Rogério e as operações Impacto e Assepsia

Alertado ou não por Raimundo Fernandes, é certo que o prefeitável Hermano Morais (PMDB) informou a vereadores que seus telefones estavam interceptados pela investigação que desaguou na Operação Impacto, em julho de 2007.
Mas não apenas Hermano teve uma participação questionável no episódio.
Abaixo reproduzo o diálogo entre o então presidente da Câmara Municipal de Natal, Dickson Nasser, e o deputado federal Rogério Marinho.  A conversa tem um tom de prestação de contas - eu havia cometido um engano atribuindo a conversa a Emilson Medeiros semanas atrás.
Dickson aliás aproveita para chamar Adão Eridan, uma vez que seu suplente, Sid Fonseca, votou contra o grupo e pela manutenção dos vetos de Carlos Eduardo.  Rogério se comporta como quem liderasse o grupo - na condição de deputado federal somente poderia ser investigado no âmbito do Supremo Tribunal Federal.


Sob Rogério pesam outras suspeitas.
No acompanhamento da Operação Sinal Fechado, quase um ano atrás, descobri que o PSDB, que tem o deputado federal como presidente, pagou R$ 100 mil a George Olímpio - acusado de ser o líder da organização criminosa -, nas vésperas da eleição de 2010.  Ela se combina com movimentações financeiras atípicas de João Faustino, tucano potiguar graúdo, descobertas pelo Ministério Público na busca e apreensão de 25 de novembro de 2011.
Em 05 de outubro de 2010, uma terça-feira dois dias depois da eleição que derrotou Iberê, João Faustino depositou R$ 20 mil em valores fracionados de R$ 2.500,00 na conta da sociedade "Alexandre de Moraes Sociedade de Advogados". Para que essa transferência? Se simplesmente estavam pagando serviços do escritório, por que o depósito em dinheiro vivo?
Curiosamente, três dias depois, em 08 de outubro, foram depositados R$ 31 mil reais em envelopes fracionados de R$ 3 mil (a maioria) na conta de João Faustino. Isso combina com a informação que está nos autos de que João recebia R$ 10 mil do grupo em troca de seus serviços. Aparentemente Faustino recebeu o valor em dinheiro vivo e, então, providenciou o depósito em sua conta. Circularam, em poucos dias, R$ 51 mil em dinheiro vivo pelas mãos de João Faustino.
No período, João estava no exercício do mandato de senador devido à licença que Garibaldi Filho (PMDB) havia tirado a fim de se dedicar à campanha eleitoral. João foi senador entre 15 de julho e 11 de novembro do ano passado.
Qual a possível origem do dinheiro?
Em 30 de setembro de 2010, a empresa paranaense CR Almeida depositou R$ 100 mil nas arcas do PSDB potiguar:

CR ALMEIDA S/A ENGENHARIA DE OBRAS33.059.908/0001-2030/09/1045000284656100.000,00Transferência eletrônicaComitê Financeiro ÚnicoPSDBRN

No dia seguinte, os R$ 100 mil foram dormir na conta de George Olímpio:

GEORGE OLIMPIO ADVOGADOS11.085.983/0001-2201/10/10Serviços prestados por terceiros100.000,00Cheque- - / Comitê Financeiro Único - PSDB - RN

Isso mesmo: os tucanos pagaram R$ 100 mil a George Olímpio dois dias antes do primeiro turno das eleições. Na semana seguinte, R$ 51 mil em dinheiro vivo circula nas mãos de João Faustino.

Operação Assepsia

Isso tudo sem contar com a Operação Assepsia, deflagrada em junho passado e que investiga os contratos de gestão firmados pela gestão municipal com Organizações Sociais para administração de unidades hospitalares.  A investigação mostrou que o esquema chegava ao Hospital da Mulher, do governo do estado e administrado pela Associação Marca, e tinha como líder Alexandre Magno Sousa, braço direito de Rogério Marinho.
Todos esses bons motivos para não votarmos em Rogério Marinho no domingo - nem em Dickson Nasser Júnior.

P.S.: Não se pode esquercer, também, que Dibson Nasser, outro filho de Dickson e deputado estadual pelo PSDB, aparece nas investigações da Operação Pecado Capital influenciando para modificar o depoimento de testemunha que atua, hoje, em seu gabinete na Assembleia Legislativa.

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