As pesquisas eleitorais tiraram Fernando Mineiro do segundo turno em Natal


Por Daniel Menezes

As pesquisas eleitorais tiraram Mineiro do Segundo Turno. Estou convencido disso.

É que, ao apontar Fernando Mineiro muito abaixo de Carlos Eduardo e, principalmente, de Hermano Morais, os Institutos de Pesquisas forçaram eleitores a praticarem voto útil contra o candidato do PT.

VOTO ÚTIL

O eleitor Anti Carlos Eduardo escolheu Hermano porque entendeu, que ele era o único capaz de fazer frente, conforme as pesquisas, ao ex-prefeito.

O voto de "renovação", sempre presente nas eleições natalenses, migrou para Hermano, também acreditando na maior viabilidade do PMDBista.

Existiu também, num terceiro tipo de voto útil, eleitor que escolheu Carlos Eduardo porque, normalmente, vota na esquerda e não queria ter de assistir um segundo turno entre Carlos Eduardo e Hermano. Pelas pesquisas, além de não enxergarem a possibilidade eleitoral de Mineiro, acreditaram que a fatura seria liquidada no primeiro turno. O segundo turno ganhou com farta margem de diferença.

Pude presenciar tal situação em várias conversas com colegas, parentes e amigos. Não era difícil convencer que Fernando Mineiro era uma boa escolha, o difícil era o interlocutor entender que ele tinha alguma chance de ir para o segundo turno.

Se não tivesse existido a "manipulação", os 1465 votos que faltaram para Mineiro ir para o segundo turno teriam sido facilmente alcançados.

CARLOS EDUARDO TEMEU MINEIRO NO SEGUNDO TURNO

Os institutos de pesquisa que trabalharam para Carlos Eduardo, Consult e Vox Populi, jogaram Mineiro para baixo.

Nunca foi segredo para ninguém, que Carlos Eduardo temia Mineiro num possível segundo turno.

Com Mineiro no segundo turno, a vida de "Tatá" seria bem mais complicada. Mineiro iria concentrar o "voto renovação" e o "voto anti-Carlos Eduardo".

Com Hermano, será mais fácil, já que o eleitor de centro-esquerda migrará para Carlos Eduardo. Hermano também é mais facilmente enquadrado como o candidato de Micarla e de Rosalba. A disputa é menos imprevisível pró-Carlos Eduardo.

VOX POPULI

Um dia antes da eleição, quando o voto está mais cristalizado e é mais difícil de errar, o Instituto Vox Populi publicou absurda sondagem em que CEA tinha 48%, Hermano 12%, Mineiro 10% e Rogério Marinho 9%. Nessa perspectiva, a fatura seria facilmente liquidada no primeiro turno, o que, nem de longe, ocorreu.

PESQUISAS INTERNAS

Sempre falei no twitter: abram margem para a surpresa. Sabia que Mineiro estava bem mais alto. Há três semanas, bastante longe do pleito, já pegava, nas minhas pesquisas internas, Fernando Mineiro apenas 3% atrás de Hermano Morais. Os dados das minhas pesquisas foram debatidos no PT e com vários especialistas em pesquisa, dentre eles, Aldemir Freire, economista do IBGE.

Diz Aldemir Freire em seu twitter para não me deixar mentir: "@aldemirrn A pesquisa do @DanielMenezesCP foi primeira a apontar @mineiropt13 com +13 p.p. e também CEA c <40." Essa pesquisa a qual ele faz menção em seu twitter foi de três semanas atrás!!!!

CONSULT

No entanto, até o último dia da eleição, Mineiro era apontado como um candidato sem chances de ir para o segundo turno. A consult, conforme pode ser visto abaixo, que trabalhou para Carlos Eduardo, jogou Mineiro para o chão.

VOX X URNA

Carlos Eduardo: Vox: 48% – Urna: 35,7%

Hermano Morais Vox: 12% – Urna: 20,3%;

Fernando Mineiro Vox: 10% – Urna: 20%;

Rogério Marinho Vox: 9% – Urna: 9%.

CONSULT X URNA

Carlos Eduardo: Consult: 44% – Urna: 35%

Hermano Morais: Consult: 20% – Urna: 20%

Fernando Mineiro: Consult: 9% – Urna: 20%

Rogério Marinho: Consult: 9% – Urna: 9%

START

Não sei se foi pior, mas a Start, em pesquisa publicada pelo jornal de hoje, chegou a colocar Rogério Marinho na frente de Fernando Mineiro e empatado tecnicamente com Hermano. Um delírio estatístico?! Acho que não…

FIM DA PUBLICAÇÃO

Trabalho de modo modesto no mercado de pesquisa, mas sou contra a publicação das sondagens eleitorais. Em eleições competitivas, a influência gerada pela sondagem, que gera votos úteis, pode ser decisiva.

E é, geralmente, mais capaz de publicar pesquisas quem tem maior poderio econômico – um levantamento para Natal não sai por menos de 10 mil. A Vox saiu por 41 mil – e melhor inserção no âmbito da imprensa. Nesta lógica, nem todo mundo pode apresentar seus dados "positivos", só as adubadas candidaturas.

É preciso respeitar a liberdade de informação, mas "manipular a opinião pública", conforme George Gallup também chamava as pesquisas eleitorais, não pode se confundir com o importante preceito constitucional.

IMPRENSA

A imprensa também precisa ter mais cuidado, para não publicar a voz dos institutos como se fosse a voz de deus.



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