24/11/2012, MK  Bhadrakumar, Indian Punchline
  http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2012/11/24/egypt-is-rocking-a-new-pharaoh-rises/
  É virtualmente impossível capturar, em imagens, o tumulto de uma revolução –  especialmente a revolução no Egito, que prossegue, sem final à vista. Está em  curso outra revolução dentro da revolução. 
  
  Os cinegrafistas chineses capturaram visuais fantásticos, com as margens do  Nilo outra vez agitadas pelas ininterruptas paixões humanas.  O álbum de fotos da rede Xinhua pode ser visto em http://news.xinhuanet.com/english/photo/2012-11/24/c_131995566.htm.  
  
  O Egito se agita. O país está rachando. A esquerda, virou direita. A  Fraternidade Muçulmana, o azarão vencedor, tornou-se establishment. E uma Nova Esquerda apareceu, incluindo, paradoxalmente,  os centristas, liberais, secularistas e esquerdistas de estilo ocidental – todo  mundo, de fato; exceto os islamistas. 
  
  Aparentemente, a questão é o movimento autoritário que, pelo que se diz,  marcaria o recente decreto assinado pelo presidente Mohamed Morsi, que o torna  imune à corte constitucional, no momento em que o Egito está às vésperas de dar  o importante passo de redigir uma nova constituição. O grande medo é que os  islamistas estejam empurrando a maioria silenciosa para o total alinhamento. 
  
  É perigo real. Até um liberal como Mohammed ElBaradei já chamou Morsi de "um  novo faraó". Mas Morsi não dá sinais de remorso. É raposa esperta, que já  conjurou os militares e os vestígios remanescentes da era Mubarak, essa semana,  no desempenho que teve na questão de Gaza, demonstrando a Washington que pode  servir aos interesses ocidentais na região, com mais efetividade e mais  credibilidade que qualquer outro, no Egito. 
  
  Morsi converteu o conflito de Gaza em jogo de xadrez político-diplomático de primeira  classe. Alcançou acordo que traz alívio aos EUA e a Israel. Mas enquanto o  ferro ainda está quente, age também para consolidar-se no poder, quando assinou  o catastrófico decreto, calculando que, hoje, nada tenha a temer dos militares  pró-EUA e do aparelho de segurança. 
  
  Para o governo Barack Obama, Morsi tornou-se presente caído do céu: é voz  legítima, democraticamente eleito, preparado para subservir a agenda dos EUA. E,  além do mais, é islamista. O exemplo de Morsi como colaborador encoberto encoraja  Washington a ajudar os Irmãos da Fraternidade Muçulmana a assumir o comando  também na Síria – e na Jordânia, Inshah  Allah. 
  
  Morsi, de fato, trabalhou excepcionalmente bem. Conseguiu até o pacote de  resgate do FMI, de $4,2 bilhões, para a economia egípcia – com os cumprimentos  de Obama, claro. E tem também o presentinho de $2 bilhões de dólares de cada  lado, do Qatar e da Turkey. Só os sauditas mantêm-se a uma distância suspeitosa.  
  
  Mas, para consolidar-se, Morsi tem de, antes, livrar-se do desafio barulhento  da Nova Esquerda. Como fará, ainda falta ver. Haverá sangue em suas mãos, no  final de tudo? 
  
  Tudo isso gera tempos de alta ansiedade também para o governo Obama. Obama precisa  saber logo, mais uma vez, qual é "o lado certo da história" no Egito. Morsi é  grande dádiva – preciosa demais para deixar escapar. Por outro lado, se Morsi  vencer decisivamente o round em curso  da revolução dentro da revolução na Praça Tahrir, o islamismo estará  incontenivelmente em marcha na região. A ironia disso tudo é que Morsi, nesse  caso, terá esmagado irreparavelmente todo o eleitorado que se esperaria que fossem  os "aliados naturais" dos EUA – os liberais, os centristas, os secularistas,  etc.
Comentários