Operação Sinal Fechado: Em entrevista, Alcides Barbosa se diz abandonado por aliados

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Se sentindo abandonado no meio do caminho por antigos companheiros, o empresário Alcides Fernandes Barbosa, preso por cinco meses acusado pelo Ministério Público de envolvimento em quadrilha que fraudou licitação para inspeção veicular no Rio Grande do Norte, resolveu falar. E os alvos de seu ressentimento são, entre outros, o prefeito de Rio Preto, Valdomiro Lopes, o ex-procurador-geral do município Luiz Antonio Tavolaro e empreiteiras que possuem contratos milionários na cidade. 

Habitué da Prefeitura de Rio Preto e dos círculos do poder nos primeiros anos da gestão Valdomiro, Barbosa - identificado pelo MP potiguar como “lobista paulista especializado em contratos públicos” - acusa ter sido prejudicado em R$ 2,7 milhões num contrato firmado entre sua empresa, a ATL Premium, com a Haus Construtora, empreiteira responsável pelo Parque Nova Esperança e que recebeu em torno de R$ 180 milhões do governo federal para o empreendimento. 

Segundo Barbosa, o valor suprimido do seu contrato teria sido repassado pela empreiteira ao prefeito e ao ex-procurador-geral. “Ele (Tavolaro) e o Wilson (Almeida Júnior, dono da Haus) tinham me dito que não iam me pagar mais porque esse dinheiro ia para o Valdomiro”, afirmou ele, que já perdeu na Justiça ação cobrando o valor da empresa. “Foi extinta. Não tive os R$ 28 mil das custas.” 

O empresário de São José dos Campos, onde concedeu entrevista, admitiu que resolveu adiantar ao Diário o depoimento que prestará ao MP por se sentir abandonado e “sufocado.” “(Estão) me estrangulando financeiramente para que eu vá lá fazer acordo com o Tavolaro, para que eu não diga isso que estamos conversando.” Barbosa se diz também indignado ter sido chamado de “bandido” por Valdomiro. 

“Não tinha motivo para ele me chamar de bandido. Ele vai dizer de onde foi buscar essa palavra bandido”, afirma ele, que classifica como “íntima” a relação da Constroeste com o alto escalão governista. Barbosa avisa que “em respeito ao Ministério Público”, a quem presta depoimento no início de agosto, dará detalhes e mostrará documentos do que sabe e viu em Rio Preto. 

Diário - Qual sua relação com Tavolaro e como chegou a Rio Preto? 
Alcides Fernandes Barbosa - Eu e o Clóvis Chaves, que foi me apresentado pelo Manoel (Jesus Gonçalves), da Caixa, íamos muito à superintendência de São Mateus para prospectar áreas para construção de conjunto habitacional. Surgiu uma dúvida sobre a desapropriação de terreno que pertencia à Dersa. Como deveria ser a desapropriação. Fui com o Clóvis até à Dersa e o Paulo Souza, o Paulo Preto, falou que tinha o cara que ia resolver isso. Não era mais diretor mas continuava fazendo as coisas na Dersa. Era o Tavolaro. Peguei o telefone dele e fui ao encontro do dr. Tavolaro por indicação do Paulo Preto. Encontrei ele na campanha para o quinto constitucional e me perguntou quem mandou procurar ele. Falei que era o Clóvis, amigo do Aloysio (Nunes, senador), e ele me disse que precisava conhecer o Clóvis. Apresentei eles. Discorreu o currículo para o Clóvis, dizendo que tinha feito o edital do Rodoanel, o relacionamento dele com o Paulo Souza, que continuava atuando na Dersa apesar de não ter mais o cargo... O Clóvis até me disse: “Alcides, você trouxe o gênio das licitações em São Paulo.” E assim nós ficamos. Tínhamos uma amizade íntima. Já naquele dia ele perguntou o que eu estava fazendo e disse que estava abrindo uma empresa do ramo habitacional. 


Diário - Que ano isso? 
Barbosa - 2007, 2008. 

Diário - Antes de Rio Preto? 
Barbosa - Antes, antes de Rio Preto. Nós passamos a ter relacionamento diário. Eu, o Clóvis e o Tavolaro. Ou a gente se encontrava em São Mateus, Itaim, no escritório da Joaquim Floriano. Fez até cartão para mim do escritório. Ele, Tavolaro, passou a me apresentar espontaneamente aos empresários do Rodoanel como seu sócio. No Dersa o acompanhei diversas vezes. Passado o tempo, chegou a campanha para prefeito de 2008, em que foram candidatos o Alckmin e o Kassab. Ele (Tavolaro) deu uma afastadinha de mim e do Clóvis porque foi Alckmin. Terminada a eleição, o Kassab ganhou, e ele dizia que estávamos certos, que o Aloysio tinha de ser o candidato a governador. Ele se aproximou mais da gente. Para mim, se o Aloysio fosse governador pouco importava, mas o Tavolaro vislumbrava um cargo no possível governo do Aloysio Nunes. 

