Por que o Sindicato de Jornalistas se pronuncia para alguns e silencia com outros?

Um jornalista é funcionário da emissora de tevê da prefeita de Natal.  A outra recebe em publicidade R$ 12,5 mil mensais da prefeitura e é conhecida amplamente por defender os interesses da prefeita em seu espaço na blogosfera.
Ambos publicam uma nota em que tentam vincular a decisão do juiz da Fazenda Pública que concedeu tutela antecipada ao ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, inimigo pessoal da prefeita Micarla de Sousa, no caso das contas da gestão em 2008 a uma situação de apadrinhamento político.  A esposa do juiz, médica, teria um cargo comissionado na prefeitura de Parnamirim - comandada pelo mesmo PDT do ex-prefeito.
Evidentemente, a nota tinha uma pimenta política tentando pôr em dúvida a honestidade da decisão do juiz.
A AMARN se pronunciou veementemente condenado a ilação publicada pelos dois jornalistas.  Que se retrataram e tiveram que repor a verdade: a esposa do juiz é médica concursada do município de Parnamirim desde 1997, sem ocupar cargo de comissão.
O que surpreendeu foi a rapidez com que o Sindicato dos Jornalistas divulgou uma nota, assinada por sua presidente, em defesa dos dois jornalistas citados.  Não vemos a mesma veemência e rapidez em casos que ameaçam a liberdade de expressão de outros jornalistas.
Cerca de um ano e meio atrás o jornalista Alisson Almeida foi esmurrado por um secretário municipal que lhe era desafeto pelas críticas que o jornalista posta em seu blog contra a gestão da prefeita.  O Sindijorn até hoje não emitiu uma linha em solidariedade a Alisson.
Eu mesmo no início desde ano, como publiquei aqui nesse espaço, a partir de uma reclamação formulada por um representante da Assembleia Legislativa, terminei por ser punido no trabalho com um dia de suspensão - depois revertida em advertência escrita.  O assunto foi destacado em reunião do Conselho Estadual de Direitos Humanos, onde o Sindijorn tem assento.  Mas nenhuma linha foi emitida pelo Sindicato.
O jornalista Carlos Santos responde a quase três dezenas de processos movidos pela prefeita de Mossoró Fafá Rosado e não se conhece manifestação do Sindijorn em defesa de Carlos.
Duas impressões restam desse episódio.  Primeiro, que o Sindicato só se preocupa em defender os medalhões que podem lhe garantir sustentação política e visibilidade.  Em segundo lugar me chama a atenção que no episódio e no episódio de Alisson há um elemento em comum: a gestão municipal, dando a impressão de que o Sindicato preserva os jornalistas ligados a ela.  E se eu lembrar de que alguns deputados sobre quem eu publiquei denúncias - e que podem ter motivado essa representação da Assembleia contra mim no trabalho - são velhos aliados e apoiadores da prefeita de Natal (i.e, Gilson Moura e Dibson Nasser), o cenário fica ainda mais suspeito.

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