Segundo Folha, PanAmericano disfarçou doações para a campanha de Lula em 2006

A matéria abaixo ou está muito mal escrita ou efetivamente não há nenhum vínculo que ligue as doações ao PT ao banco.  Repare que no texto não se apresenta qualquer vínculo nesse sentido.  Se a auditoria comprovou tais vínculos, a matéria foi mal-feita por não explicitá-los.
Além disso, fica escondida dentro do texto a informação de que as doações foram regulares e que não apenas a campanha de Lula em 2006 recebeu recursos do Banco PanAmericano.


Na Folha de São Paulo






O banco PanAmericano doou R$ 500 mil para a campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, e usou empresas de dirigentes da instituição financeira para disfarçar a origem das contribuições.
As doações foram feitas em dezembro de 2006, quase um mês depois do encerramento da campanha. Lula já estava reeleito, mas o PT saíra da eleição com dívidas de quase R$ 10 milhões.
As contribuições foram contabilizadas regularmente pelo partido, mas só quem conhecesse a identidade dos proprietários das empresas que fizeram essas doações teria condições de associá-las ao PanAmericano na época.
Segundo um relatório feito por auditores que examinaram os livros do banco no início deste ano, sete empresas foram usadas para repassar recursos da administradora de cartões de crédito do PanAmericano para o PT.
As doações foram todas feitas no mesmo dia, com o depósito de quatro cheques de R$ 65 mil e três no valor de R$ 80 mil numa conta mantida pelo Diretório Nacional do partido no Banco do Brasil.
A operação só foi descoberta em março deste ano, depois que o banco BTG Pactual assumiu o controle do PanAmericano e seus auditores começaram a analisar o que os antigos proprietários tinham feito na instituição.
Braço financeiro do grupo Silvio Santos, o PanAmericano vivia uma situação confortável em 2006, e ninguém havia detectado ainda os problemas que mais tarde obrigaram Silvio a vender suas ações para o BTG Pactual.
A Polícia Federal está investigando desde o começo do ano fraudes que teriam sido cometidas pelos antigos dirigentes do PanAmericano, que seriam responsáveis por um rombo de R$ 4,3 bilhões na contabilidade do banco.
Em outubro, a PF abriu mais um inquérito para investigar suspeitas de ocorrência de crimes eleitorais.
Segundo os auditores do BTG Pactual, as doações feitas em 2006 foram acertadas em novembro, quando um assessor do tesoureiro da campanha de Lula, José de Filippi Júnior, escreveu para o diretor de tecnologia do PanAmericano, Roberto José Rigotto de Gouvêa, para dar o número da conta da campanha.
O banco fez outras contribuições às claras em 2006, registrando em seu nome e no de outras empresas do grupo R$ 770 mil em doações para políticos de vários partidos.
Além de Lula, o único petista que teve ajuda do PanAmericano foi Aloizio Mercadante, que disputou o governo de SP e recebeu R$ 100 mil diretamente do banco.
Peemedebistas como o hoje vice-presidente Michel Temer (R$ 50 mil), então candidato a deputado, também receberam doações diretas.
Políticos do PSDB foram destinatários de um total de R$ 110 mil, entre eles o ex-ministro Paulo Renato (R$ 50 mil), morto em junho.
As doações obtidas pela campanha de Lula foram as únicas feitas pelas empresas controladas pelos executivos do PanAmericano, como o ex-presidente do banco Rafael Palladino e o ex-diretor financeiro Wilson Roberto de Aro, apontados pela polícia como principais responsáveis pelas irregularidades ocorridas na instituição.
Os auditores escreveram que o objetivo do grupo era ajudar os petistas "de forma disfarçada", recomendaram transparência e sugeriram que as doações fossem reportadas aos órgãos reguladores.


Contribuição foi pessoal, dizem ex-diretores

Dois dos sete ex-dirigentes do PanAmericano que fizeram doações para o PT nas eleições de 2006 disseram que fizeram as contribuições em caráter pessoal, e não como representantes do banco.
"A doação foi feita por razões pessoais", disse o advogado David Azevedo, que defende o ex-diretor jurídico do PanAmericano Luiz Augusto Teixeira Carvalho Bruno.
O ex-diretor Mauricio Bonafonte, que era responsável pela área de seguros do banco, disse aos auditores do PanAmericano em março que contribuiu "por uma questão pessoal e espontânea".
O advogado José Luiz de Oliveira Lima, que representa o ex-diretor financeiro Wilson de Aro, preferiu não se manifestar porque a Justiça determinou que as investigações sejam feitas sob sigilo.
A advogada Maria Elizabeth Queijo, defensora do ex-presidente do banco Rafael Palladino, não retornou as ligações da reportagem até a conclusão desta edição.
O advogado do ex-diretor Adalberto Savioli, Adriano Salles Vanni, afirmou que não teve acesso à parte do processo que menciona a doação eleitoral feita por seu cliente e, por isso, não poderia fazer comentários.
A assessoria do deputado José de Filippi Júnior, tesoureiro da campanha de Lula de 2006, não respondeu até a conclusão desta edição. O ex-diretor Roberto Rigotto Gouveia não foi localizado.

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