Jornalista agredido será operado hoje

O jornalista Roberto Guedes se recupera do atentado sofrido na noite do sábado passado. Atingido por uma pedra, Roberto teve o braço fraturado em dois pontos e deve passar por nova cirurgia hoje. No domingo pela manhã, ele se sibmeteu a uma intervenção cirúrgica para identificar a região ferida.

Internado no Hospital da Unimed, ele tem situação estável e passa bem. A reportagem do NOVO JORNAL o entrevistou no apartamento onde está recebendo atendimento médico. Com o braço enfaixado, Guedes atribuiu o ataque sofrido a um grupo político que está em campanha eleitoral em Caiçara do Rio dos Ventos, sua cidade natal.

"A minha independência em informar tudo o que sabia não é bem vista. Isso incomoda muita gente em Caiçara", disse Roberto Guedes. Além do ferimento do braço, Roberto teve o veículo alvo de violência por parte de pessoas que diz já ter identificado.

A ocorrência teve início quando o jornalista, que possui residência em Caiçara, se deslocava para a Igreja na noite do sábado passado. "Em virtude dos constantes ataques que pessoas da cidade vinham recebendo, propus uma missa para a pacificação da cidade. Para que aquilo que estava ocorrendo não acontecesse mais", contou.

Antes de ir à Igreja, Guedes passou pelo posto de gasolina do município, onde teve início as discussões e brigas. Ele diz ter sido cercado por homens que o impediam de deixar o local e passaram a chutar seu carro.

"Eles jogaram um líquido amarelo no para-brisas e eu não conseguia ver nada. Foi quando buzinei e arranquei para escapar daquela confusão. Senti um impacto e eles estão dizendo que atropelei uma pessoa", relatou. O jornalista reforçou que agiu por instinto de legítima defesa: "Se não tivesse saído de lá da forma que fiz, estaria morto".

Após fugir do posto de gasolina, Roberto foi mais uma vez cercado na saída da cidade, oportunidade na qual foi atingido por uma pedra. "A pedra quebrou o vidro do lado do motorista e imprensou meu braço contra o volante. Fiquei com muita dor", disse. Mesmo com o ferimento, o jornalista decidiu sair da cidade e procurar proteção policial.

Ele dirigiu cerca de 70 quilômetros com o braço quebrado até parar no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Macaíba, onde pediu ajuda. O caso foi registrado na Delegacia de Plantão da Zona Sul de Natal pelo delegado Custódio Arrais Neto e deverá ser investigado pela delegacia de Caiçara.

Lá, a outra parte registrou boletim de ocorrência em virtude do atropelamento e Roberto Guedes registrou o boletim pelo atentado e a violência sofrida. "Agi em legítima defesa.

Em vários momentos, entre Caiçara e Macaíba, pensei que fosse morrer", relatou emocionado no leito do hospital.

A atuação jornalística o levou a receber ameaças na cidade. Em virtude disso, chegou a pedir proteção policial na semana passada ao Ministério Público da Comarca de Lajes.

Na manhã deste domingo, Roberto passou por uma cirurgia exploratória que visava identificar melhor a lesão sofrida no braço esquerdo. A equipe médica já informou que hoje ele deverá passar por novo procedimento cirúrgico, que irá implantar placas e pinos para auxiliar na recuperação da região ferida.

Sem retorno

O NOVO JORNAL tentou falar com o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério, mas ele alegou estar voltando de uma viagem e preferiu não se pronunciar sobre o caso, sugerindo que procurássemos o delegado regional de Caiçara do Rio dos Ventos, Otacílio Medeiros, mas ninguém atendeu às chamadas do telefone da delegacia.

O NOVO JORNAL também procurou a assessoria de comunicação da Delegacia Geral da Polícia Civil (Degepol), mas, novamente, as ligações não foram atendidas.

Sindicato repudia agressão

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte emitiu nota ontem repudiando a agressão sofrida por Roberto Guedes, assim como reforçando a necessidade de apuração policial do caso. Confira a nota na íntegra:

"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte repudia toda e qualquer forma de violência principalmente gerada como forma de intimidar jornalistas no exercício da profissão. É inadmissível que nos dias atuais pessoas não aceitem opiniões diferentes e achem que com violência poderão cercear a liberdade de expressão.

O Sindjorn se solidariza com o jornalista Roberto Guedes que sofreu um atentado nesse sábado, 15 de setembro. Segundo seu relato, em represália a críticas políticas que teria feito no município de Caiçara do Rio dos Ventos. É preciso que o fato seja apurado e que todas as medidas cabíveis sejam tomadas, seja por parte da polícia como também da Justiça. Não podemos admitir que coisas desse tipo tornem nosso estado um dos mais perigosos para o exercício da profissão de jornalista, profissião essencial para o exercício pleno da democracia e cidadania. Por fim nos colocamos à disposição para acompanhar e cobrar das autoridades competentes uma solução para o caso, bem como prestamos total apoio ao jornalista agredido.

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