Mobilização em defesa do motim da PM da Bahia em Natal

Ouvi, há pouco, vários discursos defendendo, para mim, o indefensável: a greve da PM em Salvador.  Estou em Natal e a manifestação, lamentavelmente, foi mobilizada pelo meu partido.
Todos os discursos que defenderam a legitimidade do movimento trataram de atribuir a uma manipulação os áudios que todos ouvimos na imprensa nos últimos dias.
A matéria do Jornal Nacional foi isenta? Evidente que não.  Atendeu uma estratégia bem-sucedida de desmobilização do movimento e aos interesses comerciais da emissora que vê os maiores carnavais do pais ameaçados.
No entanto, a postura dos movimentos sociais que ouvi pela janela me fez lembrar o comportamento da imprensa diante do Dossiê Vedoin, em 2006.  Os documentos do dossiê acusavam Serra de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Os chamados aloprados do PT quiseram pagar pelo dossiê e foram presos às vésperas da eleição presidencial. 
O que a imprensa fez com o caso? Taxou os documentos de falsos, centrou a discussão na sua compra e no dinheiro.  E nunca discutimos ou soubemos o conteúdo do material.
Os discursos ouvidos pela janela agora há pouco foram na mesma direção: focam os interesses da Globo e do governo, e esquecem os conteúdos das gravações.  Não dá para ouví-las e apoiar o movimento baiano. Nem em nome do partido nem em nome de Jeoás.  A minha postura é coerente a esse respeito desde o começo: aquilo na Bahia não é uma greve porque grevista não empunha arma para tocar terror na sociedade.  As gravações comprovaram isso.  E elas são reais e inescapáveis.

Defendo que o direito de greve seja estendido aos PMs, aos BMs e demais militares. Mas greve militar não pode ser motim armado nem usar como estratégia ações de terror contra a população. Quando o governo Jaques Wagner citou a morte de moradores de rua por ação de PMs ele se fundamentava em algumas dessas gravações que ainda não vieram a público.  
Os PMs não tiveram a prisão decretada porque lutavam por seus direitos. Cometeram crimes e, por isso, a justiça decretou sua prisão. Ditadura é agente de segurança armado tomar ônibus e bloquear vias.  Meu repúdio à greve da PM na Bahia começou na foto abaixo.  Assim como eu, quase a unanimidade dos baianos respirou aliviada com a prisão de Marco Prisco.

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