado especial da ONU para a Líbia, Abdel Ilah Jatib, revelou nesta terça-feira que o regime do ditador Muammar Gaddafi havia solicitado na última semana sua intervenção para negociar com as forças rebeldes uma solução para a crise vivida no país.

"Poucos dias antes do ataque dos rebeldes contra Trípoli, autoridades líbias me solicitaram uma intervenção na ONU", declarou Jatib, ex-ministro jordaniano das Relações Exteriores ao jornal oficial Ad Destur.

"Respondi que como mediador buscava o que era aceitável para o outro lado. E o outro lado se nega a negociar qualquer coisa antes da saída de Muamar Kadhafi", completou.

"Os rebeldes foram muito claros: não querem negociar antes de Kadhafi ir embora", disse Jatib.

"Os dirigentes líbios interpretaram mal e subestimaram a posição internacional, pensando que com o tempo a mesma perderia força ou mudaria", destacou Jatib, antes de afirmar que sua missão está perto do fim.

Filho de Gaddafi

Na madrugada desta terça-feira (noite de segunda em Brasília), Seif al-Islam, influente filho do ditador Muamar Gaddafi, reapareceu em público para desmentir sua prisão e afirmar que seu pai continua em Trípoli, apesar do aparente avanço das forças rebeldes na capital do país.

"Estou aqui para desmentir as mentiras", declarou Seif al-Islam aos jornalistas estrangeiros no perímetro de Bab al-Aziziya, o complexo residencial do pai, em referência ao anúncio de sua detenção.

"Nós quebramos a espinha dos rebeldes. Era uma armadilha. Nós os fizemos passar por maus bocados, então estamos ganhando", disse Seif, cercado por dezenas de simpatizantes.

Questionado se seu pai continua a salvo na capital, Saif al Islam --tido por muitos como potencial sucessor do líder líbio-- respondeu de maneira curta: "é claro".

Seif al-Islam afirmou ainda que as forças leais ao regime infligiram "elevadas perdas hoje (segunda-feira) aos rebeldes que assaltavam" a residência-quartel de Bab al-Aziziya.

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), o argentino Luis Moreno Ocampo, havia confirmado horas antes que recebera informações confidenciais segundo as quais Seif al-Islam, objeto de uma ordem de prisão da corte por crimes contra a humanidade cometidos na Líbia, havia sido detido pelos rebeldes.

O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafah Abdel Jalil, também afirmara ter recebido informações seguras sobre a detenção de Seif al-Islam.

Mohamed Kadhafi, outro filho do ditador que também teve a prisão anunciada no domingo pelos rebeldes, conseguiu escapar, de acordo com fontes rebeldes em Benghazi.

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