Operação Assepsia: Antônio Luna admite ter se reunido com Tufi Meres

Em seu depoimento do dia 27 de junho, dia em que foi deflagrada a Operação Assepsia, o secretário de planejamento da prefeitura de Natal, Antônio Luna, preso na ocasião, confirmou ter ido ao Rio de Janeiro negociar pessoalmente com Tufi Meres.
No início de seu depoimento, Luna afirmou que não era o responsável pelos pagamentos à Associação Marca, mas logo em seguida se contradisse ao afirmar que, após solicitação de Francisco de Assis Viana, coordenador financeiro da Secretaria de Saúde, negociou pagamento diretamente com Tufi Meres, líder da organização.
Luna disse que esteve com Meres duas vezes e que trataram de atraso de pagamentos.  "Uma vez Tufi esteve em Natal, há cerca de dois meses, e outra no Rio de Janeiro", disse o secretário.  Segundo Luna, Tufi pediu uma proposta para que a prefeitura pagasse o devido à Marca.  O encontro se deu em um restaurante junto da estação castelo, no centro do Rio, próximo ao escritório de Tufi Meres.
O depoimento de Tufi Meres ainda revelou outras questões.  Ele negou que tivesse sabido, ao menos oficialmente, que o estado pleiteava assumir a administração da UPA de Pajuçara - ainda que isso tenha sido registrado em ligação telefônica entre Luna e o ex-procurador geral do município, Bruno Macedo.
Luna também foi perguntado sobre o repasse de valores a secretários e secretarias após o horário de expediente bancário.  "Não existe repasse depois do expediente bancário", disse o secretário.  No entanto, a investigação do MP prova um cenário diferente.
Luna, aparentemente, abastecia financeiramente, com recursos desviados, uma ampla gama de agentes públicos envolvidos na gestão do município.
Segundo o Ministério Público, até

"mesmo o Presidente do Diretório Municipal do Partido Verde RIVALDO FERNANDES, atual Secretário Municipal de Relações Interinstitucionais e Governança Solidária - SERIG, faz uma cobrança de dinheiro a LUNA, quantia que deve ser enviada até as oito horas da noite. Como a mensagem SMS foi enviada depois das 19:00h, há indícios de que não se trata de um pagamento regular da administração pública, já que o expediente bancário já foi encerrado, mas possivelmente de dinheiro arrecadado por LUNA em virtude do cargo público".

O documento do Ministério Público faz uma observação importante ainda sobre esse dinheiro cobrado por Rivaldo via SMS: "a secretaria titularizada por RIVALDO FERNANDES era a secretaria de relações institucionais que não lidava com fornecedores, atuando apenas na articulação política".
Luna afirmou, em seu depoimento, que "nunca houve a intermediação de Francisco de Assis Rocha Viana ou de Bosco Afonso para pagamentos da Molok", o que também é desmentido pelas interceptações telefônicas e pela investigação do Ministério Público.
Por fim, Luna negou que tivesse intermediado a contratação da empresa de engenharia de trânsito Oficina em São Paulo.  Mesmo assim, confirmou que se encontrou duas vezes com representante da empresa em São Paulo - não lembra o nome dele -, mas não articulou um encontro da prefeita Micarla de Sousa com a Oficina.
Isso levanta algumas questões.  Por que um secretário de planejamento de Natal se encontraria com uma empresa de engenharia de trânsito em São Paulo, empresa essa que, finalmente, seria contratada pelo município?  Se o MP perguntou sobre a articulação para um encontro da prefeita com a empresa será que há algum indício relacionado a isso?
Questões que somente serão respondidas no avançar das investigações.

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