Lula e o julgamento por improbidade

Como sempre tenho dito, não existe imparcialidade no jornalismo - muito menos na blogosfera.
É bom que não haja. Mas é salutar que os posicionamentos políticos e ideológicos dos sujeitos sejam explícitos e não dissimulados.
Na última segunda-feira o Blog do BG publicou, como atual, uma nota de fevereiro de 2011 dando conta de uma Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa que o MPF ofereceu contra o ex-presidente Lula.
Acontece que naquele dia, a segunda, o juiz do caso extinguiu o processo pela inadequação presente em Lula ser processado por improbidade - presidentes respondem por crime de responsabilidade e diante do Senado Federal.
Reagindo à questão, BG publicou nota com o título Justiça livra cara de Lula no processo pelo prejuízo de R$ 10 milhões ao erário público.
De imediato me lembrei de uma discussão recente que mantive com Bruno Giovanni pelo twitter em que ele reafirmou com energia sua isenção e imparcialidade - como se fossem possíveis. O título mostra que eu tinha razão: "Justiça livra cara" não é isento nem imparcial e não há quem possa nisso acreditar. O título está eivado de ideologia e posicionamento político e discursivo.
A nota informa a decisão do juiz e praticamente repete o último parágrafo deste texto da Veja, publicado em 18 de setembro
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/em-pleno-julgamento-do-mensalao-esta-para-sair-primeira-sentenca-de-processo-em-que-lula-e-reu-por-improbidade-administrativa/.
Ali, a Veja dá conta da existência de uma investigação sigilosa sobre o mesmo assunto no âmbito do STF e que seria resultado da investigação do Mensalão. Estranha essa afirmação. Ainda assim, mesmo colocando no mesmo bojo e afirmando a semelhança, Veja não confirma que Lula figura como investigado nesse segundo inquérito.
Por fim, o que resta, além da extinção de um processo apontado como novidade na segunda, é a constatação final de que isenção e imparcialidade são ilusões. Disso, ninguém livra a cara.

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