Denúncias levam Cruz Vermelha a assembleia e possível intervenção internacional


Lembrando que a Cruz Vermelha era representada por Daniel Gomes, da Toesa, envolvido em fraudes na área de contratos da saúde, inclusive na Operação Assepsia.
Diante de uma série de irregularidades apontadas ao longo dos últimos meses na administração da Cruz Vermelha Brasileira (CVB), instituição centenária, declarada de utilidade pública pela Presidência da República, uma sessão extraordinária marcada para esta terça-feira permitirá a intervenção da diretoria internacional na condução das atividades em curso pela atual diretoria.
Em carta datada de 22 de agosto último, de Buenos Aires, ao atual presidente da CVB, Walmir Moreira Serra Junior, o chefe da Delegação Regional da Comissão Internacional, Felipe Donoso, e o representante regional da Federação Internacional, Gustavo Ramirez, reafirmaram a intenção de trabalhar em conjunto com os atuais diretores da instituição, mas alertaram que na assembleia desta terça-feira, se houver “obstáculos maiores de natureza interna para a CVB impedindo a implementação normal da auditoria, entenderíamos como esgotadas todas as opções pertinentes para uma solução da crise institucional e teríamos que dar outros passos dentro do que permitem os estatutos”.

Cruz Vermelha tem sido alvo de acusações como desvio de recursos e malversação de fundos das doações que recebe para cumprir sua tarefa, além de conduzir negociações temerárias ao patrimônio da instituição que, no Centro do Rio, inclui um terreno avaliado na ordem de mais de R$ 100 milhões. Donoso e Ramirez, na correspondência, reiteraram que “além de atingir a própria CVB, este crise afeta a integridade do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho”.
Em junho deste ano, tanto a Federação Internacional quanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, após estudo realizado quanto ao quadro de dificuldades enfrentado pela instituição, constataram que os fatos “indicam claramente que existem vários elementos favoráveis à mudança” ao mesmo mesmo tempo que identificaram “uma série de condições que se não forem enfrentados de maneira sistemática, urgente, enérgica, unificada e transparente, poderiam ameaçar a recuperação necessária e o desenvolvimento da CVB assim como a sua própria existência”. Após identificadas as questões centrais do desequilíbrio econômico porque passa a instituição, os dirigentes internacionais recomendaram uma série de medidas, que deveriam ser adotadas até a reunião desta terça-feira.
– Nada aconteceu. Nenhum dos ítens recomendados foram providenciados e nenhuma solução foi apresentada aos graves fatos que corroem a credibilidade da Cruz Vermelha Brasileira – afirmou uma fonte ouvida peloCorreio do Brasil, ligada aos organismos internacionais de administração da CVB.
Responsável pela condução dos trabalhos na reunião convocada por edital, no último dia 28, o secretário-geral da CVB, Paulo Roberto Costa e Silva, acredita ser possível uma solução de continuidade para a série de denúncias que minam a “história secular da marca mais conhecida no mundo, que é a Cruz Vermelha”, disse, sem que haja maiores prejuízos “ao maior patrimônio da CVB, que é a sua credibilidade”. Costa e Silva é coronel do Exército na reserva, mestre em Operações Militares e doutor em Ciências Militares e foi membro do Gabinete Militar da Presidência da República.
– Cuidaremos de cumprir, à risca, o Edital de Convocação da Sessão Extraordinária do Conselho Diretor Nacional da Cruz Vermelha Brasileira. Na ocasião, após a eleição ad hoc do presidente da Sessão, haverá a confirmação do compromisso tripartite de Brasília e a aprovação da auditoria externa independente desde o órgão central, filiais e todas as dependências anexadas – afirmou.

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