Diário - O Tavolaro tinha relacionamento com o Aloysio? 
Barbosa - Antes de estar com o Clóvis ele não conhecia o Aloysio. Conhecia de vista. Mas depois passou a ter relacionamento muito próximo. Até que ele chegou para mim e para o Clóvis, depois da eleição do Valdomiro, e disse que ia para Rio Preto. “O Valdomiro me convidou para ser o procurador lá. Será que o Aloysio vai gostar?”, perguntou. Como ia saber? Para nós foi uma surpresa. De onde ele conhecia o Valdomiro? Disse que em todas as campanhas o Valdomiro ia até a Dersa e ele sempre ficou na sua cota, ele que sempre ajudava o Valdomiro nas campanhas, mandava um empreiteiro ajudar, ou ele mesmo ajudar. E ficaram amigos. Disse que depois da eleição ligou para ele para cumprimentar, quando foi convidado. Essa foi a versão que ele contava. Nós estranhamos. Até o Aloysio estranhou. E assim foi. E o Valdomiro começou, já na formação do governo, frequentar nosso escritório em São Paulo. Eu e o Tavolaro íamos buscar ele no aeroporto, levávamos ele na Borges Lagoa, ficávamos conversando. Naquele tempo as chances do Aloysio ser governador eram grandes. O Tavolaro falava: “Valdomiro, você tem de se aproximar do Aloysio, porque o Alckmin perdeu.” Então, ele fez aquele jogo. Para o pessoal, para os empreiteiros de São Paulo, ele dizia que o Aloysio tinha indicado ele para a Procuradoria de Rio Preto. E que no governo do Aloysio ele voltaria como chefe da Casa Civil. Nós convivíamos, eu, Tavolaro, Clóvis, Valdomiro constantemente. Até a posse. Foi assim que fui apresentado ao Valdomiro. Conhecia ele de deputado, mas não com essa intimidade. Paralelamente a isso, começou a se desenvolver o processo do Rio Grande do Norte, que o João Faustino (ex-subchefe da Casa Civil) me chamou no Palácio para que levasse as pessoas ao Tavolaro. Foi nesse período. O Valdomiro já estava eleito e ia tomar posse. Ao mesmo tempo já conhecia Rio Preto na área habitacional. Já tinha um loteamento atrás do Carrefour que o Wilson (Pereira Júnior, dono da Haus, empreiteira do Nova Esperança) fez com o irmão dele. Eu tinha prospectado a área. Já estava com um pé em Rio Preto. Falei para o Tavolaro: “Tavolaro, vamos fazer um empreendimento habitacional.” Já tinha relacionamento com a Direcional (uma das maiores construtoras de loteamentos populares do País) a nível de Brasil e sabia que poderia São Paulo assinar os grandes conjuntos, coisa que era tabu. Ninguém acreditava nisso. Em São Paulo a Caixa vinha com determinação de só assinar até 500 casas. O Tavolaro me perguntou se precisava de licitação. Falei que não, é com a Caixa. Ele disse. “Então toca você.” Falou para o Valdomiro. Ele: “Ah, amigão, isso é muito longo, trabalhoso, vai tocando aí.” Aí trouxe, apresentei o Wilson (Haus) e o irmão dele. Já tínhamos feito outros conjuntos habitacionais, em Presidente Prudente. Ele passou por uma dificuldade muito grande com um empreendimento em Prudente, com uma concordata que o CDHU não pagou. Foi a essa pessoa aqui que ele recorreu, ninguém quis ir com ele a Brasília, ele achou que estava sendo perseguido pela Caixa. Sempre defendi o Wilson. Por isso minha indignação, minha surpresa, com tudo isso que aconteceu. Mas não tinha como não acreditar. Estava falando com meu sócio, Tavolaro, procurador do município, e com Wilson, empresário que eu conhecia há 12 anos. Não tinha como duvidar da situação que estava vivendo. É o que está fazendo até hoje. Me estrangulando financeiramente, perante meus amigos, para que eu vá lá fazer acordo com o Tavolaro para que eu não diga isso que estamos conversando. 

Diário - Que serviço a ATL prestou em Rio Preto? 
Barbosa - ATL em Rio Preto desenvolveu know how que nem o Wilson acreditava que poderia assinar contrato de 2,4 mil casas. Fiz a prospecção da área, levantei se dava para construir, ver se há problema ambiental, se o preço estava dentro do teto das casas populares... 

Diário - Esse contrato de prospecção é o de R$ 4,2 milhões? 
Barbosa - Sim, como já tive outros contratos com o Wilson em outros lugares. 

Diário - Foi via Tavolaro que você conseguiu esse contrato? Ou foi direto com o Wilson? 
Barbosa - Eu e o Wilson. Tavolaro influenciou depois No início, o Tavolaro nem sabia o valor, meu relacionamento de longa data era com o Wilson. Tanto que quem me levou a primeira vez na Controlar foi o Wilson. Para você ver como tudo cruza. O Tavolaro atuou depois. Tínhamos um trato: se tivesse algum contrato deixaria alguma coisa para a manutenção do escritório. Quando ele tomou conhecimento do valor do contrato, aí cresceram os olhos e começou a ter problema. Alterou a forma de pagamento. O contrato que era para ser pago em três vezes passou a ser pago R$ 700 mil em três vezes e quando me estrangularam falaram: pega 10 de 80 ou você está fora. Foi o diálogo que retrata isso, nossa ação retrata isso. Não sou eu que digo que dei o dinheiro para o Valdomiro. Em nenhum momento eu digo que dei dinheiro para o Valdomiro. Eu apenas disse o que Tavolaro, o sr. Wilson de Almeida e seu irmão disseram. O Wilson falou: “Alcides, se eu tiver que pagar você e tiver que dar o que o Valdomiro quer, eu vou quebrar. Vou inviabilizar, já estou com três meses de obra.” Porque pelo contrato só começaria a pagar depois de três meses de obra. 

