Oposição impede leitura de relatório contra Policarpo e Gurgel

Parlamentares da oposição, principalmente do PSDB e do DEM, impediram nesta quarta (21) o deputado Odair Cunha (PT-MG) de ler o relatório fina da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. No documento, Cunha pede o indiciamento de 46 pessoas, entre elas o jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, e propõe que o Conselho Federal do Ministério Público inicie investigação contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ambos – Policarpo e Gurgel – têm sido blindados por membros da oposição e também da base aliada, grupo que recebeu o apelido de "bancada da Veja".

Para impedir a leitura, os oposicionistas alegaram questões regimentais, entre elas a de que o texto deveria ter sido entregue aos membros da comissão com 24 horas de antecedência. Ao final de intenso bate-boca, o próprio relator sugeriu um acordo para adiar a leitura, que foi remarcada para esta quinta (22).

O deputado deve ler um resumo do documento, que na versão completa contém 4.802 páginas em cinco volumes, sem contar os anexos.

O relatório é dividido em oito partes. Além de Policarpo, outros quatro jornalistas terão o indiciamento pedido, todos acusados de colaborar ou participar ativamente do esquema de arapongagem do contraventor Carlos Cachoeira, em benefício de seus negócios ilícitos.

No caso de Gurgel, ele é acusado de ter paralisado a investigação da Polícia Federal que acabaria levando à descoberta da rede de corrupção.

Odair Cunha também quer indiciar Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta; o ex-senador Demóstenes Torres; o próprio Cachoeira; o governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito de Palmas Raul Filho (PT).

Confira aqui o capítulo do relatório sobre os jornalistas e abaixo a lista de citados no relatório de Odair Cunha.

 O relatório propõe a responsabilização criminal de:

* Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás: formação de quadrilha, corrupção passiva, advocacia administrativa, tráfico de influência, falso testemunho, crime previsto na Lei de Licitações, lavagem de dinheiro.

* Raul de Jesus Lustosa Filho (PT), prefeito de Palmas: corrupção passiva, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro.

* Demostenes Torres, procurador do estado de Goiás e ex-senador: formação de quadrilha, corrupção passiva, peculato, advocacia administrativa.

* Carlos Alberto Leréia (PSDB), deputado federal por Goiás: formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional e tráfico de influência.

* João Furtado de Mendonça Neto, ex-secretário de Segurança Pública e procurador do Estado de Goiás: formação de quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência

* Jayme Eduardo Rincon, presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras Públicas (Agetop): formação de quadrilha, corrupção passiva, advocacia administrativa e crime previsto na Lei de Licitações.

* Alexandre Baldy de Sant'Anna Braga, secretário de Indústria e Comércio de Goiás: formação de quadrilha e advocacia administrativa.

* Ronald Christian Alves Bicca, Procurador do Estado de Goiás: formação de quadrilha, corrupção passiva, abuso de autoridade e crime previsto na Lei de Licitações.

* Marcelo Marques Siqueira, procurador do Estado de Goiás: formação de quadrilha, corrupção passiva, prevaricação, violação de sigilo funcional.

* Geraldo Messias Queiroz (PP), prefeito de Águas Lindas (GO): formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e violação de sigilo funcional.

* Gil Tavares (PTB), prefeito de Nerópolis (GO): formação de quadrilha, corrupção passiva e crime previsto na Lei de Licitações.

* Júlio Cesar Cardoso de Brito, desembargador: formação de quadrilha, corrupção passiva e advocacia administrativa

O relatório pede indiciamento das seguintes pessoas:

* Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira: peculato, advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, crime previsto na Lei de Licitações e evasão de divisas.

* Fernando Cavendish, dono da construtora Delta: formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

* Cláudio Dias Abreu, ex-diretor regional da Delta no Centro-Oeste: corrupção ativa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e crime previsto na Lei de Licitações.

* Policarpo Júnior, jornalista, da revista Veja: formação de quadrilha.

* Andressa Mendonça, atual mulher de Cachoeira: formação de quadrilha e corrupção ativa.

