Acabou a ocupação da USP. Ao contrário de nossa experiência em Natal, durante a ocupação da Câmara Municipal, o movimento saiu enfraquecido.
Saiu enfranquecido, a julgar pelas informações divulgadas na imprensa, porque não conseguiram manter a ocupação da reitoria sem que fossem gerados danos ao patrimônio público e, também, porque se prepararam para resistir, mas não pacificamente - sendo verdade que a polícia encontrou coquetéis molotov no prédio. Vale ressaltar que esse resultado é diferente daquele obtido no prédio da Faculdade de Filosofia. Lá, a comissão da própria USP constatou que não houve danos ao patrimônio.
Tinha tudo para ser uma vitória retumbante. Primeiro, a denúncia contra o reitor ilegítimo, Rodas, escolhido por Serra quando governador, mesmo tendo sido o segundo mais votado na eleição - uma afronta do professor Serra contra a autonomia universitária.
Também era a oportunidade de denunciar os desmandos e a perseguição política contra os estudantes, professores e servidores. Os estudantes estavam o tempo todo mascarados. Era uma defesa. Lá na USP estudante que participa do menor protesto que seja corre o risco de, se identificado, ser punido com a expulsão. Por isso mesmo havia a proposta de anistia para os casos de perseguição política. Os rostos cobertos - que valeram a alcunha de vândalos dada inclusive por jornalistas sentados em suas salas confortáveis aqui na distante Natal - eram um mecanismo de defesa contra a perseguição sumária e anti-democrática da gestão uspiana.
Era a oportunidade de discutir um modelo de segurança para aquele enorme campus - em que as liberdades individuais e os direitos à manifestação fossem preservados. O modelo da PM no campus, a julgar pelo que se relata, não tem servido a uma segurança real. Se assim fosse, ladrões que roubaram o CA da Escola de Comunicação e Artes teriam sido identificados e presos. Ao contrário disso, estudantes fumando maconha foram detidos. Seriam encaminhados à delegacia. Quando possuir e consumir maconha sequer vale um boletim de ocorrência na delegacia.
A ocupação não era sobre maconha. Era sobre a intimidatória presença policial no campus - reprimindo manifestações de seus atores. Era sobre a incapacidade de diálogo da USP. Era sobre a ilegitimidade do reitor Rodas. Era sobre perseguição política nas suas instâncias. Era sobre a incapacidade que tem a gestão de ouvir os alunos sobre suas propostas de assegurar a segurança de todos na USP - apresentadas ainda em maio, propostas muito mais críveis e democráticas que simplesmente a disposição de uma das polícias mais violentas e despreparadas do mundo dentro de uma instituição de ensino. Para lidar com estudantes de todas as ideologias, credos e práticas.
A vitória final do movimento seria a divulgação da foto acima. Polícia devia ser para quem precisa de polícia. Dizem que ela existe para proteger. Deve ser por isso que o PM aponta uma arma de grosso calibre para o rosto de um estudante desarmado. Ele atiraria?
Comentários
Universidade-universo.
Um campus universitário só pode existir como tal, quando a sociedade que o institui, tem a capacidade de entender que só e exclusivamente na liberdade de pensamento reside toda evolução advinda da filosofia, ciências e artes.
de resto é só invasão, ingerência de burguesia reaça e seus pelegos.
tupy