@marcelofreixo deixa o país

Da Folha de São Paulo


O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) anunciou ontem que deixará temporariamente o Brasil em razão de ameaças de morte sofridas por ele -foram sete no último mês.
O deputado diz que pediu segurança ao governo do Estado sem receber resposta; o governo do Rio nega.
A policia suspeita que um "consórcio" de milicianos tenha se formado para matar Freixo. O deputado é pré-candidato à Prefeitura do Rio.
A decisão veio após o convite feito há duas semanas pela Anistia Internacional. A instituição, segundo Freixo, teme pela sua segurança.
O deputado diz que pretende ficar "menos de um mês" na Europa, tempo para que haja ajustes no seu esquema de segurança no Brasil.
Na semana passada, Freixo pediu à Secretaria de Segurança que providenciasse escolta para seu filho. A secretaria diz que o pedido foi "prontamente aceito" e que o deputado afirmou desejar que a escolta fosse concedida a partir de novembro.
Há dois anos, o parlamentar presidiu a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O relatório final pediu o indiciamento de mais de 200 pessoas envolvidas com grupos paramilitares e serviu como base para investigações das polícias Civil e Federal.
Sua atuação no combate às milícias inspirou a criação do personagem Fraga, em "Tropa de Elite 2", o que impulsionou sua última candidatura à Assembleia -foi o segundo mais votado no Estado.
Desde o assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto, com 21 tiros, em Niterói, o deputado diz que as ameaças aumentaram.
"Eles [os milicianos] já mostraram do que são capazes. Estou tornando público um problema. Já pedi segurança e não obtive qualquer informação. Já sabemos qual o efeito disso", afirma.
A Secretaria de Segurança do Rio informou que Freixo é o parlamentar que mais recebe proteção no Rio.
Ao saber da decisão de Freixo, o secretário José Mariano Beltrame telefonou para o presidente da Assembleia, deputado Paulo Melo, para informar que Freixo tem toda a segurança que desejar.

Disque-denúncia
Das sete denúncias encaminhadas a Freixo no último mês, cinco vieram do Disque-Denúncia, uma da Polícia Militar e outra da Ouvidoria do Ministério Público estadual.
Há pouco mais de cinco anos, Renato, irmão do deputado foi morto a tiros.
A suspeita dos policiais que investigaram o caso era que os responsáveis pelo crime integravam uma companhia de segurança clandestina, um dos serviços explorados por uma milícia.


Quem acha que é marketing troque comigo, diz Freixo

O deputado Marcelo Freixo liga o aumento das ameaças a ele à morte da juíza Patricia Acioli (assassinada em 11 de agosto) e nega estar fazendo marketing por deixar o país.

Folha - Sua saída do país é uma derrota na luta contra as milícias?
Marcelo Freixo -
 Vejo como uma oportunidade de reunir forças e mais pessoas nesta luta. Poderia ficar quieto, mas tornei pública essa situação. Se fazem isso com um deputado estadual, imagina o que não fazem com milhares de pessoas. O problema não é meu. É do Estado do Rio.

Por que essa decisão agora?
Antes do assassinato da juíza Patrícia Acioli, sempre ouvi dizer que a morte de um juiz ou de um deputado eram caras. De­pois da morte dela isso acabou. Eles provaram do que são capazes de fazer.

Quando vai viajar?
Irei amanhã (hoje) com minha família. Volto em alguns dias. Espero que neste período ocorram ajustes em minha segurança.

E se não houver?
Volto assim mesmo.

As ameaças aumentaram após o anúncio da sua pré-candidatura à prefeitura.
Se alguém pensar em marketing ou qualquer coisa do tipo, então, eu proponho que troque de lugar comigo. Não acho que tenha algo com a eleição. Tem com a morte da juíza Patrícia Acioli.

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