Os fatos do fim de semana e uma necessária Ley de Medios.

Três fatos tiveram destaque este fim de semana.  Todos mais ou menos relacionados.  Todos mais ou menos indicadores de que há algo que ainda precisa ser feito de muito profundo rumo a uma mais intensa democratização da informação.
Na sexta-feira, o Escrevinhador Rodrigo Vianna publicou texto em que relata a ligação de um colega de redação da Globo informando que a ordem agora é partir para cima do novo ministro da Defesa, Celso Amorim.  O texto circulou por toda blogosfera progressista.  A denúncia era séria e, como tal, merecia ser repercutida.  No Google, agora, aparecem mais de 17.600 resultados para o título do post!

Amanheci o dia, ontem, entusiasmado - tinha cada vez mais certeza, a julgar pelas reações emitidas pela mídia e pela direita - de que a escolha de Amorim era precisa e que, mais que isso, é um sinal interessante do governo para retorno ou ajuste mais à esquerda de suas práticas.  Ainda é cedo, mas já é alvissareiro.  E se a Globo se preocupava com isso, mais um motivo para se animar.
Em reação à denúncia de Vianna, a Globo divulgou no sábado um volume de princípios editoriais - cujo conteúdo falacioso já foi amplamente denunciado em posts como esse aqui, esse aqui ou esse aqui.  Não há qualquer dúvida de que a única causa viável para essa publicação foi a denúncia do Escrevinhador.  Como disse a Maria Frô, isso prova que o clima realmente não anda bom na Globo.  E mais: confirmam a seriedade do que disse Rodrigo Vianna e foi tão amplamente repercutido.  Não era apenas um, mas milhares.  É claro que relacionado a isso está também o que se refere a Jorge Pontual e que foi publicado aqui.
A última notícia a chamar a atenção diz respeito ao vazamento do pendrive do delegado Protógenes Queiroz relativo à Operação Satiagraha - aqui não importando se o conteúdo foi hackeado ou vazado, como discute o Stanley Burburin.  Dúvido que alguém já tenha conseguido acessar todo o conteúdo, mas ficam claras, em muitos trechos, as provas das relações um tanto promíscuas estabelecidas entre Daniel Dantas e diversos veículos e jornalistas da grande imprensa brasileira.  Em particular, um trecho de gravações trata da compra de matéria paga pelo Opportunity na Folha de S. Paulo.  Não há novidade em se vender espaço publicitário - sem assim definí-lo graficamente - nos jornais brasileiros.  A novidade aqui é outra: jornalistas sendo lobistas de criminoso (com provas documentadas) e a o maior jornal do país - não qualquer jornaleco das pontas de nossas esquinas - vendendo espaço para esse criminoso.  Como será possível a esse jornal tratar com isenção matérias ou investigações relativas à Satiagraha, se recebe recurso de uma das principais partes interessadas?  O teor, o vigor, a intencionalidade e a ideologia do que se diz ou dirá estão definidas pelo dinheiro posto no bolso dos Frias por Daniel Dantas.
Nassif pode exultar hoje de que boa parte do que denunciou foi provado pelos vazamentos.  Especialmente a relação promíscua entre Diogo Mainardi (por que saiu do país?) e Dantas.
Se sobra algumas coisa disso tudo é nossa necessidade nos mantermos atentos na blogosfera para a desconstrução de todas as falácias.  Mais importante:  tudo isso prova que uma Ley de Medios talvez seja a única coisa que possa salvar a nossa democracia.

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