Operação Sinal Fechado: Publicação paga. Por quem?

Olhe a publicação na Tribuna do Norte de hoje:

Antes de falar sobre o conteúdo, falemos sobre o formato.  O texto da nota distribuída à imprensa pela assessoria do senador José Agripino (DEM) na quinta-feira foi convertido em rápida entrevista com o advogado José Luiz C. de Lima.  O conteúdo é praticamente o mesmo da nota.
Ainda sobre formato, perceba que se trata de um box inteiramente fechado - nas convenções jornalísticas, isso é indicação de matéria paga.  Paga por quem?  A julgar que o conteúdo foi distribuído pela assessoria de José Agripino, será leviano achar que foi o senador quem pagou a conta?
Mas falemos sobre conteúdo.  Uma frase me chamou muita atenção, atribuída ao advogado:
Antes de mais nada, é bom deixar claro que eu não era advogado de Gilmar Lopes quando ele prestou aquele primeiro depoimento. Depoimento, aliás, que foi prestado, pelo que ele me disse, em condições de absoluto estresse emocional e debilidade física. Ele foi retirado do hospital às sete da manhã, sem saber nem para onde ia, sem assistência de advogado credenciado e sob efeito de remédios tranquilizantes.
A discussão sobre qual medicamento e que efeito teria, já travei em outro lugar.  Aqui o que eu quero destacar é a informação de que Gilmar teria sido retirado do hospital às sete da manhã, sem assistência de advogado credenciado.
Em primeiro lugar, o depoimento de Gilmar foi acompanhado por um advogado, segundo consta no termo assinado por Cláudia Cappi.
Em segundo lugar, segundo consta, Gilmar foi preso em casa.  Passou mal no fim do dia 24, dia da prisão, após prestar depoimento.  Depois de uma dor epigástrica forte e um pico hipertensivo, Gilmar foi internado no Hospital do Coração.
Após ser preso, Gilmar divulgou nota à imprensa no dia 26 de novembro - dois dias depois. Nesta nota, Gilmar esclarece, sem sombra de dúvidas:
Tive a minha casa e escritório devassados, fui preso e hospitalizado, me vejo condenado sem julgamento, com o meu nome negativamente exposto perante a sociedade, envolto em um 'mar de lama'.
Ou seja, Gilmar foi hospitalizado após a prisão - e o depoimento em que envolve o senador José Agripino.
Atribuir a responsabilidade ao que foi dito é afirmar que os remédios o fizeram fantasiar a história do depoimento?  Ou, é fazer crer que ele falou mais que devia por estar sob efeito de remédios?
Desacreditar o depoimento de Gilmar é bom para vários réus, inclusive os ex-governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira.
E quando Gilmar falou a outros interlocutores, confirmando o teor de seu depoimento ao MP, ele ainda estava sob efeito dos remédios?
A assessoria do senador está metendo os pés pelas mãos, dia após dia.

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