Operação Assepsia: Um dos presos foi denunciado junto com Garotinho

Um dos mandatos de prisão da Operação Assepsia que está sendo cumprido no Rio de Janeiro é contra Tufi Soares Meres. O médico foi secretário do Diretório do PMDB em Teresopólis e foi acusado de desvio de recursos para a campanha de Anthony Garotinho em 2006.
A matéria a seguir do jornal O globo, de março de 2010, esclarece a acusação contra Garotinho e Tufi:

Doadoras da pré-campanha do ex-governador Garotinho à Presidência pelo PMDB em 2006, as empresas Emprim e Inconsul receberam R$ 30 milhões das ONGs contratadas pelo governo do estado na gestão Rosinha Garotinho, mais da metade do total estimado para o desvio de recursos públicos (R$ 58 milhões). Desse total, 60% foram sacados na "boca do caixa". De acordo com a denúncia do Ministério Público estadual, o dinheiro era, quase na totalidade, oriundo dos cofres públicos já que era fruto de repasses feitos por Inep, Inaap, IBDT e CBDDC. (Leia também: Justiça bloqueia bens de Garotinho e Rosinha, processados por improbidade administrativa)

Além dos saques em espécie e do financiamento da pré-candidatura de Garotinho, os recursos destinados pelas ONGs à Emprim e à Inconsul também foram apropriados por pessoas e empresas "fantasmas" ligados aos operadores do esquema. A partir daí, os promotores identificaram um sistema complexo de lavagem de dinheiro. Para eles, "ONGs e empresas são fachadas diferentes de um comando único, que é o escritório do (empresário) Ricardo Secco". (Garotinho se defende atacando promotores. Acusados negam participar do esquema)Escutas telefônicas ligam esquema a peemedebista

A análise da movimentação bancária revelou que o desvio, através da Emprim e da Inconsul, beneficiou 12 empresas, que receberam cerca de R$ 1,5 milhão, e 26 pessoas, que sacaram 2,5 milhões. Entre as empresas beneficiadas, estão a Editora Gráfica Imperador, PSA Revelações Fotográficas e Toys & Games, todas ligadas ao então secretário do diretório regional do PMDB em Petrópolis, Tufi Soares Meres, que receberam mais de R$ 3,2 milhões. Como pessoa física, Tufi recebeu ainda R$ 20 mil do INAAP, R$ 73,3 mil da Emprim e R$ 2,9 mil da Inconsul, num total de R$ 96,2 mil. As escutas revelam ainda que ele também recebia valores em espécie, sem registro bancário. Numa conversa gravada, Ruy Castanheira conta a Ricardo Secco que "adiantou" R$ 50 mil a Tufi, identificado como Gordinho da Serra. (Confira a lista dos acusados)

Ricardo Secco: - Fala, meu mestre!

Ruy Castanheira: - O Gordinho (Tufi) me achou, cara, tá vindo desesperado atrás de mim, bonitão! Eu posso emprestar 50 pra ele com o seu aval?

Ricardo Secco: - Pode. E depois, na hora que você precisar, você me avisa. E quanto mais tarde você precisar melhor.

Toda essa operação de depósitos e saques dos recursos públicos era concentrada numa única agência bancária no Centro da cidade, onde 36 pessoas que integravam o esquema de fraude - fossem ligadas a ONGs ou a empresas fantasmas - tinham contas.

O depoimento de um gerente do banco deu aos promotores a convicção de que Ricardo Secco e Tufi Soares Meres atuavam juntos na administração das contas bancárias do INEP, INAAP e IBDT e da Emprim e Inconsul. O gerente disse, em seu depoimento, que as "as contas de INEP, INAAP, IBDT, Emprim e Inconsul faziam parte do mesmo grupo, porque havia vínculos entre os representantes". Segundo ele, o gerente de negócios da agência se relacionava com Ricardo Secco e Tufi Soares Meres.

Policiais cedidos ao Ministério Público apreenderam nesta quinta-feira documentos e dois computadores, durante o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão, em 16 endereços, no Rio, Niterói e cidades do interior do estado. Os agentes do MP apreenderam computadores da casa de Renato Ferreira Alves, que à época dos desvios era contador das empresas fantasmas.


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