#GovRosaDem: Dois anos perdidos

Por Fernando Mineiro

Rosalba Ciarlini, do DEM - RN, chega à metade de sua gestão como governadora do Rio Grande do Norte carregando um desgaste impensável para quem, nas eleições de 2010, mobilizou a sociedade potiguar vendendo a ideia de uma boa gestora. Com o slogan “Pra Fazer Acontecer”, se elegeu logo no primeiro turno criando uma grande expectativa em relação à sua gestão. Passados dois anos se constata que os feitos e os acontecidos não são exatamente aqueles apregoados em praça pública.

Em termos de desenvolvimento, o estado do Rio Grande do Norte teve dois anos perdidos, sem projetos e sem rumo. O governo Rosalba foi incapaz de apresentar até agora sequer uma ideia -força que mobilize, envolva e anime setores da sociedade na busca de sua implementação. Em 2011, investiu não mais do que 12% do previsto e tudo indica que em 2012 não será diferente. De janeiro a outubro deste ano, o investimento liquidado foi da ordem de 12,96%, exatos R$164.383.115,96 dos R$1.268.373.358,11 previstos.

As obras de restauração e construção de cerca de 25 rodovias, já licitadas e contratadas, estão paralisadas ou atrasadas. Entre elas, o prolongamento da Av. Prudente de Morais, os acessos ao Aeroporto de São Gonçalo, a Estrada do Melão em Mossoró e a RN- 087 (São Tomé), pra citar apenas algumas. Em todo o estado, várias obras de saneamento ainda não saíram do papel.

O turismo, setor fundamental para a economia do estado, nunca se sentiu tão órfão. Até agora nada de destaque se fez acontecer na área e não se tem notícias da aplicação dos 41 milhões de dólares disponíveis via Prodetur.

As obras - emergenciais e estruturantes - de enfrentamento dos efeitos da seca estão, todas elas, de poços tubulares a adutoras, com cronogramas atrasados a despeito dos recursos disponíveis.

As áreas de saúde, segurança, educação, cultura, assistência social e agricultura sofrem com a falta de prioridades na destinação dos recursos.

A saúde é o retrato do caos. Os únicos resultados do estado de calamidade pública decretado há quase seis meses foram as contratações de serviços sem licitação, reforçando ainda mais o processo de privatização do setor. A segurança é um dos serviços mais mal avaliados do governo Rosalba, que sequer conseguiu concluir os concursos para contratação dos efetivos necessários. A educação termina o ano com falta de professores em algumas disciplinas, com reformas em apenas 49 das 760 escolas, sem uma política continuada de formação de professores e sem um projeto pedagógico definido. A cultura é confundida com evento, o fundo de cultura não saiu do papel e a criação da secretaria foi um mecanismo para tão somente driblar a lei do nepotismo.

A área de assistência social foi relegada à administração dos programas federais. Esvaziada, a secretaria é tão somente uma repartição de replicagem das ações federais, sem programas específicos depois do fim do Programa de Desenvolvimento Solidário financiado pelo Banco Mundial. E ninguém sabe ninguém viu nesta gestão as políticas voltadas para criança e adolescente, juventude, gênero e igualdade racial. A agricultura e órgãos vinculados à área passam por um processo de desmonte, paralisando as ações iniciadas nos últimos anos. Há um longo período a área está acéfala.

Os servidores amargam o não cumprimento dos Planos de Cargos e Salários até mesmo depois da Justiça determinar que fossem cumpridos.
E não se diga que a atual situação é reflexo apenas das dificuldades que atingem todos os estados brasileiros. Com a arrecadação acima do previsto neste 2012, o Rio Grande do Norte paga o preço de ser vítima de um estilo de governo. Sem prioridades definidas à luz das políticas públicas, o estado é administrado de forma extremamente centralizada, de acordo com os humores e interesses do casal que dirige os destinos deste Rio Grande sem sorte.

Até mesmo os aliados de primeira hora, excluídos que estão do núcleo decisório, já expõem publicamente a suas insatisfações com os rumos do governo.
Caso não abra mão do estilo centralizador e provinciano de administrar, marcado pela falta de planejamento, de pouco adiantará ao #GovRosaDem a perspectiva de empréstimos de cerca 1,5 bilhões destinados a investimentos públicos. Entre ter a autorização para os empréstimos e, principalmente, executar obras e ações que recuperem o tempo perdido existe uma grande distância. Percorrer esta distância nos próximos dois anos é o que livrará Rosalba do aprofundamento e consolidação da micarlização de seu governo.

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