Solonei: De catador de lixo à campeão panamericano



Da Folha de São Paulo

A última medalha do Brasil no Pan foi de ouro e dedicada aos coletores de lixo do país. O título na maratona, quarto consecutivo de brasileiros nos Jogos, consagrou um atleta de 29 anos que treina há apenas dois.
A terceira maratona da curta carreira de Solonei Rocha da Silva foi em Guadalajara. Devido ao clima seco, à altitude (1.500 m) e à alta temperatura, ele obteve seu pior tempo (2h16min37). Em abril, na Itália, fez 2h11min32.
O índice para Londres-2012 é 2h15min e só passou a valer a partir de setembro.
"Não vim em busca de tempo, vim em busca de medalha. Mas acredito que vou conseguir índice para Londres", declarou Solonei.
Antes de ser coletor de lixo por um ano e sete meses, o paulista de Penápolis foi servente de pedreiro, de pintor, trabalhou em curtume e em outros "bicos" sem registro.
Em 2009, quando chegava a correr até 25 km por dia atrás do caminhão da coleta de lixo por cerca de três horas, passou a fazer provas de rua "para tentar ganhar R$ 100 aqui, R$ 200 ali".
Foi visto pelo médico da extinta equipe Rede Atletismo Mauro Moreira, que o levou para um teste com o técnico Clodoaldo Carmo.
Desde setembro de 2009, estão treinando juntos.
"Ele falou que buscou a vida inteira uma oportunidade como esta. É louvável o que o Solonei fez. Foi humilde para aproveitar as chances que teve", lembrou o treinador.
Hoje, Solonei treina e recebe salário do clube Pinheiros.
Conseguiu terminar o segundo grau em um supletivo e vai prestar vestibular para Educação Física neste ano.
"Todo mundo sabe de onde vim. Tenho orgulho de ter sido coletor, sempre vou dizer isso", afirmou. "Hoje [ontem], os coletores ganharam o ouro", declarou Solonei.
A prata e o bronze ficaram com os colombianos Diego Colorado e Juan Carlos Cardona, respectivamente.
O ouro da maratona coroou a melhor campanha do atletismo brasileiro na história dos Jogos (dez ouros, seis pratas e sete bronzes). No total, 23 medalhas como no Rio-2007, mas com um ouro a mais.

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