#RevoltadoBusao: Eles querem lutar por algo mais?

O texto de Moisés de Lima sobre a Revolta do Busão na edição deste domingo de O Poti está muito bom. Na versão impressa, os depoimentos de estudantes, do presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Marcos Dionísio, e do advogado Daniel Pessoa, candidato ao TJ pela vaga do Quinto Constitucional.

Moisés de Lima - O Poti

 (Fábio Cortez/DN/D.A Press)
A juventude voltou às ruas para gritar palavras de ordem, pintar a cara, portar cartazes, protestar contra o aumento das tarifas de transportes em Natal que consideraram abusivo contra a população. Eram na maioria estudantes do ensino médio e superior. Exibiam garra e orgulho por pertencer a uma geração que teve coragem de parar a cidade e se insurgir contra a exploração.

Setores da sociedade e os próprios integrantes do movimento autointitulados, Revolta do Busão analisam o significado do protesto e se tais atos fossem voltados à luta contra problemas mais profundos a saúde do RN ( que passa por um estado de calamidade), Segurança (que apresenta números preocupantes) e educação ( área onde o estado piores notas do país, segundo o IDEB).

A maioria das pessoas consultadas pelo Diário de Natal destacaram a importância do movimento social contra o aumento de R$ 2,40 determinado pela prefeitura. Mas reconheceram que os ativistas poderiam estender aação em prol de melhorias de outras áreas.

Uma revogação próxima da eleição

"Que bom que essa revogação ocorreu em ano eleitoral. Tomara que isso ocorra futuramente, pois só assim iremos aprovar todos os projetos em favor da população", comemorou o vereador Júlio Protásio, autor do decreto. Ele criticou a prefeitura por ter reajustado as tarifas sem apresentar a planilha, ato que desobedece a Lei Orgânica do Município. E depois de ter prometido que não haveria majoração das passagens. "Tínhamos que reagir até porque nem a Câmara nem o Conselho dos Usuários foram ouvidos quanto a questão".

O movimento tomou uma dimensão histórica ao provocar na quinta feira passada uma decisão inédita na história da cidade. A Câmara dos Vereadores revogou por unanimidade o preço da tarifa reajustada por decreto municipal. Apesar de ser um ano de eleições no município,Júlio Protásio (PSB), que fez sua carreira a partir do movimento estudantil, declarou que o ato foi movido movida também por uma forte pressão popular. A medida ainda deve sofrer recursos judiciais por parteda prefeitura e dos empresários de transportes urbanos.

Todos os vereadores concordaram que o aumento decretado foi ilegítimo e negaram qualquer responsabilidade da Câmara quanto ao entrave do projeto de licitação que não ainda não foi votado. O vereador Ney Lopes Jr, presidente da Comissão e Justiça da CMN afirmou que a prefeitura não respeitou os prazos legais para o trâmite da licitação e que a câmara não foi ouvida a respeito.

A saga do protesto

Em 27 de agosto, dois dias após o aumento das tarifas anunciado pela Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) , o movimento Revolta do Busão iniciou seu protesto nas ruas natalenses. O primeiro ato foi realizado na BR-101, ao lado do Shopping Via direta e contou com cerca de 700 pessoas que, que movidas a partir de uma articulação em redes sociais, protestaram contra a medida com cartazes, faixas e camisetas e palavras de ordem. Houve conflitos com a policia militar na Avenida Salgado Filho que rendeu um estudante ferido.

No dia 29 de agosto foi realizada amaior manifestação. Cerca de dois mil estudantes realizaram uma marcha desde o Centro da Cidade, percorrendo a Ribeira até a BR-101, exigindo a imediata revogação da tarifa. Houve alguns incidentes isolados como queimas de papelões, pneus, e vidros de ônibus, além de pichações. Em frente à sede do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos (Seturn) quase ocorreu um conflito com a poliícia.

Em 4 de setembro, de forma mais articulada a partir de decisões tomadas em assembléias virtuais e presenciais, os caras pintadas natalenses realizaram duas manifestações. Uma pela manhã na Câmara Municipal onde os participantes apoiaram o projeto que colocou fim à dupla função de cobrador e motorista dos transportes coletivos. À tarde os ativistas retornaram ao local da primeira manifestação: a BR-101 ao lado do Shopping Via direta. Lá apoiaram os usuários a fazer o "roletaço" - entrar pela porta traseira dos veículos sem pagamento da passagem.

Uma das tônicas da Revolta do Busão foi a crítica dirigida a setoresda imprensa .

Muito criticaram a cobertura feita por alguns veículos, exceção feita ao Diário de Natal cujo trabalho consideram " isento e responsável".

Na manifestação do dia 29 de agosto, uma equipe da Intertv Cabugi foi expulsa por manifestantes que gritavam palavras de ordem contra a TV Globo.

Histórico da revolta

Dia 25/08 - Anúncio do reajuste;
Dia 27/08 - Primeira manifestação - BR 101;
Dia 29/08 - Marcha dos estudantes em vários bairros ;
Dia 04/09 - Manifestantes pressionam vereadores na CMN; Novo ato na BR-101 com roletáço dos usuários;
Dia 06/09 - Câmara Municipal revoga aumento por unanimidade. 

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