* Andrea Aprígio de Souza, ex-mulher de Cachoeira: quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

* Edvaldo Cardoso de Paula, ex-presidente do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO): formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva, advocacia administrativa, lavagem de dinheiro e crime previsto na Lei de Licitações.

* Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador de Goiás: formação de quadrilha, corrupção passiva, violação de sigilo funcional,

* Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor do governador de Goiás, Marconi Perillo: formação de quadrilha.

* José Carlos Feitoza, o Zunga: ex-subsecretário de Esporte do Distrito Federal: formação de quadrilha, corrupção passiva, tráfico de influência.

* Marcello de Oliveira Lopes, o Marcellão: ex-assessor da Casa Militar do Distrito Federal: formação de quadrilha, interceptação ilegal, corrupção passiva e tráfico de influência.

* Joaquim Gomes Thomé Neto, ex-policial federal: formação de quadrilha, interceptação ilegal.

* Jairo Martins de Souza, sargento da PM, furto e interceptação telefônica ilícita.

Rodrigo Jardim de Amaral Mello, servidor público no Distrito Federal: formação de quadrilha e corrupção passiva.

* José Raimundo Santos Lima, ex-servidor do Distrito Federal: formação de quadrilha e corrupção passiva.

* Marco Aurélio Bezerra da Rocha, ex-superintendente do Incra: formação de quadrilha e corrupção passiva.

* Santana da Silva Gomes, ex-vereador de Goiânia: formação de quadrilha, corrupção passiva, advocacia administrativa, crime previsto na Lei de Licitação,

* Elias Vaz de Andrade, ex-vereador de Goiânia: formação de quadrilha e advocacia administrativa.

* Fernando de Almeida Cunha, ex-vereador de Goiânia: formação de quadrilha e advocacia administrativa.

* Wladimir Garcez Henrique, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia: corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime previsto na Lei de Licitações.

* Gleyb Ferreira da Cruz, funcionário de Cachoeira, tido como laranja do grupo: corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

* Geovani Pereira da Silva, contador: lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

* Lenine Araújo de Souza, contador: lavagem de dinheiro e evasão de divisas

* Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado de Cachoeira: lavagem de dinheiro

* Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, ex-sargento da Aeronáutica: violação de sigilo funcional e interceptação ilegal

* André Teixeira Jorge, funcionário da Delta: lavagem de dinheiro

* Leide Ferreira Cruz, irmã de Gleyb Ferreira da Cruz, funcionário de Cachoeira: formação de quadrilha e evasão de divisas

* Rossini Aires Guimarães, dono da construtora Rio Tocantis: quadrilha, corrupção ativa.

* Antônio Pires Perillo, irmão do governador de Goiás: quadrilha, tráfico de influência, corrupção ativa e crime previsto na Lei de Licitações.

* Rubmaier ferreira de Carvalho, contador: formação de quadrilha

* Wagner Relâmpago, jornalista: formação de quadrilha.

* Patrícia Moraes, jornalista: formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

* João Unes, jornalista: quadrilha e lavagem de dinheiro.

* Carlos Antônio Nogueira, Botina, jornalista: quadrilha e lavagem de dinheiro.

Foram excluídos da acusação:

* Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal.

* Wilder Morais, senador e suplente de Demóstenes Torres, pelo DEM de Goiás.

* Stepan Nercessian, deputado federal (sem partido-RJ).

O relator sugere mais investigações sobre:

* Roberto Gurgel, procurador-geral da República.

* Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do DF, Agnelo Queiroz (PT).

* Ataídes de Oliveira, empresário e suplente do senador João Ribeiro (PSDB-TO).

* Sandes Júnior (PP), deputado federal de Goiás.

* Benedito Torres, procurador-geral de Justiça de Goiás e irmão do ex-senador Demóstenes Torres.

* Walter Paulo de Oliveira Santiago, empresário de Anápolis

* Marcelo Henrique Limírio Gonçalves, empresário e ex-dono do laboratório Neoquímica.

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