16/8/2012, Paul Craig Roberts
  O covarde morre várias mortes; o bravo, só uma.
  
  O ex-orgulhoso governo britânico, reduzido hoje a prostituta servil de Washington,  vestiu os coturnos da Gestapo e declarou que, se a Embaixada do Equador em  Londres não lhe entregar Julian Assange de WikiLeaks, soldados britânicos invadirão  o prédio e arrancarão Assange de lá. O Equador não se intimidou. "Queremos ser  aqui bem claros: não somos colônia britânica" – respondeu o ministro de  Relações Exteriores do Equador. Também longe de deixar-se intimidar, o  presidente do Equador, Rafael Correa, respondeu à ameaça com concessão de asilo  político a Assange. 
  
  O governo britânico, que foi conhecido um dia pelo respeito à lei, não se  envergonhou de anunciar que violaria a Convenção de Viena e assaltaria a  Embaixada do Equador – exatamente como fizeram os estudantes islâmicos na  Revolução de Khomeini, em 1979, no Irã, que invadiram a embaixada dos EUA e  aprisionaram todos que lá encontraram. 
  
  Empurrados pelos patrões em Washington, os britânicos recorrem a táticas de  estado pária. É mais que hora de o mundo começar a preocupar-se com as bombas  atômicas britânicas.
  
  Não custa repetir: Assange não é fugitivo da justiça. Não foi acusado de crime  algum, por tribunal algum, em país algum. Não estuprou mulher alguma. Não há  condenação a ser cumprida em tribunal algum, nem tribunal algum jamais lhe fez  acusação alguma. O mandado de extradição sueco não tem qualquer validade. Não é  absolutamente prática normal que pessoas sejam extraditadas para serem  interrogadas, especialmente se, como no caso de Assange, manifestou perfeita  disposição para colaborar e deixar-se interrogar pela segunda vez por  funcionários suecos, em Londres.
  
  Do que, afinal, se trata? Primeiro, os jornais noticiaram que Assange foi  convidado por duas mulheres caçadoras de celebridades para as respectivas casas  e respectivos leitos. Dias depois, por razões jamais explicadas, uma dessas  mulheres apresentou queixa de que Assange não usara preservativo; e a outra  reclamou que ofereceu um intercurso, mas Assange colheu dois. Um promotor sueco  examinou o caso, constatou que nada havia ali de ilegal e rejeitou a acusação. Assange  partiu para a Inglaterra. 
  
  Então, uma promotora sueca, uma mulher, apresentando-se não se sabe em nome de  que autoridade ou direito, reabriu o caso e expediu ordem de extradição contra  Assange. É procedimento tão pouco usual, que o caso tramitou por todo o sistema  judicial britânico até a Suprema Corte e depois, na apelação, voltou à Suprema  Corte. No final, a 'justiça' britânica fez o que o patrão em Washington ordenou-lhe  que fizesse e declarou válido o tal estranhíssimo mandado de extradição.
  
  Assange, ao perceber que o governo sueco obrava para entregá-lo a Washington para  ser mantido sob prisão sem prazo para acabar, torturado e condenado como  espião, buscou proteção na Embaixada do Equador em Londres. 
  
  Corrompidos e obscenos, o governo britânico e o governo do Reino Unido não querem  entregar Assange diretamente a Washington. Se o entregarem à Suécia, fingirão que  não sujam as mãos.
  
  A Suécia, que um dia foi país honrado – como o Canadá, onde cidadãos  norte-americanos que se recusavam a combater na guerra do Vietnã encontraram  abrigo e asilo – foi subornada e hoje está submetida ao tacão de Washington.  Recentemente, diplomatas suecos foram expulsos da Bielorrússia, onde parecem  ter-se envolvido em operações de submundo, pagos por Washington para orquestrar  uma "revolução colorida", do projeto de Washington para ampliar suas bases e  criar mais estados fantoches em território da Rússia tradicional.
  
  Todo o mundo, inclusive os servis estados fantoches de Washington, sabem que,  se Assange for entregue a mãos suecas, Washington obrigará a Suécia a  entregá-lo. A Suécia obedecerá. 
  
  O Equador entende tudo isso. O ministro das Relações Exteriores Ricardo Patiño  anunciou que o Equador concedeu asilo político a Assange porque "há sinais que  permitem presumir que haverá perseguição política." Patiño reconhece que, nos  EUA, Assange não terá julgamento justo e pode vir a ser condenado à pena  capital, em processo excepcional, impermeável a qualquer análise objetiva e  civilizada.
  
  A ex-Grã, hoje minúscula, Bretanha, estado fantoche dos EUA, anunciou que  Assange não será autorizado a deixar a Grã-Bretanha. A isso está reduzido o  governo britânico, que já não defende nem a lei nem qualquer direito humano  fundamental. Se os britânicos não invadirem a Embaixada do Equador e de lá  sequestrarem Assange, morto ou algemado, a posição britânica é que Assange  viverá o resto da vida dentro do prédio da Embaixada do Equador em Londres. Segundo  o New York Times, o asilo que Assange  recebeu "protege-o contra a prisão exclusivamente em território do Equador  (inclusive a embaixada). Para deixar o prédio para viajar ao Equador, é  indispensável um acordo que os britânicos dizem que não farão." 
  
  Quando o assunto é escolher entre o dinheiro de Washington e a ação honrada,  que respeita a lei internacional, o governo britânico já nem vacila: escolhe  logo o dinheiro.
  
  O mundo anglo-norte-americano, que finge ser a âncora moral da humanidade,  afinal revela sua verdadeira face, por baixo da máscara: é a cara da Gestapo.
  
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