Um passo para a democracia na ciência brasileira

Esta semana entrou no ar o site da Comissão do Futuro, liderada pelo neurocientista Miguel Nicolelis. Na verdade, não é um site no sentido estrito do termo, mas seu funcionamento se assemelha ao formato de rede social - um fórum livre e aberto para a discussão de temas necessários à ciência no país.

A configuração do site é que mais me chamou a atenção pela forma franca e democrática como se propõe ao debate. Debate franco que diversos atores sociais, especialmente em Natal, poderiam aceitar. Afinal a crítica ao posicionamento político de Nicolelis evoluiu rapidamente aqui em Natal a questionamentos à ciência que ele produz. Sendo assim, nada melhor a esses críticos do seu modo de fazer ciência, de seus métodos e dos seus resultados do que tornar públicos os questionamentos em um ambiente de fórum e rede social - em que tanto as suas críticas quanto as posturas do neurocientista poderiam ser postos à prova de um crivo ainda mais amplo que a nossa academia. 

Aqueles que afirmam que a pesquisa do brasileiro é atrasada em relação a de outros cientistas.  Aqueles que dizem que Nicolelis costuma ser preterido pela Nobel Foundation.  Aqueles que nunca produziram nenhuma pesquisa científica sequer em sua área e quer dizer algo sobre a pesquisa dos outros - sua necessidade de sigilo, a publicização, a produtividade.  Enfim.

Tenho a impressão que não teriam coragem para assumir tal postura. Porque me parece que a formatação científica de seu discurso serve para ocultar apenas os interesses políticos e ideológicos que estão por trás. Se seu interesse fosse o conhecimento ou a ciência teríamos a oportunidade de acompanhar tremendos debates na rede social da Comissão do Futuro. Mas ninguém quer brincar de se levar a sério nessas questões.

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