Líbia: Tawargha, cidade negra, exterminada


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Tawargha, cidade negra. Cidade de cidadãos líbios, emigrados, sobreviventes, herdeiros, nascidos, adaptados. Fugidos da África da miséria. Cidadãos, trabalhadores, acolhidos, protagonistas de uma nova vida. 40 mil. Prova viva da unidade da África, negra, árabe, beduína, multicolor.

Hoje não existe mais. Exterminada, queimada, destruida pela fúria da Otan. Pelo fascismo colonialista. Pela barbárie, pelo racismo exacerbado, pelo ódio dos colonizadores, dos inocentes úteis, dos iludidos do liberal-fascismo entusiasmados com o sangue e a fúria do neoimperialismo.Racismo ao estado puro. Justificado pela culta imprensa a burguesia europeia, a decadente, a moribunda, a que não lavou as mãos ainda das guerras coloniais, das guerras imperiais, das guerras imperialistas, das guerras anticomunistas, e agora das guerras neocolonialistas.

Ela mente, oculta, distorce, avilta. Acusa os negros assassinados, famílias inteiras, crianças, trabalhadores, idosos, todos se tornam “cúmplices de Khadafi”. Daí tudo é justo, os “rebeldes” colonizados fazem orgia de sangue, de ódio. Mulheres violentadas. Crianças desaparecidas, massacradas, fossas comuns. Quem contará esta história por inteiro? É o nazismo ressurgido, marca Otan. Otan, Otan, Otan, NATO, NATO!!!!! É preciso gritar ao mundo, aí está o IV REICH!!!

Nada ocorre na “culta” Europa, nada ocorre no berço da civilização, a Itália. Bunga-bunga, fascismo moderno, euforia tecnológica. Os pensadores, os socialdemocráticos, os democráticos, onde estão? Nada, o deserto. Só resta o lamento, o problema são os banqueiros, os políticos, os partidos falidos, a falta de orientação dos jovens, o desemprego, a falta de horizonte. A CIVILIZAÇÃO DECADENTE.
Tawargha. Difícil de lembrar esse nome. Quem lembrará? Não há mais edifícios, todos queimados. Um por um. Não há mais escolas, não há mais crianças, os mercados, não há o que vender, as hortas, elas secaram, os donos não existem mais. Terra arrasada. Não há mais arquivos, cartórios, memória. Não há mais certidões de nascimento. Só um rastro de sangue e fogo. CRIME DA NATO. Meu Deus, é possível que ninguém veja, ninguém reaja, ninguém proclame aos quatro ventos tremenda injustiça?? 40 mil negros, gente trabalhadora, gente bela, gente lutadora. Todos mortos, desaparecidos, cancelados da face da Terra. Aqueles irmãos que migraram do norte da África em busca de um país onde algo se fazia, algo se construía, onde havia um emprego, onde havia acolhida, direito de cidadania. Ao contrário dos seus irmãos que ousaram cruzar o Mediterrâneo lá mais para o Norte, para o sul da Itália, para o sul da Espanha, “infiltrados” na velha Europa, humilhados, perseguidos, explorados, deportados. Na Líbia haviam encontrado hospitalidade, trabalho, dignidade. Agora, a morte.
Juntaram-se a Khadafi, ao seu corpo martirizado. Aquele que permitiu com sua revolução a todos os líbios terem uma oportunidade, cuidarem da saúde, frequentar uma universidade, viver com dignidade.

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