#ForaMicarla: "Há uma preocupação do povo para fazer Natal vencer esse tempo de destruição e atraso"

De O Poti

Pré-candidato a Prefeito de Natal, o presidente estadual do PDT, Carlos Eduardo Alves, declarou, em entrevista a O Poti/Diário de Natal, que não aceitou o convite do deputado federal Henrique Eduardo e do ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho, para retornar ao PMDB porque essa seria, segundo ele, uma atitude oportunista. "Eu me recuso a ser oportunista, fisiológico e adesista. Em termos de estrutura para minha candidatura, seria melhor o PMDB. Mas acontece que eu simplesmente achei que isso seria um oportunismo e não fui. O que eu queria era uma aliança com o PMDB", afirmou. O pedetista adiantou que articula a união do grupo de partidos opositores à prefeita Micarla de Sousa (PV) e à governadora Rosalba Ciarlini (DEM) já no primeiro turno da disputa do próximo ano. Para Carlos Eduardo, o racha da oposição facilitaria os planos do grupo que apoia o governo DEM. "A oposição que perdeu as eleições de 2008 e 2010 ainda no primeiro turno, agora se encontra dividida. Se não houver união e perder mais umafração de sua base no segundo turno, ficará muito complicado para 2014". O pré-candidato do PDT frisou que priorizará a aliança com os partidos da base do governo federal. Ele disse que só se abrirá para outros partidos se o grupo não chegar a um denominador comum.
Por que o senhor andou afastado recentemente dos holofotes da disputa do ano que vem?

Eu passei de 40 a 50 dias me tratando de um problema de saúde, que está vencido, e voltei à minha atividade normal, que é política. Tenho feito quase todos os dias visitas aos bairros. Estou criando os núcleos do partido e conversando com a comunidade. As visitas são em casas, associações e instituições. Estou tendo o contato direto com a população. Dessa forma, estamos preparando o partido para as eleições do ano que vem.

O senhor vem conversando com os aliados para angariar apoio?

O partido, de forma institucional, tem conversado com partidos aliados. Temos diálogo com o PSB, de Wilma, o PRB, o PT, o PCdoB, dentre outras legendas. O partido está dialogando, se movimentando e a nossa pré-candidatura está na rua.

Os partidos de oposição à prefeita Micarla de Sousa (PV) e à governadora Rosalba Ciarlini (DEM) caminham hoje para lançar uma única candidatura ou iniciar o primeiro turno com múltiplos candidatos?

O quadro atual indica que a oposição está dividida na capital. Tem a nossa pré-candidatura, a do deputado Fernando Mineiro, pelo PT, e a da ex-governadora Wilma de Faria, pelo PSB. Isso não é bom para a oposição. Até porque o governo já tem sua aliança feita para 2014 e com candidaturas de conhecimento público, com a governadora Rosalba Ciarlini concorrendo à reeleição e o deputado federal Henrique Eduardo sendo indicado pelo PMDB para concorrer ao Senado. O vice ficaria com os outros partidos aliados deles, como PR e PMN. A oposição hoje está desunida e enfraquecida porque tem o mesmo projeto. Isso dificulta para 2012 e dificulta mais ainda para 2014.

Então o senhor prega que a oposição forme uma aliança para a prefeitura de Natal em 2012 que sirva como base para o projeto político do grupo para 2014?

Se isso for possível, deve acontecer. O PDT trabalha para que a gente possa se unir a partir da eleição de 2012. Se mantivermos esse quadro de desunião, quem vai gostar disso é o governo, que terá mais chances de disputar a prefeitura da capital. Se por acaso forem dois candidatos da oposição para o segundo turno, um deles fatalmente receberá o apoio do governo. Isso geraria uma reciprocidade e enfraqueceria o grupo oposicionista. A oposição que perdeu as eleições de 2008 e 2010 ainda no primeiro turno agora se encontra dividida. Se não houver união e perder mais uma fração de sua base no segundo turno, ficará muito complicado para 2014. As conversas estão acontecendo. Há sinalizações de que teremos progresso no intuito de unirmos a oposição para as eleições de 2012. É preciso ver que 2014 tem um quadro totalmente desarrumado. Não há ainda uma alternativa para o governo. Existem possibilidades para o Senado. Eu acredito que se a oposição vencer em Natal unida e em outras cidades de pequeno e médio porte nasce um novo quadro político no Estado, com possibilidades reais para oferecermos uma alternativa viável e competitiva aos eleitores em 2014.

O senhor abriria mão para apoiar um dos pré-candidatos de partidos aliados em nome dessa união?

Eu defendo nossa candidatura respaldado num argumento imbatível. Já foram divulgadas quase 10 pesquisas para o próximo pleito. Até agora, nosso nome vem se mantendo na preferência absoluta do eleitorado. Então, acho que as coligações devem se formar para buscar a vitória. Para isso, tem que lançar o candidato com maiores chances de vencer o pleito. Naturalmente, o PDT se beneficiaria da união das oposições em Natal.

Então o senhor acredita que, dos pré-candidatos da oposição, é o mais forte para o pleito?