Diário - O Tavolaro disse isso a você (que o dinheiro ia para o Valdomiro)? 
Barbosa - O Tavolaro e o Wilson juntos. Chegaram para mim e falaram: “O prefeito ficou louco, está dizendo que você está ganhando demais, que é um absurdo, que ele se empenhou...” Porque no dia que nós fechamos o preço, levamos o dono da área ao gabinete, ele chorou junto ao Valdomiro e o único pedido que fez ao Valdomiro é que o nome da rua principal do condomínio fosse o nome dele. 

Diário - Qual a data em que o Tavolaro e o Wilson disseram isso a você? 
Barbosa - Tenho. É que não podemos ver os documentos, mas pelas notas fiscais emitidas, e pela assinatura do aditivo... Foi assim, o fato determinante, quando o Tavolaro começou a mudar demais comigo, com o Clóvis, foi quando o Aloysio não saiu candidato a governador. A partir daí ele abraçou mesmo o Valdomiro. Posteriormente fizeram sociedade. O filho do Wilson e o filho do Tavolaro são sócios numas casas em Olímpia. O André Tavolaro e o filho do Wilson são sócios. Quando ia a Rio Preto cansei de ficar hospedado no Saint Paul, onde o Tavolaro morou até comprar a casa dele. Ficávamos eu, Wilson e Tavolaro lá. Passei a ter uma vida em Rio Preto. Dentro da minha função de consultoria. 

Diário - O prefeito recebeu a propina? 
Barbosa - Eu não posso dizer isso. O meu depoimento e tudo o que estou dizendo tem coerência e fundamento. Não sou irresponsável. Ouvi de uma pessoa que conhecia há 12 anos e nunca deixou de me pagar. E ouvi isso do procurador de Rio Preto, meu sócio, que frequentou minha casa e que meus filhos chamavam de tio. Como ia duvidar disso? Eles me afirmaram isso. 

Diário - E por que você aceitou (a redução dos pagamentos)? 
Barbosa - Não é que eu aceitei. Era eu pegar ou largar. Tanto é que você pode pegar meus extratos bancários e ver o cronograma de pagamento. Tanto é que eles vieram numa forma de espanto. Disseram: “Não tem jeito. Essa não tem jeito. O Valdomiro não vai dar o habite-se, o Valdomiro não sei o quê. Esse daqui não tem como. Então você abre mão agora que daqui a pouco vamos fazer mais 2 mil (casas)” Aí o Wilson estava vendo um prédio aqui em São José dos Campos e falou: “nessa eu nem vou por o Tavolaro. É eu e você, a gente repõe. Mas pelo amor de Deus, porque se o Valdomiro travar agora...” Realmente ele quebrava, porque já estava com três meses de medição. Isso o Wilson me falando junto com o Tavolaro. Agora, o Valdomiro recebeu? Na ação eu digo que eles disseram. Agora, que eu fui à casa do Valdomiro em Rio Preto no Damha, eu fui. Que ele viajou de jatinho comigo, de Brasília a Rio Preto, ele viajou. E a pedido dele. O que aconteceu? Nós fomos a Brasília. Antes disso. O Valdomiro prefeito, o Tavolaro trabalhando a cabeça dele que ele tinha de se aproximar do Aloysio, que achava que eles se tratavam friamente. Sempre achou isso. Tinha o aniversário de 60 anos do Clóvis em Rio Preto. E nesse aniversário, conversando com o Aloysio, com o Tavolaro, com o Clóvis, surgiu o assunto da Zona Franca de Manaus em Rio Preto. Ali que foi startado esse assunto. Dentro desse processo, precisavam da concordância do governo de Manaus. O Tavolaro sabia que eu era muito amigo do Ricardo Gontijo, da Direcional, e a Direcional estava fazendo um loteamento com mais de 8 mil casas lá (Manaus) e estava muito próxima do governo. Vieram falar comigo se eu podia pedir, porque Rio Preto estava sofrendo concorrência de outras duas cidades pela instalação Zona Franca de Manaus e foram duas coisas que fomos fazer em Brasília: Rio Preto já tinha esgotado a cota. Não poderia fazer mais nenhuma casa de zero a três, que já tinha inclusive chupado a demanda da região. Mas o Valdomiro tinha se apaixonado pela forma, pela repercussão que ia dar politicamente... Passou a conhecer o processo do que era um loteamento popular, porque não conhecia. Nem ele nem o Tavolaro. Nós que levamos esse know how para eles. Aí falei: “Valdomiro, tenho um amigo em Brasília, que hoje está no governo Arruda, mas a história de vida dele é a Caixa. Vamos até a casa dele.” E fomos à casa dele, eu, Valdomiro e Tavolaro. Chegamos lá, o nome dele é Flávio Giussan1, nos recebeu, ficou de olhar se a Caixa poderia encaixar Rio Preto em outro processo. Ele sugeriu: porque a gente não fala com o Ricardo, que faz parte das 12 maiores do Brasil, e aprova de maneira diferente, na avenida Paulista, não na superintendência de Rio Preto? Inclusive ele tem avião, tem facilidade de ir em Rio Preto. Aí o Valdomiro e o Tavolaro não, não, não. Então fala para ele levar a gente pra lá hoje, que estamos de carreira, só vamos chegar amanhã em Rio Preto, liga para ele... Aí o Flávio chamou o executivo da Direcional de Brasília e ligou para o Ricardo. O Ricardo não podia, em princípio, ir a Brasília, mas deu um jeito. Saiu com o jatinho de Belo Horizonte, ficamos aguardando no hangar. Enquanto isso passou o Ricardo Teixeira e o Valdomiro ainda comentou: “Pô esse cara é arrogante, não cumprimenta a gente.” O jatinho chegou e subimos no avião eu, Valdomiro, Tavolaro, Ricardo e os dois pilotos. E fomos para Rio Preto. Fomos ver algumas áreas, uma ou duas. O Valdomiro pediu para que o Ricardo intercedesse junto ao governador. O Ricardo foi. Saímos do aeroporto de Rio Preto, deixamos o Valdomiro e o Tavolaro, o Ricardo me deixou em Cumbica. O Valdomiro me ligou para me agradecer. O relacionamento com ele foi bastante cordial, até esse rompimento de contrato. O Tavolaro já não deixava chegar perto do Valdomiro. 

