A morte trágica de Robinson Cavalcanti

Em 2010, Robinson Cavalcanti esteve na consulta teológica da Fraternidade Teológica Latino-americana. A consulta aconteceu na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. Eu estava na cidade, mas participei de poucos momentos do evento. Mas vi a fala de Dom Robinson. Foi a última vez que o vi falar. O tema era a Conferência e Pacto de Laussanne, em 72, do que ele foi um dos principais animadores no país.
Pelo menos desde os anos 80 o bispo Robinson se constituiu em uma das principais lideranças do segmento evangélico no país. De sua posição académica, como cientista político e professor universitário, contribuiu também para a discussão e implementação dos movimentos evangélicos de esquerda no país. No tempo em que Lula era o sapo barbudo, coordenou sua campanha.
Marcou posição nas entidades em que militou, como FTL e Aliança Bíblica Universitária. E esteve no centro de muita polêmica. Como, por exemplo, quando o reverendo Paulo Garcia rompeu com o bispo e com a igreja anglicana - e a disputa pelos bens da catedral ganhou a justiça e as páginas da imprensa.
Durante a consulta em 2010, o pastor Wellington Santos, segundo ele mesmo contou, pôde dizer a Robinson que quando iniciou seu ministério lia os livros do bispo - e a igreja não lia. Então ele era chamado de herege. Hoje, a igreja já leu todos os livros de Robinson e, com as mudanças nos posicionamentos do bispo, Robinson parece conservador.
E é esse o último Robinson, que continuava firme com a missão integral da igreja e com os posicionamentos políticos à esquerda, mas havia deixado a vanguarda das lutas por direitos, por exemplo, por meio de sua postura conservadora relativa à homossexualidade - o que por fim havia produzido outra ruptura entre os anglicanos brasileiros.
Mesmo assim nada acaba com sua importância como líder e animador de uma igreja evangélica comprometida com a sociedade e os princípios de transformação integral do mundo.
A vida de Robinson foi brutalmente ceifada ontem à noite, ao lado de sua esposa, pelas mãos do filho do casal. Os Cavalcanti morrem vítimas das drogas. O bispo cumpriu sua carreira. E seu testemunho de vida e morte deve servir ainda mais para a nossa reflexão. Em Cristo.

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