Pelas pesquisas. As pesquisas mostram isso. Nosso nome é primeiro lugar absoluto em todas as sondagens. Quando falo absoluto é porque guarda uma considerável distância de quem vem em segundo e de quem vem em terceiro lugar. Então, é dessa forma que o PDT está dentro do cenário político do Rio Grande do Norte. Temos que ter uma estratégia. Não é possível que só o governo saiba fazer estratégias. Eles já estão prontos para 2014. Em 2012, vão só compor situações. É muito positivo para eles ver a oposição se digladiando. Isso deixaria o caminho plano e asfaltado para eles em 2014.

Por que o senhor recusou o convite do deputado federal Henrique Eduardo e do ministro Garibaldi Filho para voltar ao PMDB?

O político geralmente deixa uma legenda por divergências, por discordar de decisões ou de rumos do partido. Isso faz parte da atividade política. Mas o político não pode ser oportunista e fisiológico. Para mim, ficaria difícil essa travessia. Sou presidente do PDT. Tenho a unanimidade do partido. Perdemos as eleições de 2010, mas nos dedicamos em seguida a reestruturar a legenda. Intimamos seis prefeitos, alguns vice-prefeitos e mais de 40 vereadores a deixarem a legenda porque eles não acompanharam o partido em 2010. Depois de organizar a legenda, eu iria deixar o partido para ir pro PMDB só para ser candidato, com mais tempo de televisão e apoios políticos. Para mim, isso seria uma atitude oportunista e fisiológica. Eu me recuso a ser oportunista, fisiológico e adesista. Em termos de estrutura para minha candidatura, seria melhor o PMDB. Mas acontece que eu simplesmente achei que isso seria um oportunismo e não fui. O que eu queria era uma aliança com o PMDB. Quando fui conversar com Henrique e Garibaldi, fiz uma proposta de aliança ao PMDB. Mas eles queriam que eu fosse para o partido. Eu expliquei que isso seria oportunismo, adesismo e frisei que isso não combina comigo. Então isso não logrou êxito.

Hoje, o senhor fala em unir as forças de oposição, e o PMDB costura, como o senhor mesmo frisou, uma aliança com o DEM para 2014. O senhor ainda acredita no apoio do PMDB à sua candidatura a prefeito? Ainda é possível?

Desde que começou o ano, alimentei um desejo muito grande de ter o apoio do PMDB. Se mais adiante, o PMDB quiser nos apoiar, aceitaremos o apoio e a aliança. O PMDB é muito importante no cenário político do Estado. Depois, o partido, em nível nacional, já estabeleceu que a políticade alianças da legenda será prioritariamente aos partidos da base aliada do governo federal. Nesse processo político, o PDT está priorizando as conversas com os aliados nacionais. O PMDB faz parte desse círculo. Nesse processo, não descartamos também aliança com outros partidos que queiram apoiar nossa candidatura.

Existe uma aliança forte do PMDB com o DEM, em nível estadual. Os dois inclusive almejam vetar os planos de ascensão política da ex-governadora Wilma de Faria (PSB). O senhor aceitaria ser o candidato apoiado pela base de Rosalba para derrotar Wilma?

Essa fórmula para mim é novidade. Tenho visto o DEM incentivar a candidatura do deputado federal Rogério Marinho (PSDB). Ultimamente, pelo que tenho lido, tem incentivado a candidatura do deputado federal Felipe Maia (DEM). O PMDB, no caso depois de eu não ter ido, lançou outra pré-candidatura, do deputado estadual Hermano Morais (PMDB). Desconheço essa fórumula para derrotar Wilma.

Em 2008, os partidos também tinham vários pré-candidatos e acabaram polarizando a disputa.

Pois é. Estamos vivendo um processo político. Com certeza, esse processo ainda vai demorar a chegar ao final. Até o final desse processo, acredito que as oposições se unam. Faço fé e trabalho para isso. Mas, se não ocorrer, o quadro pode se alterar e o cenário pode ser outro.

Então o senhor não descarta uma aproximação com o governo?

Não descarto apoio. O único partido com o qual o PDT não admite nenhuma conversa é o PV. Está descartada qualquer possibilidade. É uma decisão do PDT. Fora daí, nesse processo político, repito, estamos conversando tão somente com os partidos de oposição. Mas, se não chegarmos a um denominador comum, não descartamos aliança com partidos políticos que não estejam na base do governo federal.

Ou seja, DEM e PSDB...

É. Não estamos dialogando nem institucionalmente. Nunca tivemos nenhum encontro. Os encontros que tivemos foram voltados para a base aliada. Estamos tentando um denominador comum com a oposição. É muito importante para nós a vitória na eleição de Natal, para, a partir daí, olharmos para 2014 com uma opção, que hoje não existe, para enfrentar o governo Rosalba.

Como anda seu relacionamento com a ex-governadora Wilma de Faria?


Nós sempre tivemos diálogo, muito embora fizesse tempo que eu não me reunisse com ela. Conversei com a ex-governadora recentemente. Fizemos análises da política estadual, mas a conversa não passou disso. Apenas análises e boas intenções.

Por que não há uma aproximação maior entre vocês?