Diário - Qual sua relação com a Constroeste? 
Barbosa - Um sábado à noite, de muito frio, o Tavolaro me ligou e disse: “Pelo amor de Deus, vai estourar tudo em Rio Preto. Tem uma família tradicional, que ajudou o Valdomiro na campanha, e eles perderam a paciência com o Valdomiro. Não estou conseguindo resolver o problema. Ele me levou para Rio Preto para fazer isso, mas não estou conseguindo, está complicado, você precisa ir lá, porque eles dizem que o prazo deles estourou e vão tomar providências.” Peguei o voo das 21h50, cheguei no aeroporto, tinha um carro nos esperando, nos levou à propriedade dessa família, o Tavolaro pediu para que o Clóvis acompanhasse, fomos lá e realmente o clima estava tenso. Segundo a família o Valdomiro tinha se comprometido com eles a dar na administração o que eles haviam compromissado antes e pós eleição. Eles haviam se comprometido e o Valdomiro não estava cumprindo. E eu fui, a pedido do Tavolaro, dar testemunho, pedir mais 15 dias para o Valdomiro. 

Diário - É a família Faria? 
Barbosa - Faria. Tinha acabado de vir de viagem da China com o Wayne (Faria, um dos executivos da Constroeste. Barbosa disse depois que foram à China conhecer e comprar material de construção). 

Diário - Isso foi quando? 
Barbosa - No meio do ano. 2009, primeiro ano do Valdomiro. 

Diário - Havia fraude nas licitações? 
Barbosa - Vou dizer o que ouvi ao Ministério Público, em respeito ao Ministério Público. 

Diário - Você já disse que em “Rio Preto era tudo uma fraude.” O que você quis dizer com isso? 
Eu retratava aí tudo aquilo que o Tavolaro me falava. E eu confiava no Tavolaro. Eu imagino que por eu saber demais, ou por ele imaginar que eu sabia demais, seja em Rio Preto ou no Dersa, que ele tramou para que eu ficasse preso. (Quando estava preso, advogados) me disseram: “ele (Tavolaro) sabe que você é inocente, seu HC já está pago, R$ 400 mil, mas você não pode falar de Natal, não pode falar do contrato das casas, não pode falar do carro...” 
Diário - O que é essa questão do carro? 
Barbosa - Eu vou me reservar nesse assunto. A gente pode até falar depois que falar com o MP. Vou esclarecer isso aí. 

Diário - O Tavolaro ganhou um carro de uma empresa, é isso? 
Barbosa - O carro ficou no meu nome. 

Diário - Era o Astra ou o Vectra que ele usava em Rio Preto? 
Barbosa - Nem o Astra nem o Vectra. Eu vou detalhar ao MP. Em respeito ao MP. Estou deixando bem claro: quando digo fraude em Rio Preto estou retratando aquilo que o Tavolaro me dizia. Ele me contava muitas coisas. Ele se abria comigo. 

Diário - Ele disse exatamente isso: que ficava com 35% de tudo que o Valdomiro recebia? 
Barbosa - Me disse. Me disse. 

Diário - Dá para dizer que era dinheiro de propina? 
Barbosa - Não vou fazer pré-julgamento. Pode ser. Mas pode ser que eles tenham algum negócio particular. Não vou fazer pré-julgamento de ninguém. Não vou condenar ninguém. Só estou retratando tudo aquilo que vi e ouvi, para você e para o Ministério Público do Rio Grande do Norte. Tudo. O que me choca é essa hipocrisia, de gente que eu jantei mais de três, quatro vezes, inclusive um senador, e quando perguntado sobre mim, dizer que se me ver num elevador não conhece. 

