Polícia que mata: 'Nos humilharam por 40 minutos', diz rapaz de vídeo

Da Folha de São Paulo


O vídeo foi publicado na Folha.com às 18h10 da quarta. Imediatamente, centenas de leitores começaram a comentar a atuação dos PMs. Até ontem, já havia 1.780 mensagens sobre o caso.A maior parte dos leitores defende a conduta dos policiais militares no episódio.
"Ficamos uns 40 minutos ali no chão, caídos, esperando ser levados para o hospital. Alguns dos policiais pisaram na minha cara. Tomei seis tiros e sangrava bastante. E eles riam sem parar."
A descrição é do borracheiro Diego Arruda Ramos, 20. Vestindo blusa amarela, é ele quem aparece em um vídeo gravado por PMs no qual dois homens cobertos de sangue são xingados e ameaçados. As imagens foram reveladas quarta-feira pela Folha.com.
Encontrado pela reportagem ontem na periferia da zona leste paulistana, Ramos aparece nas cenas ao lado do tio Tiago Silva de Oliveira. "Estrebucha!" foi uma das frases ditas por PMs enquanto Oliveira agonizava no chão.
A dupla havia acabado de roubar uma metalúrgica.
Na fuga, os dois foram baleados por um guarda-civil.
Ferido por um tiro na cabeça, Oliveira morreu depois de três dias. Ramos tomou seis tiros e, após um mês internado, voltou para casa.
"Foram momentos de pânico. Um dos PMs disse que eu ia morrer a caminho do hospital. Agora, tenho medo de ser morto por vingança."
Ele afirma que não tem condições de reconhecer os policiais que o humilharam.
A PM informou que a acusação de Ramos sobre os 40 minutos à espera de socorro é investigada. O comandante da corporação, Álvaro Camilo, pediu desculpa a familiares de Oliveira e disse que o caso é apurado com "rigor".
Ontem, a Corregedoria da PM interrogou os dez policias que estiveram no local onde a dupla aguardava socorro. Todos os PMs estão detidos.
A intenção dos investigadores é descobrir qual dos dez gravou o vídeo e por qual motivo. A Corregedoria trabalha com a informação segundo a qual a filha de um deles pode ter vazado as imagens.
Questionado ontem sobre o caso, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que os responsáveis serão punidos.
"Aquilo é um ato criminoso, criminoso. Estamos verificando se isso era de conhecimento da polícia para sua apuração. E vão ser rigorosamente punidos", afirmou.

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