Leia abaixo minha fala, entrecortada por muitas lágrimas, na entrega do Prêmio Jornalístico de Direitos Humanos
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Pensei em várias formas de iniciar essa fala.
Primeiro, pensei que poderia homenagear a lembrança de cada uma e cada um das brasileiras e dos brasileiros que lutaram e ainda lutam pela garantia de direitos em nossa sociedade.
Poderia aqui ajudar no escracho de algum dos nossos representantes " de movimentos democráticos brasileiros" apoiadores de primeira hora da Ditadura Militar no Brasil.
Ou poderia lembrar meu pai, Rubens Lemos, e sua ousadia enfrentando os militares seja na ALN, seja no PCBR, seja nas ondas do rádio.
Poderia lembrar esta noite gente como os estudantes Emanuel Bezerra ou Silton Pinheiro, primo de Maristela, amigo de minha mãe.
Poderia homenagear minha mãe e lembrar de cada momento de nossa vida em que ela contribuiu na formação de minha personalidade, de minha visão de mundo, de minha postura política. O primeiro livro que me lembro de ter lido na vida foi "Capitalismo para principiantes" na época em que minha mãe me levava para assistir suas aulas no curso de Ciências Sociais da UFRN. Aos nove anos. Que mãe faz isso ao filho?
Poderia homenagear o Mosquito que me apresentou a vocês aqui, responsável pelo meu ingresso no campo da militância pelos Direitos Humanos. Poderia homenagear meu amigo Daniel Pessoa, justo no dia em que o assassino de seu pai foi preso novamente no Maranhão - Daniel que me ensinou inúmeras coisas, mas principalmente me ensinou na prática a falácia sobre bandido bom ser bandido morto - ele, fiel militante da causa dos direitos humanos no estado.
Poderia homenagear cada um dos leitores de meu blog, cada uma das minhas fontes, os autores diretos e indiretos da credibilidade que pude alcançar nos últimos anos.
Homenagearia Kênia e Alice - que perguntou se o prêmio que eu receberia seria uma sereia bem pequenininha, com cabelão e calda de Ariel. Minha família e a razão de minhas lutas. Meus alunos, meus professores, meu orientador-amigo-padrinho Adriano Gomes. Os blogueiros progressistas do RN e do Brasil inteiro.
Mas, na verdade, já os homenageio a todos. E a referência de minha fala precisa ser melhor traçada e definida. A minha referência há de ser cada um dos jovens - e nem tão jovens assim - estudantes e cidadãos que mudaram a sociedade natalense nos últimos dois anos. Aquelas e aqueles que ocuparam as ruas, que ocuparam esta casa por onze dias em 2011, que tomaram a cidade na Revolta do Busão.
O reconhecimento à ação do blog é, na verdade, o reconhecimento à ação e à luta de cada um. Lembro os momentos emocionantes nisso tudo. Lembro do medo que senti ao ver que estava na linha de fogo de uma arma apontada por um PM no cruzamento do Midway Mall na Revolta do Busão. Lembro da emoção carregada de tensão aliviada quando o pátio desta casa, lotado - a cidade acorreu até aqui em defesa dos nossos estudantes -, recebeu a notícia do habeas corpus do STJ que nos permitia continuar. Nossa vitória.
Mas um dos momentos mais emocionantes para mim nesta ocupação foi ver o neurocientista Miguel Nicolelis tuitando, desde um aeroporto na Suiça, para nós que aqui estávamos a letra de "E vamos à luta!", de Gonzaguinha. Estivesse em Natal, Nicolelis teria trazido sua barraca para o pátio desta casa porque "acredita é na rapaziada".
A minha homenagem a esses bravos foi publicada por mim logo após o acordo de desocupação:
Hélio, Natalias, Vani, Mel, Gustavos, Halan, Adler, Dayvsoon, Mozart, Emanuell, Marcos, Daniéis, Gilson, e centenas de outros. Há algumas semanas não nos conhecíamos. Hoje, somos filhos da mesma luta, companheiros, irmãos e parceiros da democracia.
Éramos e somos diversos. Mas juntos, somos fortes. Éramos e somos diferentes, mas a possibilidade de construirmos uma forma democrática ainda mais radical nos pôs todos juntos no mesmo pátio.
Jovens, mulheres e homens de lutas!
Construímos um momento histórico único. Estamos, anônimos, ao lado dos heróis de 35, dos avanços populares de Djalma Maranhão, dos ocupantes da reitoria da UFRN em 84, de todos os lutadores que tombaram na luta democrática.
Em honra a Juliano Siqueira, debilitado mas acampado.
Em honra à memória de Emanuel Bezerra, Silton, entre outros.
À memória de meu pai.
PRESENTE!
A vitória jamais será esquecida!
#ForaMicarla: Em honra aos que lutaram
Ainda há lutas no futuro.
Pela punição dos envolvidos na Operação Impacto.
Pela punição dos envolvidos na Operação Pecado Capital, inclusive o deputado Gilson Moura.
Pela punição dos envolvidos na Operação Sinal Fechado, inclusive o senador rabo de palha José Agripino.
Pela punição do Caixa 2 do DEM no RN.
Pela punição dos envolvidos na Operação Assepsia, inclusive Claudio Varela e Henrique Alves.
Por justiça e paz.