Diário - Por que você não poderia falar do contrato das casas? 
Barbosa - Só tem um motivo: que ele (Tavolaro) e o Wilson tinham me dito que não iam me pagar mais porque esse dinheiro ia para o Valdomiro. 

Diário - E a questão das passagens aéreas que a Constroeste emitiu para o Tavolaro? 
Barbosa - É real. Uma vez só. Fui pegar as passagens para a China com o Wayne (Faria, executivo da Constroeste). Minha, do Clóvis e do Wayne. Fui pegar na Rodojet. E o Tavolaro estava preocupado que o João Faustino já tinha voltado para o RN. Íamos viajar para China eu, o Clóvis e o Wayne. E o Tavolaro queria mostrar para o João Faustino que ele tinha... A Controlar chegou a desistir do processo de inspeção. Sempre ajudou porque estava ajudando o Palácio, era um pedido da Casa Civil de São Paulo e do Tavolaro, em respeito ao currículo dele. Quando a Controlar resolveu ajudar, o Tavolaro quis ter o João Faustino e o Clóvis aliados a ele para pedir ao Aloysio um cargo num eventual futuro governo. Aí, ele forçou essa ida. O Clóvis, num jantar entre a gente, comentou que o João Faustino ligou e chamou para jantar na casa dele, mas como ia para China falou para deixar para a volta. O Tavolaro falou: “não, não, vamos agora, vamos agora.” Ele forçou essa ida ao RN. Foi a primeira vez que eu fui ao RN. Aí o Clóvis falou: “Já estamos gastando, a China.” O Tavolaro então falou: “Deixa comigo, eu vou pegar essas passagens, a minha, a tua e a do Alcides.” Foi uma semana antes de eu viajar para a China. Quando eu fui pegar as passagens para a China, o Wayne já sabia que eu iria para o RN e me deu o dinheiro das passagens. Eu peguei lá dentro da Constroeste. 

Diário - Qual o interesse da Constroeste em fazer agrados ao Tavolaro? 
Barbosa - Eles eram muito íntimos. O relacionamento deles sempre foi muito íntimo. 

Diário - Você tem conhecimento se há ou houve direcionamento de licitações? 
Barbosa - Não posso afirmar isso. Chegou um período que me afastei. Só queria resolver a minha questão em relação ao Tavolaro. Queria receber o que era meu de direito pela consultoria que prestei. 

Diário - Você declarou ao MP que os editais de Rio Preto eram feitos em São Paulo, no escritório do Tavolaro, em conjunto com as empresas. Era isso mesmo? 
Barbosa - Ele me dizia. Sempre me disse isso. O escritório sempre foi frequentado por empresas. 

Diário - Você tem conhecimento que a Haus entrou com uma queixa-crime contra você? 
Barbosa - Se eles entraram, é ótimo. Minha ação está paralisada contra eles, foi extinta, porque não tive dinheiro para recolher as custas, de R$ 28 mil. Se eles entraram, seja queixa-crime, indenizatória, vou ter oportunidades de dar detalhes. O que o Wilson me passou após o rompimento. Acho importante essa ação. Tem muita coisa distorcida que eu vou poder falar para o MP e dar detalhes. 

Diário - O que está distorcido? 
Barbosa - É como se eu fosse um bandido que foi lá em Rio Preto fazer chantagem contra o prefeito. Precisava o prefeito ter chamado a polícia? Chamar de bandido uma pessoa que ele recebeu na casa dele, que dei carona no meu carro várias vezes, que atendi um pedido dele, que trouxe o Ricardo, pus ele num jatinho, que ele ainda falou “puxa, isso é bom, primeira vez que estou andando num jatinho executivo.” 

Diário - Você tem alguma foto com o Valdomiro? Ele diz que não te conhece. 
Barbosa - Tem no apartamento da Borges Lagoa. Na casa dele. 

Diário - Quantas vezes você foi na casa dele? 
Barbosa - Uma vez, na casa do Damha. Por quê? Peguei o Tavolaro de manhã em São Paulo e ele pediu para quebrar um galho. “Você já está amigo do Valdomiro mesmo, preciso que vá a Rio Preto e encontre com o Valdomiro que ele vai sair amanhã cedinho para a fazenda em Tocantins. Eu compro sua passagem, não sei se vai querer falar na casa dele ou onde vai ser. Mas chegando em Rio Preto liga para ele.” Cheguei no aeroporto, peguei o carro do Tavolaro, fui até o Damha, entra na portaria, contorna a esquerda e ele pediu para eu parar na garagem. Entramos, batemos um papo rápido dentro da casa dele. Eu não menti. E não usei nada disso para fazer chantagem. O dia que fui na Prefeitura e ele chamou a polícia fui na Caixa onde fui recebido cordialmente. Dois gerentes me receberam cordialmente. Imaginei que ainda estivesse o gerente que tínhamos assinado o contrato em Presidente Prudente. Viram que não estava falando besteira. Mostrei a ação e ninguém chamou a polícia. Tomamos café. Na prefeitura fui falar com o Alex (de Carvalho, chefe de gabinete). Tentei falar com ele. 

