Governo Rosalba, Rogério Marinho e a corrupção

A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) vez por outra enche a boca e afirma a lisura de seu governo - e seus auxiliares.
Claro que as evidências que se avolumam indicam o oposto.
Seja na proximidade dos envolvidos na Operação Pecado Capital de seu governo (Daniel Vale Bezerra, réu da ação, tinha cargo no Detran no governo do DEM), seja no fato da denúncia contra seu primeiro diretor-geral do Detran, Érico Ferreira no âmbito da Operação Sinal Fechado.
Por falar em Operação Sinal Fechado, a penetração da quadrilha no governo Rosalba fica evidente para quem se dispõe a ler os documentos da investigação.
Poucos meses atrás, Rosalba premiou com a chefia do gabinete civil seu marido, o ex-deputado Carlos Augusto Rosado, denunciado em maio por este blog por causa do #Caixa2doDEMnoRN.
Nos últimos dias o flerte de Rosalba com a corrupção se aprofundou.  Não à toa um amigo leitor costuma dizer que este governo tem tudo para ser conhecido como o mais corrupto da história do RN.
Rosalba empossou na Secretaria de Desenvolvimento Econômico o ex-deputado tucano Rogério Marinho.
Se é limpo o seu governo, por que convidou Rogério, governadora?  Parece que Rosalba se esforça por se colocar no centro de investigações de corrupção, como alvo.
Em 25 de julho, publiquei aqui um resumo das investigações contra Rogério que corriam, à época, no STF.  Como ex-deputado, ele perdeu o foro.  Os casos devem estar sendo remetidos para a primeira instância:
São pelo menos três processos.
O primeiro deles, mais antigo, remonta a meados da década passada e teve origem na justiça estadual do Rio Grande do Norte e chegara ao Supremo em 2007. Mesmo que não se saiba muito sobre o caso, a não ser que se trata de investigação sobre "corrupção passiva", sabe-se também que houve algumas movimentações no âmbito da Polícia Federal. Lembre-se também que se reporta a um período em que Alexandre Magno de Sousa, braço direito de Rogério, foi condenado por falsificar documentos quando de uma cessão ao estado, a fim de ganhar mais que devia.


O segundo inquérito chegou ao STF em 2010 e, em virtude de constarem diversos ofícios com solicitações de informações à Câmara Municipal de Natal - e até de Manaus, podemos supor que se trata de alguma investigação relacionada à gestão de Rogério Marinho (PSDB) no tempo em que este era presidente da Câmara. Teve origem no Tribunal de Contas Estadual e diz respeito à prestação de contas.


O último inquérito é mais recente: subiu à Corte em dezembro de 2011. O site do STF identifica como origem a Justiça Federal. Esse inquérito tem um corréu, identificado pelas iniciais F. das C. de S. R. Evidentemente se trata de alguém de nome Francisco das Chagas, mas confesso que não consigo identificar o personagem.

A investigação diz respeito a crimes contra a ordem tributária e falsidade ideológica.
Pergunto-me se essa investigação não poderia ser decorrência da Operação Pecado Capital - que corre no âmbito da Justiça Federal e que investigou, também, os contratos da empresa FF Empreendimentos, de Aécio Fernandes (réu na Pecado Capital) com a Câmara Municipal - ou da Operação Sinal Fechado.
No acompanhamento da Operação Sinal Fechado, quase um ano atrás, descobri que o PSDB, que tem o deputado federal como presidente, pagou R$ 100 mil a George Olímpio - acusado de ser o líder da organização criminosa -, nas vésperas da eleição de 2010. Ela se combina com movimentações financeiras atípicas de João Faustino, tucano potiguar graúdo, descobertas pelo Ministério Público na busca e apreensão de 25 de novembro de 2011.
Em 05 de outubro de 2010, uma terça-feira dois dias depois da eleição que derrotou Iberê, João Faustino depositou R$ 20 mil em valores fracionados de R$ 2.500,00 na conta da sociedade "Alexandre de Moraes Sociedade de Advogados". Para que essa transferência? Se simplesmente estavam pagando serviços do escritório, por que o depósito em dinheiro vivo?
Curiosamente, três dias depois, em 08 de outubro, foram depositados R$ 31 mil reais em envelopes fracionados de R$ 3 mil (a maioria) na conta de João Faustino. Isso combina com a informação que está nos autos de que João recebia R$ 10 mil do grupo em troca de seus serviços. Aparentemente Faustino recebeu o valor em dinheiro vivo e, então, providenciou o depósito em sua conta. Circularam, em poucos dias, R$ 51 mil em dinheiro vivo pelas mãos de João Faustino.
No período, João estava no exercício do mandato de senador devido à licença que Garibaldi Filho (PMDB) havia tirado a fim de se dedicar à campanha eleitoral. João foi senador entre 15 de julho e 11 de novembro do ano passado.
Qual a possível origem do dinheiro?
Em 30 de setembro de 2010, a empresa paranaense CR Almeida depositou R$ 100 mil nas arcas do PSDB potiguar:

CR ALMEIDA S/A ENGENHARIA DE OBRAS33.059.908/0001-2030/09/1045000284656100.000,00Transferência eletrônicaComitê Financeiro ÚnicoPSDBRN

No dia seguinte, os R$ 100 mil foram dormir na conta de George Olímpio:

GEORGE OLIMPIO ADVOGADOS11.085.983/0001-2201/10/10Serviços prestados por terceiros100.000,00Cheque- - / Comitê Financeiro Único - PSDB - RN

Isso mesmo: os tucanos pagaram R$ 100 mil a George Olímpio dois dias antes do primeiro turno das eleições. Na semana seguinte, R$ 51 mil em dinheiro vivo circula nas mãos de João Faustino.
Os fatos, caso sejam investigados, combinam com as acusações de falsidade ideológica e crime contra a ordem tributária.
Além disso tudo, há ainda o papel não muito bem definido de Rogério Marinho com a quadrilha de vereadores condenada na Operação Impacto. Há pelo menos uma conversa entre o agora secretário e o quase ex-vereador Dickson Nasser que soa muito como uma prestação de contas ao líder:
Dickson aliás aproveita para chamar Adão Eridan, uma vez que seu suplente, Sid Fonseca, votou contra o grupo e pela manutenção dos vetos de Carlos Eduardo. Rogério se comporta como quem liderasse o grupo.


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