Operação Sinal Fechado: Alcides Barbosa deflagra crise política em SP

O lobista Alcides Fernandes Barbosa, acusado pelo Ministério Público de integrar quadrilha que fraudou licitação no Rio Grande do Norte, deflagrou uma crise política em São José do Rio Preto de proporções ainda não dimensionadas.

Barbosa atualmente está em liberdade. Ele estava em prisão domiciliar desde que celebrou com o Ministério Público, em abril, delação premiada, que o Nominuto.com divulgou na íntegra com exclusividade.

Na ocasião, Barbosa declarara que o ex-procurador-geral de São José do Rio Preto, Luiz Tavolaro, atuou como espécie de consultor jurídico da quadrilha, auxiliando na elaboração do edital, da lei e até das respostas às impugnações ao edital. Segundo a denúncia do MP, o grupo lucraria até R$ 1 bilhão em 20 anos.

Ao longo do depoimento, Barbosa detalhou não só como foi o esquema no Rio Grande do Norte como denunciou suposta fraude na elaboração de editais de licitação em Rio Preto.

Ele acusou ainda Tavolaro de ficar com 35% de tudo o que era pago ao prefeito Valdomiro Lopes (PSB) e de também receber presentes como carro e passagens aéreas de empresas que ganharam licitações na Prefeitura. Barbosa disse que todos os editais de Rio Preto eram feitos por Tavolaro em seu escritório de São Paulo em conjunto com empresas.

As declarações levaram o prefeito da cidade a convocar coletiva de imprensa na qual negou as afirmações sobre irregularidades e dizer que está sendo vítima de extorsão. Lopes diz que sequer conhece Alcides Barbosa

O requinte de detalhes revelados por Barbosa, todavia, complica a situação do prefeito e de Tavolaro. O matutino Diário da Região publicou hoje uma série de revelações dadas pelo lobista a respeito de encontros entre os três personagens.

As denúncias acenderam o alerta na Câmara de Vereadores da cidade, que debate abertura de CPI para investigar o envolvimento do prefeito no caso.

Agripino

Alcides Barbosa revelou em sua delação que foi levado ao "sótão" do apartamento do senador Agripino Maia, em Natal, durante um coquetel, onde garante ter presenciado o advogado George Olímpio negociar com o senador apoio financeiro à campanha de 2010. Na presença de João Faustino Neto e Barbosa, diz o lobista, George prometeu 1 milhão de reais para o presidente do DEM.

O pagamento, segundo o combinado, seria feito em quatro cheques do Banco do Brasil, cada qual no valor de 250 mil reais, a ficarem sob a guarda de um homem de confiança de Agripino Maia, o ex-senador José Bezerra Júnior, conhecido por "Ximbica". De acordo com Barbosa, Agripino Maia queria o dinheiro na hora, mas Olímpio afirmou que só poderia iniciar o pagamento das parcelas a partir de janeiro de 2012.

Todos os envolvidos negaram as acusações.

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