Diário - Você já conhecia o Alex? 
Barbosa - Claro. Estive com ele várias vezes. Quando o Tavolaro fez aquele show do Fábio Júnior lá naquele clube (Monte Líbano) ficamos no mesmo camarote. O Alex esteve comigo, jantamos duas vezes em São Paulo. Conheci o Paulinho também. 

Diário - Por que o Paulinho (ex-assessor do gabinete) saiu da Prefeitura? 
Barbosa - Não sei. Quando saiu aquela notícia de que eu estava preso o advogado chegou na cadeia e disse que tinha recebido visita do Tavolaro e foi o Paulinho lá dizer que eu tinha sumido com R$ 5 milhões. O que eu vou relatar é que bandido eu não sou. Não tem nenhuma ação contra mim. Doido eu também não sou. Pergunte ao Tavolaro se quando ele me apresentou ao Vaz de Lima, quando jantamos numa cantina em Higienópolis, se ele me apresentou como doido. Pergunte aos empreiteiros do Rodoanel se sou doido. Pergunte ao Tavolaro se ele esqueceu do condomínio que ele ia fazer em Ilhabela com um diretor da Dersa, que eu ia tratar dos interesses dele? De repente eu sou bandido? Sou doido? 

Diário - O que aconteceu nesse dia que você foi à Prefeitura? Você acabou falando com o (procurador Luís Roberto) Thiesi. 
Barbosa - As duas pessoas mais próximas do Tavolaro em Rio Preto e automaticamente mais próximas de mim eram o Alex e a Mary, que inclusive é de São Paulo. 

Diário - Você conhece a Mary (Brito, secretária da Fazenda)? 
Barbosa - Muito. Fui à casa dela, churrasco, ela na casa do Tavolaro, aniversário da mulher do Clóvis em São Paulo. Já tinha ligado para o Alex, daqui, tentando marcar uma audiência. Qual o problema? Não sou bandido, não posso entrar na Prefeitura? Como empresário, como cidadão? É a única Prefeitura do Brasil que você entra e chamam a polícia. Cheguei lá, Samuel, se não me engano, houve a reforma, não sabia, o Oscarzinho (Pimentel, presidente da Câmara) saiu, me cumprimentou. Cheguei, pedi para falar com o Alex, e falaram que não estava. Não estava para mim. Fui com um advogado comigo. Descemos até a Mary. “Mary, preciso de um canal de diálogo, não posso perder esse dinheiro, estou numa situação difícil.” A última vez que o Tavolaro me procurou, apesar de já termos rompido, ter divergências, me falou: “Alcides, não temos mais teto para casas em Rio Preto pela Caixa, mas estou sabendo que você e a Direcional estão desenvolvendo em São Paulo para o casa paulista, ajuda a gente, o Valdomiro vai ficar feliz, você se reaproxima, é uma maneira de ganhar o que perdeu na outra, já está desenvolvendo o projeto...” Sempre usaram desse método, “você recebe depois, recebe depois.” E eu aprendi com o Tavolaro, que é nosso mestre do direito, para não entrar na Justiça, que sempre atrasa, sempre procura negociar, e eu fui acreditando. Depois os caras me pagam, depois os caras me pagam. Aí, fui juntar, tenho certeza que tem documentos da ATL na Prefeitura, eu que fiz as negociações, ia perguntar para o Alex. Não me recebeu. A Mary também não. Não tem mais ninguém. Fui na Procuradoria, não posso sair de São José dos Campos e não ser recebido por ninguém. Cheguei na Procuradoria e de cara a Daniele, a Carol (secretárias) já me cumprimentaram. O Thiesi estava no telefone, e de cara disse que não se lembrava de mim. Aí eu disse: “Lembra sim, frequentou o escritório em São Paulo e te levei para jantar umas duas ou três vezes a pedido do Tavolaro.” “Puxa, é mesmo, é verdade, você sempre me tratou muito bem, me desculpe, estou com cabeça quente.” Falei: “Thiesi, estou vindo aqui porque eu entrei com essa ação (contra a Haus, cobrando os R$ 2,7 milhões)” - já tinha entrado, não fui lá (na Prefeitura), mandar recado, querer contrapartida. Falei “estou entrando com essa ação retratando o que o Tavolaro fez, o que o Wilson e o irmão dele disseram, para que era (o dinheiro).” Aí ele falou: “Você é louco, colocar o nome do prefeito.” Não sou louco. Estou retratando o que falaram. Louco é abrir mão desse dinheiro. Ele folheou a ação e disse. “Nem sei o que vou te dizer, isso é uma loucura, você é tão amigo do Tavolaro...” Aí contei tudo para ele, do dia da prisão, e ele me disse. “Alcides, faz de conta que nem te vi, você sabe meu vínculo com Edinho (Araújo, ex-prefeito).” E fui embora. Em nenhum momento disse: “Quero falar com o Valdomiro.” Aí fui até a Caixa, fui muito bem recebido, sempre tratei a Caixa com dignidade, retratei, em respeito à instituição. De repente estou em casa no domingo à noite e me liga um amigo dizendo: “Viu que o prefeito de Rio Preto está te chamando de bandido?” Não sabia de nada. 

