Apoiado em SP, o PT foge do PMDB em Natal

Por Josias de Souza

O PMDB de Michel Temer deve oficializar nesta quinta (11) o apoio à candidatura do petista Fernando Haddad, candidato de Lula à prefeitura de São Paulo. Em troca, o partido do vice-presidente da República reivindicou a adesão do PT à candidatura de Hermano Moraes, seu candidato em Natal (RN). Não deve er atendido.

A recusa do PT em associar-se ao PMDB na capital potiguar produziu um curto-circuito. Resultou no retardamento do desfecho da negociação paulistana, cujo anúncio deveria ter ocorrido nesta quarta (11). Embora desatendido, o PMDB desistiu de esticar a corda.

Pegaram em lanças por Hermano Moraes o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves, e o ministro Garibaldi Alves (Previdência). O candidato da dupla foi ao segundo turno em Natal contra Carlos Eduardo Alves, do PDT, que tem a preferência do petismo local.

Henrique e Garibaldi tentaram arrancar da direção nacional do PT pelo menos o compromisso de neutralidade. Nem isso foi obtido. O partido de Lula resistiu à ideia de intervir na decisão do PT de Natal, que também deve ser formalizada nesta quinta. Alegou-se que o PMDB também sonegou apoio ao PT em Salvador.

Controlado por Geddel Vieira Lima –amigo de Temer, ex-ministro de Lula e vice-presidente da Caixa Econômica Federal sob Dilma Rousseff—, o PMDB baiano associou-se à caravana de DEM. Declarou apoio a ACM Neto, contra Nelson Pelegrino, o candidato do governador petista Jaques Wagner.

A desculpa não foi totalmente digerida. O PDT de Carlos Eduardo, o rival do grupo de Henrique e Garibaldi em Natal, refugou o apoio a Haddad em São Paulo. Pior: vinculou-se à candidatura do tucano José Serra. Algo que, para o PMDB, torna a movimentação do petismo do Rio Grande do Norte paradoxal.

A despeito da contrariedade, a turma de Temer desistiu de levar o embate às últimas consequências. Concluiu-se que o acerto de São Paulo, por vantajoso, não deveria ser conspurcado pelo desacerto de Natal. Se Haddad virar prefeito, vai premiar o PMDB com postos na prefeitura.

Sopesaram-se, de resto, os interesses da legenda em Brasília. Não convém a Henrique Alves, candidato à presidência da Câmara, contrariar Lula e Dilma Rousseff. Além disso, a generosidade converte o PMDB em credor do PT. Munido da fatura, o partido de Temer credencia-se para reivindicar mais "espaço" na Esplanada dos Ministérios.

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