Denúncia da Folha apresenta inconsistências

Tem alguma coisa estranha nesta matéria aqui, na Folha de São Paulo de hoje.
A matéria denuncia o repasse de verbas de publicidade do governo federal a jornais do grupo Laujar que, na realidade, não existiriam no interior paulista.
A julgar pela autoafirmação de circulação dos veículos, os jornais com patrocínio do governo somavam 250 mil de exemplares.
A Folha afirma que os jornais têm fortes indícios de que são falsos.
Diz a matéria também que a "Laujar mandou as supostas edições do dia 15 de março do ano passado do 'Jornal do ABC Paulista', 'O Dia de Guarulhos', 'Gazeta de Osasco', 'Diário de Cubatão e 'O Paulistano'.
Todas elas têm os mesmos textos --a única diferença é o nome da publicação".
É aí que a matéria da Folha parece ter alguma coisa errada.  Ela é ilustrada por um infográfico que alinha os indícios de que os jornais não existem e as brechas da Secretaria de Comunicação da presidência para que fraudes assim ocorram:


Os jornais enviados para a comprovação à Secom seriam de 15 de março de 2011.  E os jornais seriam iguais, inclusive nos textos, exceto pelo nome dos veículos.
É aí que a história não combina com as ilustrações.
As imagens do Jornal do ABC Paulista e do Jornal O dia de Guarulhos têm diagramação semelhante, mas notícias diferentes.  Além disso, essas notícias não são de março de 2011, mas de setembro passado.  O Jornal do ABC Paulista tem na manchete principal a notícia de que "[Marcos] Valério afirma que Lula era o 'chefe' do mensalão".  O Jornal O dia de Guarulhos tem como manchete "Marta Suplicy assume ataques a Russomano", com foto de um comício da eleição deste ano em São Paulo.  Os jornais têm textos diferentes, ao contrário do que afirma a matéria da Folha.
Essas imagens apontam um de dois problemas - que podem, inclusive, serem concomitantes.  Primeiro, os jornais enviados para comprovação na Secom não foram os de 15 de março do ano passado - mas aí cria-se outro problema já que a própria reportagem informa que o governo deixou de patrocinar os jornais em maio de 2012.  Segundo, os jornais circulam até hoje, mesmo com a matéria dizendo que não circulam.  Somente assim, seria possível terem notícias publicadas no último mês de setembro na capa.
A matéria da Folha diz que os jornais trazem como lema no cabeçalho o mesmo que o jornal paulistano: "Um jornal a serviço do Brasil".  Esse lema não está visível, no entanto, nas capas reproduzidas acima.
Qual será o motivo de tantos problemas nessa denúncia da Folha?

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