Diário - Como você reagiu a isso? Ao fato de Valdomiro ter acionado a Polícia Civil? 
Barbosa - É uma tentativa de me intimidar. Desqualificar. É o que o Tavolaro tem feito. O Wilson veio duas vezes a São José dos Campos em dezembro. Chegou, e perguntou o que poderia fazer para me ajudar. Sem o Tavolaro saber. Perguntou à minha mulher. Nesse negócio que estávamos fazendo desse prédio, para garantir a prioridade, o proprietário pediu R$ 30 mil, o Wilson adiantou, deu para garantir. Pediu para entregar esse dinheiro para minha esposa. Disse que ia para o exterior e na volta faria um cronograma de pagamento daquilo que me devia. Mas na primeira semana de dezembro aparece na cadeia um desses advogados e fala para mim que Tavolaro estava feliz da vida, que nunca foi a Natal, que tem convicção que a Justiça não aceitará a denúncia contra ele, e você está morto, abandonado. O cara da Haus não quer saber de você... Meu advogado e o Tavolaro orientando. Depois disso, o Wilson nunca mais apareceu. Para mim fica nítida a forma do Tavolaro fazer de me sufocar, me estrangular, me desqualificar. Todos que me atacam querem me desqualificar. Veio aqui, nesse escritório, o Wilson, espontaneamente, negociar. Quando o Tavolaro soube que ele veio aqui, depois de 10 dias chegou notificação de criminalista renomado. 

Diário- O Wilson veio aqui fazer o quê? 
Barbosa - Me pagar. Os R$ 2,7 milhões (que teriam ido para Valdomiro e Tavolaro). Admitiu. Pediu uma semana para fazer um cronograma de pagamento. 

Diário - A Haus sempre quis te pagar, mas veio pressão do Valdomiro e uma segunda do Tavolaro para não fazer. É isso? 
Barbosa - Segunda ou terceira, porque ele veio em dezembro, queria ajudar. Veio aqui espontaneamente quando soube que eu estava solto. Mas havia plano para me deixar isolado. Minha família ficou com R$ 500. Minha mulher e duas crianças. Foi um ato desumano o que fizeram. E continuam tentando me calar. De que jeito? Me desqualificando. Só vejo essa forma. Do Valdomiro falar “bandido” para me desqualificar. É assim que todos que me devem ou estão preocupados estão reagindo. Ou ele (Valdomiro) foi mal orientado. Há essa possibilidade. 

Diário - Você já foi notificado do inquérito policial em Rio Preto? 
Barbosa - Não, nada. Até gostaria de saber qual foi o fundamento. Fiquei sabendo através do seu jornal. Hora que chegar vamos nos explicar. Não tenho dinheiro, mas tenho dignidade. Estou retratando a verdade. O MP está checando o que falei no RN e o de Rio Preto vai checar. Estou falando a verdade. Não tenho medo. Hoje vivo da ajuda humanitária. Vou retomar minha vida, mas é muito difícil. Ter uma pessoa que você conviveu mais de cinco anos, foi na sua casa, na cidade em que nasci, que é Oswaldo Cruz, se relacionou com amigos meus de infância, e sair falando mal de mim, tentando me desqualificar, me chamando de doido, outro, talvez influenciado, me chamar de bandido sem saber porque. 

Diário - Sobre essa pressão para retirar seus vencimento, você tem notícia se aconteceu em outros contratos com a Prefeitura de Rio Preto com empreiteiras? 
Barbosa - Vou te falar uma coisa e me reservar em outra. Vi muita gente sair insatisfeita daquele escritório em São Paulo. Muita gente. O que acontecia? As portas eram fechadas e eu não entrava, mas todo mundo sabia que eu era o melhor amigo do Tavolaro. As pessoas que ficavam insatisfeitas vinham chorar as mágoas para mim, dizendo que não cumpriam acordos. 

Diário - O que seria esse “não cumprir?” Reter dinheiro? 
Barbosa - Não sei. Algumas coisas tenho aqui e vou mostrar ao MP. Em respeito ao MP não vou mostrar agora. 

Diário - Você conheceu a Eliane Abreu (ex-secretária de Administração, também denunciada no RN)? 
Barbosa - Muito. E ela também. Só faltava ela também dizer que não me conhece. O Tavolaro foi responsável pela promoção dela. 

Diário - Ela teve participação no esquema? 
Barbosa - Sinal Fechado? Claro. 

Diário - Ela sabia ou entrou de laranja? 
Barbosa- Entrou de gaiato. Estava do lado o dia que o Tavolaro falou com ela pedindo pesquisa do edital. 

Diário - A questão do carro, como ele foi para no seu nome? Quem deu ele ao Tavolaro? 
Barbosa - Só vou te dizer que não é o Astra nem o Vectra. 

Diário - Em São Paulo vocês dividiam o mesmo escritório? 
Barbosa - Claro. (mostra cartão dele com logomarca do Tavolaro Advogados). Primeiro na Joaquim Floriano depois fomos para a Bandeira Paulista. 

Diário - O Tavolaro é especializado em editais fraudulentos? 
Barbosa - Ele é especialista em editais. Eu jamais permitiria, se tivesse convicção disso, que passasse tudo do Rio Grande do Norte pelo meu e-mail. Sempre dizia que era porque eu não tinha cargo público. Que ele era procurador e não poderia. Se soubesse que era crime... A confiança no Tavolaro era cega, irrestrita. Pode ver que os e-mails ao RN não há uma linha minha. 

