#Caixa2doDEMnoRN: Jornalismo investigativo, democracia e ministério público

Uma das características do jornalismo investigativo - ou da investigação jornalística - diz respeito ao seu objeto: existe jornalismo investigativo porque há informações que a alguém interessa ocultar.  Ocultar e manter bem ocultado.
Hoje dei uma aula introdutória ao jornalismo investigativo na Universidade Federal do Ceará.  Citei, é evidente, algumas das investigações nas quais me meti.  Uma delas, a que batizamos de #Caixa2doDEMnoRN.
No intervalo, aproveitei o gancho e liguei, mais uma vez, para a Procuradoria Geral da República.  Prometeram me retornar mais tarde. E efetivamente retornaram.  Informando que não há nenhuma novidade.  O cenário é o mesmo de antes.  Ninguém sabe se o processo, recebido em abril de 2009, foi arquivado, investigado ou, simplesmente, esquecido.
Faz mais de três anos que o material, resultado de uma investigação do Ministério Público estadual do RN, foi recebido pela PGR. Era Antônio Fernando ainda o Procurador-Geral.
No mesmo período a PGR arquivou a investigação da Operação Vegas que já apontava, em 2009, o envolvimento do então senador Demóstenes Torres com Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha.  As provas do #Caixa2doDEMnoRN envolviam a então senadora (atual governadora) Rosalba Ciarlini, seu cunhado deputado federal Betinho Rosado e o senador José Agripino Maia.  Todos, de Demóstenes a Agripino, têm em comum o fato de pertencerem ao DEM.
Em minha aula hoje citei a importância para a democracia da articulação entre uma investigação jornalística bem feita e um MP atuante, cívico e livre de amarras.
Irônico, não?

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