Um colapso mundial [das redes]

Por Ethevaldo Siqueira
No Estadão

“As redes mundiais de banda larga poderão entrar em congestionamento incontrolável e até em colapso, até 2015, se governos, agências reguladoras, operadoras de telecomunicações, provedores de serviço, produtores de conteúdo não estabelecerem novos padrões de regulamentação. Este tem sido nosso apelo, mas sem muito eco entre esses players.”

Essa advertência dramática é do secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Hamadoun Touré, em entrevista concedida ontem em São Paulo, logo após sua palestra no evento Futurecom.
“Minha esperança é que, na reunião mundial dos delegados dos 193 países associados da UIT, a ser realizada em novembro de 2012, em Dubai, consigamos convencer a todos ou, pelo menos, à maioria, da gravidade dos riscos que nos ameaçam a todos.”
A UIT é a agência especializada das Nações Unidas, responsável pelas regras do uso das telecomunicações, regulação de frequências e de serviços para todos os países. No caso dos riscos de colapso das redes, o grande problema para a UIT tem sido a dificuldade de sensibilizar os muitos atores envolvidos nesse processo de convergência tecnológica e de serviços.
Segundo Touré, o último regulamento internacional do uso de redes é de 1988 e já se tornou totalmente obsoleto, com a digitalização da telefonia, a chegada da internet e, em especial, com o advento da banda larga.
O crescimento explosivo das redes móveis, que já alcançam mais de 5 bilhões de usuários de telefones celulares, a expansão acelerada dos smartphones e dos tablets e, num futuro próximo, do número de dispositivos de comunicação máquina-máquina, com a predominância de conteúdos de vídeo, tudo isso poderá levar as redes mundiais a um verdadeiro colapso, prevê Touré.
Não é a primeira vez que um especialista respeitado mundialmente faz esse tipo de advertência. Nenhum deles, entretanto, com tantos argumentos técnicos e, em nome de uma entidade com a credibilidade e respeito mundial da UIT.

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