Diário - Você tem informação de que o Valdomiro recebeu de alguém algum tipo de vantagem indevida? 
Barbosa - Olha, não entreguei nenhum centavo na mão do Valdomiro. Tudo o que sei de Rio Preto, fora o contrato que eu vi se virando contra mim, são reclamações de empresas, o Tavolaro se lamentando do Valdomiro... 

Diário - Você disse que ficou uma vez no flat do Valdomiro em SP... 
Barbosa - Fui até lá várias vezes. Na Borges Lagoa. 

Diário - Fazer o que lá? 
Barbosa - Muitas vezes o Tavolaro estava em Rio Preto e vinha a São Paulo e ligava para mim. O motorista não estava e ligava para mim. Tínhamos relacionamento íntimo. Não custava nada para eles pegarem um táxi. Mas ligavam para mim. Ia até o aeroporto, pegava o Tavolaro e o Valdomiro, às vezes almoçávamos. Tinha muitas conversas, a questão da Zona Franca de Manaus. 

Diário - Você imagina o que pode ter levado o Tavolaro a Rio Preto por um salário de R$ 7,7 mil? 
Barbosa - Essa pergunta nós também fizemos. Eu, o Clóvis, todos fizemos. Tanto é que ele passou a justificar a ida dele a Rio Preto, para o pessoal do Dersa, das empresas do Rodoanel que iam no escritório, que o Aloysio pediu, que precisava estar bem com o Aloysio. 

Diário - Você não imagina o verdadeiro motivo da ida dele a Rio Preto? 
Barbosa - Não imagino. Ele falou que o Valdomiro ia deixar ele do lado dele, que tinha projetos grandes, que o pessoal de Rio Preto não sabia fazer licitação do que estava para vir, que ia ter muita coisa em Rio Preto, que o Valdomiro ia no futuro fazer a privatização da água, que o cara que poderia fazer isso era o Tavolaro. Diz que era competência mesmo. 

Diário - Todos os editais das grandes licitações eram feitos pelo Tavolaro. 
Barbosa - Exatamente. Antienchente, ônibus... Esse foi, para mim, para o íntimo, para quem sabia que não era indicação do Aloysio, nem o Manoel, que foi coordenador da campanha, indicado pelo Aloysio, no dia da posse não tinha cadeira para ele. 

Diário - O seu problema é o contrato da Haus que te tiraram os R$ 2,7 milhões? 
Barbosa - Com certeza. O contrato da Haus e a operação abafa para me desmoralizar, me sufocar, me isolar... 

Diário - Qual é o objetivo dessa operação abafa? 
Barbosa - Evitar que isso se tornasse público. Em respeito ao Ministério Público vou dar detalhes ao Ministério Público. 

Diário - Você viu a declaração do Valdomiro de que não te conhece? 
Barbosa - Uma vergonha. Vi pela imprensa. Outra coisa: o único que foi coerente foi o Clóvis. Disse que me conhece e sabe que o Valdomiro me conhece. Vem o Valdomiro dizer que sou bandido e não me conhece? Que hipocrisia é essa? 

Diário - Quando foi essa questão do jatinho? 
Barbosa - É um Citation vermelho e branco em nome da pessoa física do Ricardo em que eu fiz várias viagens a trabalho. Sempre tive um bom relacionamento. 

Diário - A Direcional tem investimentos em Rio Preto? 
Barbosa - Não deu certo. Viu que a MRV fazia um trabalho muito forte lá. E o Valdomiro misturou demais as situações. Queria pedir demais a questão da Zona Franca de Manaus. 

Diário - Qual a influência da Direcional na Zona Franca? 
Barbosa - A Direcional tinha bom relacionamento com o governador do Amazonas. Eles têm o maior conjunto lá e o Ricardo seria um aliado de Rio Preto. Ajuda que estávamos dando gratuitamente. Começou a misturar demais. Pedia mais ajuda para falar com o governador do Amazonas do que o projeto habitacional. 

Diário - Qual sua ligação com Paulo Eugênio? 
Barbosa - Fui a Campo Grande fazer casa popular lá. Conheci o Paulo Eugênio, me disse que era de Rio Preto, que tinha uma TV. Não teve tempo de a gente ter bom relacionamento. Ele sabe do contrato das casas. Tem umas seis pessoas que sabem. Inclusive a gerente do banco, porque isso me quebrou. Apresentei o contrato para levantar um dinheiro, o banco abriu linha de crédito e de repente morre o contrato. 

Diário - Você chegou a conversar com o prefeito sobre isso? 
Barbosa - Nunca mais. Não sei o que o Tavolaro disse a ele. Percebi que passou a me evitar. 

Diário - Você acha que ele tem conhecimento dessa história? 
Barbosa - Não sei. A reação dele daqui para frente é que vai dizer. Só sei que não tinha motivo para ele me chamar de bandido. Ele que vai dizer de onde foi buscar essa palavra bandido, essa forma autoritária de agir, áspera, com uma pessoa que ele chamava de “amigão.” Tenho passado limpo. 46 anos e nenhum antecedente, nenhuma acusação, tirando esse problema de Natal. 

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