A revolução da neurociência em texto (mal) copiado por @alexmedeiros59



Alex Medeiros publicou este texto de Veja com o objetivo de tentar desqualificar a pesquisa do neurocientista Miguel Nicolelis, capa da Nature na semana passada.

A Veja publica notícia sobre experiência financiada pela DARPA (instituição por trás do desenvolvimento da Internet, nos anos 60) e divulgada em Pittsburg. Nela, um paciente tetraplégico, Tim Hemmes, teve um chip implantado no cérebro e pôde movimentar um braço mecânico.

Quem tem o mínimo de conhecimento do campo científico sabe que não se faz pesquisa isolada e que ineditismo científico significa algo bem diferente do que se costuma achar o jornalismo e o senso comum.

Evidentemente que Belle, macaca-da-noite que movimentou um braço a partir de um implante em um grupo de noventa neurônios, em experiência realizada por Nicolelis em 99, tem a ver com o fato de Tim Hemmes poder mexer um braço mecânico hoje. Belle foi, segundo o Estadão, a primeira criatura a controlar objetos tangíveis, a longa distância, com a mente.  Ciência se faz assim.

Quando o resultado da pesquisa foi mostrado no Jornal Nacional de ontem, falei que as pessoas que não perceberam que a diferença na pesquisa que foi capa da Nature é que Nicolelis foi capaz de fazer o sujeito ter a sensação do tato – sem a qual é impossível uma neuro-prótese possibilitar a um tetraplégico voltar a andar.

O problema é que no afã de atacar Nicolelis, Alex fez um CTRL-C CTRL-V da Veja mal-feito, o que deixou o texto contraditório. Não é de surpreender, já que foi ele quem usou a morte de Steve Jobs para atacar o neurocientista de quem se coloca como adversário. O texto da Veja diz:

Os cientistas da Universidade de Pittsburgh estão treinando outros tetraplégicos para usarem o braço de formas mais sofisticadas. É possível que, no futuro, além de mover o braço robótico, os pacientes consigam sentir o que o membro mecânico está tocando.
Na quarta-feira (5), a equipe do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis divulgou um estudo que recriou a sensação do toque em macacos por meio de um chip cerebral quando eles moviam um braço virtual na tela do computador.

Alex foi além e gerou sua contradição.

A experiência em Pittsburgh foi muito mais longe que isso, fazendo o paciente não apenas sentir a sensação do toque, mas movendo o próprio braço robótico com uma ordem do cérebro, ou seja, com o pensamento.

Ou seja, no texto original da Veja fica claro que o tato é uma possibilidade futura para os membros mecânicos. Alex, que manteve esse trecho em seu texto, foi além ao dizer que a experiência fez o paciente não apenas sentir a sensação do toque.

Sem mais, espero que ele retorne das férias com o texto mais afiado.  E dando crédito aos textos que publica.  Afinal, não há referência em seu post que ele foi copiado do site de Veja.

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