Encontro critica mídia e STF na Ação Penal 470

No Brasil 247

Ator José de Abreu comparou a condenação do ex-presidente do PT José Genoino "a um negócio que lembra Ionesco", numa referência ao teatro do absurdo; professor de Direito Pedro Serrano afirmou que transmissão ao vivo do julgamento pressionou os juízes; evento foi mediado pelo escritor Fernando Morais; jornalistas Raimundo Pereira e Paulo Moreira Leite compareceram, assim como os réus condenados José Genoino, José Dirceu e Henrique Pizzolato.

No dia em que foi concluído o julgamento da Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal, um encontro reuniu no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, na noite desta segunda-feira, jornalistas, professores de direito e escritores para discutir a imprensa e a atuação do STF. Com o tema "O Brasil em debate: Estado Democrático de Direito, a Mídia e o Judiciário. Em pauta a ação penal 470", o evento foi mediado pelo jornalista e escritor Fernando Morais e teve a presença de quatro debatedores: o ator José de Abreu, o professor de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Claudino José Langroiva Pereira e os jornalistas Paulo Moreira Leite (Revista Época) e Raimundo Pereira (Retrato do Brasil).

Quase todos os participantes mencionaram que a discussão sobre o julgamento precisa chegar às ruas, promovendo uma mobilização popular, e que, ao lado do debate sobre o STF, é necessário também discutir a liberdade de expressão. Para o professor de Direito Pedro Estevam Serrano, a transmissão ao vivo do julgamento foi um erro, pois coloca forte pressão sob os ministros. "Juiz tem de ser um profissional, não um herói", declarou. Eles sofriam uma série de ataques da imprensa, por exemplo, pelas decisões que tomavam no tribunal, lembrou o professor.

Em sua fala, o ator José de Abreu comparou a condenação do ex-presidente do PT José Genoino a "um negócio que lembra Ionesco", numa referência ao teatro do absurdo. Ele relembrou, por exemplo, a vida do líder petista "numa terra de empreiteiros". Genoino, que estava presente no encontro, foi condenado pelo STF a seis anos e 11 meses de prisão. Abreu também citou o processo do ministro Gilmar Mendes contra ele. Segundo o ator, apesar de ter pedido desculpas formais ao membro do Supremo, pode ainda ser alvo de uma segunda ação na Justiça. Abreu chamou Gilmar Mendes de "Gilmar Dantas corrupto".

A secretária de Comunicação da CUT Roseane Bertotti defendeu com veemência que o debate chegue à população e disse temer um "golpe judicial", como ocorreu em Honduras e no Paraguai. Virgínia Barros, membro da União Nacional dos Estudantes (UNE), disse temer uma "ditadura judiciária" e acusou os ministros do Supremo de rasgar nossa Constituição. Ela também criticou a imprensa, lembrando que o ex-ministro Luiz Gushiken, réu no processo, só teve uma "notinha" nos jornais quando foi inocentado pelo Supremo. Além de Genoino, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, os dois réus na Ação Penal 470, também participaram do encontro.

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