McAfee revela série de ciberataques contra governos e ONU. Suspeita recai sobre a China

Ontem acessei o Google Maps em minha casa, do meu MacBook.  Quando cliquei para mostrar local, o site localizou, como se fosse um GPS (igual ao GPS do Maps no iPhone), minha casa.  
Ao entrar em redes diversas, inclusive escrevendo este blog no sistema do Google, cedo informações sobre mim - quase 100 % delas.  O Google sabe tudo sobre mim.  Invade, porque cedo o acesso, informações dos mais diversos graus de confidencialidade e sigilo.  
Panóptico total.


As grandes organizações e governos se preocupam com ataques - provavelmente da China.  Eu me preocupo com vigilantismo de redes ou empresas como o Google sobre mim.  E ainda há quem defenda que o panóptico ainda exerça seu poder de forma mais intensa, ao mesmo tempo em que age de maneira mais e melhor escamoteada. 


Do UOL:

A empresa privada de segurança McAfee afirma ter descoberto a maior série de ciberataques da história, envolvendo a infiltração na rede de 72 organizações, incluindo a ONU, governos e companhias em todo o mundo.

A descoberta foi feita pelos especialistas em segurança da McAfee, que disse haver um "ator estatal" por trás dos ataques, que ocorreram em um período de cinco anos.

A empresa não quis dizer de qual país falava, mas um especialista ligado à investigalção afirmou em anonimato que as evidências apontam para a China.
A longa lista de vítimas dos ataques inclui os governos dos Estados Unidos, Taiwan, Índia, Coreia do Sul, Vietnã e Canadá; além da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês), o Comitê Olímpico Internacional, a Agência Mundial Antidoping e uma série de companhias privadas, do setor de defesa ao de alta tecnologia.

No caso das Nações Unidas, os piratas virtuais invadiram o sistema de computadores da secretaria em Genebra em 2008. Eles passaram então dois anos acessando informações secretas, segundo a McAfee.

"Mesmo nós ficamos surpresos pela enorme diversidade das organizações atacadas e nós ficamos chocados com a audácia dos piratas virtuais", disse o vice-presidente de pesquisa de ameaças da McAfee, Dmitri Alperovitch, em um relatório de 14 páginas divulgado nesta quarta-feira.

"O que está acontecendo com toda esta informação [...] ainda é uma questão aberta. Contudo, mesmo uma fração dela é usada para construir produtos mais competitivos ou derrotar rivais em negócios cruciais (já que roubaram os documentos da outra equipe), a perda representa uma ameaça massiva econômica", disse.

McAfee disse ter descoberto a extensão da campanha de ciberataques em março deste ano, quando seus pesquisadores descobriram evidências dos ataques enquanto revisavam o conteúdo de um servidor "comando e controle" que eles descobriram em 2009, como parte de uma investigação de brechas de segurança em empresas de defesa.

A empresa chamou os ataques de "Operação nas Sombras RAT" --sigla em inglês para ferramenta de acesso remoto, um tipo de software que piratas virtuais e especialistas em segurança usam para acessar redes de computadores à distância.

Alguns dos ataques duraram apenas um mês, mas o mais longo se manteve por 28 meses e foi contra o Comitê Olímpico de uma nação asiática não identificada, segundo a McAfee.

"As empresas e agências do governo estão sendo atacadas todos os dias. Elas estão perdendo vantagem econômica e segredos nacionais para competidores inescrupulosos", disse Alperovitch à agência de notícias Reuters.

"Esta é a maior transferência de riqueza em termos de propriedade intelectual da história", disse o vice-presidente. "A escala em que isto está acontecendo é realmente, realmente assustadora".

CONEXÃO COM A CHINA

Alperovitch disse que a McAfee notificou todas as 72 vítimas dos ataques, que estão sob investigação das agências responsáveis ao redor do mundo. Ele se recusou a dar mais detalhes.

Jim Lewis, um especialista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, recebeu as informações dos ataques da McAfee e disse que é muito provável que a China seja o tal "ator estatal" por trás do ataque --já que alguns dos alvos têm informações consideradas cruciais para Pequim.

Por exemplo, o COI e vários comitês olímpicos nacionais foram invadidos na época dos Jogos Olímpicos de 2008. Outra evidência seria o ataque contra Taiwan, cuja independência não é reconhecida pela China.

"Tudo aponta para a China", disse Lewis.

Vijay Mukhi, especialistas em internet baseado na Índia, também aposta na China como a responsável pelos ataques.

Ele diz que alguns governos asiáticos atacados, incluindo a Índia, são altamente vulneráveis à invasão da China --que tenta ampliar sua influência na região.

"Eu não ficaria surpreso porque isso é o que a China faz. Eles estão gradualmente dominando o mundo cibernético", disse.

McAfee, comprada pela Intel Corp neste ano, não quis comentar se a China foi a responsável.

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