Operação Hefesto: Protásio reage às críticas de Enildo


O vereador Júlio Protásio (PSB) reagiu às declarações do também vereador Enildo Alves (sem partido), que em entrevista a uma emissora de rádio local, ontem à noite, o acusou de persegui-lo, juntamente com o promotor José Augusto Peres. “Enildo age com truculência para tentar desqualificar a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público”, retrucou o socialista.Líder da bancada de apoio da prefeita Micarla de Sousa (PV) na Câmara Municipal, Enildo é um dos investigados da Operação Hefesto, deflagrada na última quarta-feira (14) pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Estadual. O processo apura a suposta existência de um cartel pelo Sindipostos para controlar o preço do combustível em Natal. O gabinete do vereador foi um dos nove locais onde a PF e o MP cumpriram mandados de busca e apreensão.

Para Júlio Protásio, Enildo estaria tentando se fazer de “vítima”. “Essa operação está sendo feita pela Polícia Federal, Ministério Público e Secretaria do Direito Econômico do Ministério da Justiça, que estão investigando a formação de cartel na venda dos combustíveis em Natal. Enildo omitiu que a Polícia Federal tem várias fotografias dele em reuniões secretas com os dirigentes do Sindipostos, mostrando que ele estava articulando para derrubar a lei dos postos [de autoria] do vereador Raniere Barbosa [PRB]”.

Protásio confirmou que prestou depoimento duas vezes na sede da Polícia Federal. Ele não deu detalhes sobre o conteúdo dos depoimentos, limitando-se a contar que prestou informações sobre a “proximidade” entre alguns edis e dirigentes do Sindipostos. “Fui convidado para depor duas vezes. Estou contribuindo com as investigações, porque isso é importantíssimo para Natal. Pela primeira vez estamos atacando o cartel dos combustíveis. Enildo está desequilibrado”, disparou.

As críticas a Enildo, porém, não pararam por aí. Júlio disse que o vereador, “como sempre, parecer acreditar que o mundo gira em torno do umbigo dele”. O peessebista criticou o fato do líder da prefeita ter ido tratar de política ontem à noite quando a cidade enfrentava uma onda de ataques a ônibus e um incêndio destruía um prédio no bairro do Tirol. “Ele é insensível”, comentou Protásio.

Em tom de alerta, Júlio recorreu a um ditado popular para dizer que a Polícia Federal poderá revelar a existência de “coisas ilícitas” envolvendo essa questão dos combustíveis. “O pau que bate em Chico, bate em Francisco. Se houve interesse econômico e coisas ilícitas [na votação que culminou com a derrubada da lei dos postos], envolvendo qualquer vereador, com certeza será revelado pela Polícia Federal”.

Propina

Protásio disse não saber se algum vereador recebeu propina do Sindipostos para votar contra o projeto que permitia a instalação de postos de combustíveis em supermercados, mas observou que, se houve esse expediente, “vai aparecer”.

“Esse nem é o objeto da investigação, que apura somente a existência do cartel. Mas foram feitas várias buscas e apreensões e, se houve isso [pagamento de propina], vai aparecer”, ponderou.

Júlio também rechaçou as suspeitas levantadas por Enildo sobre sua atuação como relator da CEI dos Contratos – Comissão Especial de Inquérito que investiga supostas irregularidades nos convênios da Prefeitura de Natal. O líder da prefeita disse que Protásio estaria querendo “emparedar” Micarla de Sousa.

“A máscara de Enildo está caindo para a sociedade. Ele quer enterrar a CEI, porque sabe que eu não sou manobrado. Faço um trabalho técnico, sério e isento. Não fui designado relator por ele, pelo governo nem pela oposição”, sublinhou.

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