Porque ela é pré-candidata a prefeita e eu também sou pré-candidato. Pretendemos disputar o mesmo cargo. Certamente foi por isso. Mas, a política é dinâmica. Vão aparecendo outros cenários que possibilitam abertura para novas conversas.

Desde 2000, quando o senhor e a ex-governadora Wilma de Faria venceram a disputa pela prefeitura de Natal juntos, os dois conquistaram seguidas vitórias em parceria, como em 2002, em 2004 e em 2006. Quando se separaram, os dois perderam suas respectivas eleições. Seria a hora de unir essa dupla novamente?

Por esseraciocínio, está na hora de unir de novo. Mas, quem vai dizer isso é o processo político. Esse ano de 2011 é o ano em que os partidos estão se fortalecendo e conversando com os mais próximos. O ano que vem será de definições e homologação das candidaturas.

Como senhor avalia a chegada do PSD na oposição?

Eu não estive ainda com o vice-governador Robinson Faria (presidente estadual do PSD). Eu o procurei. Ele está viajando e parece que vai demorar nessa viagem. Por não ter conversado ainda, não sei o que pensa o PSD sobre a posição política. Não sei como o partido vai caminhar na política do Rio Grande do Norte.

Antes de viajar ele anunciou que vai se integrar à oposição.

Ele fez uma boa declaração.

O senhor disse no início que está próximo das comunidades. O que o senhor tem colhido com esses contatos? Quais as reivindicações do povo?

Estou impressionado com as críticas e mais do que isso com a indignação das pessoas. A cidade nunca esteve numa situação tão ruim na sua história. Os serviços básicos estãodeteriorados. Saúde não funciona. Educação não funciona. Essa administração conseguiu acabar. Na Infraestrutura, a cidade está esburacada, suja e não tem um projeto. A prefeitura está com 11 inadimplências. Para completar, é um desastre financeiro. A cidade perdeu a capacidade de investimento. Essa é uma administração que não tem gestão, não tem organização, não tem planejamento e não tem seriedade. O caos está instaurado pelas ruas da cidade. Há uma preocupação do povo para fazer Natal vencer esse tempo de destruição e atraso, para retomar o desenvolvimento. As pessoas antes tinham autoestima de morar em Natal. Viam a cidade crescendo, se desenvolvendo com sustentabilidade. Natal era admirada não só por nós, mas pelos turistas do Brasil e do mundo, que hoje chegam aqui e percebem a situação caótica em que a cidade se encontra.

O que o senhor faria para resolver essa situação?

A gente tem quatro princípios de eficiência da administração pública: organização, gestão, planejamento e seriedade. Na hora que você assume a responsabilidade sem contrariar isso, se coloca em segurança para começar a resolver os problemas. Não podemos falar com mais propriedade hoje porque a receita e a despesa da prefeitura são um grande mistério. Ninguém sabe quanto Natal arrecada e gasta. Falta transparência. O que se sabe é que não existe capacidade de investimento, está inadimplente e isso faz com que a gente veja que temos que chegar e chegando enfrentaremos grandes problemas. Acredito que o que fizemos na primeira gestão deu certo. Por exemplo, afastamos dos setores essenciais as figuras políticas e colocamos técnicos. Todas aquelas funções estritamente técnicas demos aos secretários a liberdade para a indicação de pessoas capacitadas para cada setor. Por isso, Natal nunca viu uma gestão com tantas obras, tantos investimentos, como a nossa. A gente conhece os princípios. É aplicar e fazer uma escolha criteriosa dos secretários, junto também com os partidos aliados. Dessa forma, enfrentar o problema.

A governadora Rosalba Ciarlini disse em Mossoró que foi obrigada a tomar medidas antipáticas contra os servidores nos primeiros meses de gestão. Como o senhor avalia esse início de governo?

A julgar pela propaganda avassaladora com a qual ela incompreensivelmente começou a administração, a gente pode dizer que existem orçamentos e outros orçamentos. Qual a justificativa para tanta propaganda cara em horários nobres no primeiro ano de gestão? Se ela assumiu o mandato prometendo cortar gastos, não deveria fazer esse gasto no primeiro ano. Isso não acalma o funcionário público, que se vê prejudicado no seu salário, mas observa a propaganda maciça na televisão. Essa não é uma medida usual para o primeiro ano de governo. Depois, cadê a redução dos cargos comissionados? Ela dizia que iria cortar 35%, racionalizar o custeio, incorporar secretarias para diminuir o gasto e recuperar a capacidade de investimento do estado e cumprir com os planos de cargos, carreira e salários. Não houve nenhuma mudança radical em relação ao que já vinha acontecendo. O modelo é o mesmo. Pelo que vejo, a capacidade de investimento no ano que vem será menos do que 1%. Então, um governo sem capacidade de investimento vai fazer o que? Por outro lado, o governo ainda não tem uma agenda de desenvolvimento para o Estado. Na visão macro, nota-se que falta uma agenda para o RN. Temos visto um governo com ações circunstanciais e improvisadas. O governo está, negativamente, mais na mídia do que no dia a dia para vencer os problemas do Rio Grande do Norte.

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