Porque como disse Jesus, a quem sigo e sirvo, "felizes são os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos"
Obrigado
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Pensei em várias formas de iniciar essa fala.
Primeiro, pensei que poderia homenagear a lembrança de cada uma e cada um das brasileiras e dos brasileiros que lutaram e ainda lutam pela garantia de direitos em nossa sociedade.
Poderia aqui ajudar no escracho de algum dos nossos representantes " de movimentos democráticos brasileiros" apoiadores de primeira hora da Ditadura Militar no Brasil.
Ou poderia lembrar meu pai, Rubens Lemos, e sua ousadia enfrentando os militares seja na ALN, seja no PCBR, seja nas ondas do rádio.
Poderia lembrar esta noite gente como os estudantes Emanuel Bezerra ou Silton Pinheiro, primo de Maristela, amigo de minha mãe.
Poderia homenagear minha mãe e lembrar de cada momento de nossa vida em que ela contribuiu na formação de minha personalidade, de minha visão de mundo, de minha postura política. O primeiro livro que me lembro de ter lido na vida foi "Capitalismo para principiantes" na época em que minha mãe me levava para assistir suas aulas no curso de Ciências Sociais da UFRN. Aos nove anos. Que mãe faz isso ao filho?
Poderia homenagear o Mosquito que me apresentou a vocês aqui, responsável pelo meu ingresso no campo da militância pelos Direitos Humanos. Poderia homenagear meu amigo Daniel Pessoa, justo no dia em que o assassino de seu pai foi preso novamente no Maranhão - Daniel que me ensinou inúmeras coisas, mas principalmente me ensinou na prática a falácia sobre bandido bom ser bandido morto - ele, fiel militante da causa dos direitos humanos no estado.
Poderia homenagear cada um dos leitores de meu blog, cada uma das minhas fontes, os autores diretos e indiretos da credibilidade que pude alcançar nos últimos anos.
Homenagearia Kênia e Alice - que perguntou se o prêmio que eu receberia seria uma sereia bem pequenininha, com cabelão e calda de Ariel. Minha família e a razão de minhas lutas. Meus alunos, meus professores, meu orientador-amigo-padrinho Adriano Gomes. Os blogueiros progressistas do RN e do Brasil inteiro.
Mas, na verdade, já os homenageio a todos. E a referência de minha fala precisa ser melhor traçada e definida. A minha referência há de ser cada um dos jovens - e nem tão jovens assim - estudantes e cidadãos que mudaram a sociedade natalense nos últimos dois anos. Aquelas e aqueles que ocuparam as ruas, que ocuparam esta casa por onze dias em 2011, que tomaram a cidade na Revolta do Busão.
O reconhecimento à ação do blog é, na verdade, o reconhecimento à ação e à luta de cada um. Lembro os momentos emocionantes nisso tudo. Lembro do medo que senti ao ver que estava na linha de fogo de uma arma apontada por um PM no cruzamento do Midway Mall na Revolta do Busão. Lembro da emoção carregada de tensão aliviada quando o pátio desta casa, lotado - a cidade acorreu até aqui em defesa dos nossos estudantes -, recebeu a notícia do habeas corpus do STJ que nos permitia continuar. Nossa vitória.
Mas um dos momentos mais emocionantes para mim nesta ocupação foi ver o neurocientista Miguel Nicolelis tuitando, desde um aeroporto na Suiça, para nós que aqui estávamos a letra de "E vamos à luta!", de Gonzaguinha. Estivesse em Natal, Nicolelis teria trazido sua barraca para o pátio desta casa porque "acredita é na rapaziada".
A minha homenagem a esses bravos foi publicada por mim logo após o acordo de desocupação:
Hélio, Natalias, Vani, Mel, Gustavos, Halan, Adler, Dayvsoon, Mozart, Emanuell, Marcos, Daniéis, Gilson, e centenas de outros. Há algumas semanas não nos conhecíamos. Hoje, somos filhos da mesma luta, companheiros, irmãos e parceiros da democracia.
Éramos e somos diversos. Mas juntos, somos fortes. Éramos e somos diferentes, mas a possibilidade de construirmos uma forma democrática ainda mais radical nos pôs todos juntos no mesmo pátio.
Jovens, mulheres e homens de lutas!
Construímos um momento histórico único. Estamos, anônimos, ao lado dos heróis de 35, dos avanços populares de Djalma Maranhão, dos ocupantes da reitoria da UFRN em 84, de todos os lutadores que tombaram na luta democrática.
Em honra a Juliano Siqueira, debilitado mas acampado.
Em honra à memória de Emanuel Bezerra, Silton, entre outros.
À memória de meu pai.
PRESENTE!
A vitória jamais será esquecida!
#ForaMicarla: Em honra aos que lutaram
Ainda há lutas no futuro.
Pela punição dos envolvidos na Operação Impacto.
Pela punição dos envolvidos na Operação Pecado Capital, inclusive o deputado Gilson Moura.
Pela punição dos envolvidos na Operação Sinal Fechado, inclusive o senador rabo de palha José Agripino.
Pela punição do Caixa 2 do DEM no RN.
Pela punição dos envolvidos na Operação Assepsia, inclusive Claudio Varela e Henrique Alves.
Por justiça e paz.
Porque como disse Jesus, a quem sigo e sirvo, "felizes são os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos"
Obrigado
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