Do Blog do Miro
Além do cinegrafista da Band, outros quatro homens morreram durante o tiroteio e seis foram presos. Segundo a nota oficial PM, o objetivo da operação em Antares, que reuniu cem policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque, “era checar informações da área de Inteligência de que líderes do tráfico fortemente armados se reuniam no local”.
Profissão perigosa
O assassinato de Gelson Domingos deve reacender o debate sobre a perigosa profissão das equipes jornalísticas na cobertura da violência urbana. A direção do Grupo Bandeirantes emitiu nota lacônica sobre a morte – “o repórter cinematográfico foi atingido no peito em pleno exercício de sua profissão” –, evitando entrar no mérito sobre as causas do trágico episódio.
Já o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro responsabilizou a Band pela tragédia. Em entrevista à Agência Brasil, a presidenta da entidade, Suzana Blass, afirmou que a morte do cinegrafista “foi uma tragédia anunciada”. Ela informou ainda que o sindicato deverá recorrer à Justiça para obrigar a empresa de comunicação a amparar a família de Gelson Domingos.
A busca insana por audiência
Para Suzana, na busca por audiência, as empresas colocam em risco a vida dos funcionários. “O colete é uma maquiagem. Ele não oferece segurança ao profissional porque não protege contra tiros de fuzil, arma mais usada pelos bandidos e a polícia no Rio. E as emissoras só dão o colete porque a convenção coletiva estabeleceu que o equipamento é obrigatório nas coberturas de risco”.
O sindicato já propôs às empresas a criação de uma comissão de segurança para acompanhar o trabalho jornalístico em situações de risco, mas que a proposta não foi aceita. “Sabemos que as condições oferecidas são precárias, mas as empresas alegam que a comissão seria uma ingerência no trabalho delas e que iriam sugerir outro formato, mas até agora nada ofereceram”.
Precarização e insegurança no trabalho
“Também já pedimos que as empresas fizessem um seguro diferenciado para as coberturas de risco, mas elas responderam que já protegem seus funcionários e classificaram a proposta do sindicato como uma interferência em seu trabalho”, acrescenta Suzana. Ela ainda aponta que as empresas contratam operadores de câmera externa para exercer a função de repórter cinematográfico, porque os salários são menores, o que acarreta prejuízos no resultado do trabalho.
Gelson Domingos tinha 46 anos. No ano passado, ele e o repórter Paulo Garritano ganharam menção honrosa na 32ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV Documentário, com a série sobre pistolagem no Nordeste, exibida no programa Caminhos da Reportagem, na TV Brasil.
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