Operação Assepsia: Evangélicos, Micarla afastada e a colaboração premiada

O controverso apóstolo René Terra Nova publicou há poucas horas o link da entrevista da prefeita afastada Micarla de Sousa (PV) à Folha de São Paulo no twitter, afirmando que ela seria vítima de brutais injustiças desde que se tornara evangélica.
Bom, o apóstolo deveria conhecer melhor a cidade de Natal antes de fazer uma afirmação como essa.
A derrocada de Micarla teve início muito antes de ela, supostamente, ter abraçado a fé evangélica.  E os indícios de problemas e de corrupção antecedem em muito esse fato.
Mas essa afirmação de Terra Nova combina com algo sobre o que falei mais cedo também pelo twitter e com algumas ideias que postei, tempos atrás, aqui no blog.
Aqui no blog disse que somente acreditaria na suposta conversão de Micarla de Sousa se com ela se desse um processo semelhante ao de Zaqueu, o cobrador de impostos ladrão que, após se converter a Jesus, devolveu quatro vezes o que havia usurpado (quando a Lei Judaica previa que o valor do furto deveria ser devolvido acrescido apenas de um quarto) e, depois disso, deu metade dos bens aos pobres. Foi a partir dessa atitude que Jesus reconheceu que a salvação havia alcançado Zaqueu.
Espero o mesmo de Micarla. Naquilo que ela não é inocente, espero a confissão, o arrependimento e a devolução do dinheiro.  Naquilo em que ela eventualmente for inocente, espero que entregue os culpados.
Tive uma fonte próxima à prefeita.  Certa vez essa fonte me disse, tempos atrás, que todos os esquemas de corrupção da gestão eram conduzidos por Jean Valério, Kalazans Bezerra e Edivan Martins, sem a participação de Micarla.  Micarla seria conduzida por esses e não tinha coragem de peitá-los, mesmo sabendo de tudo de roubo que o grupo promovia.
"Micarla devia ir ao Ministério Público contar tudo o que sabe", disse eu.  Minha fonte respondeu que Micarla era mãe de dois filhos, tinha família.  "O Ministério Público poderia assegurar a vida dela e dos seus familiares?", respondeu.  Segundo a fonte, ela não teria coragem de enfrentar o grupo com medo de sofrer represálias e, mesmo, ter sua vida e a da sua família ameaçada.
O tema aparece volta e meia nas entrevistas de Micarla, que afirma ser injustiçada porque não quis compactuar com esquemas de corrupção.  Na de hoje, a Renata Moura, tenta escamotear a verdade com a história de que aquilo que o MP aponta como gastos na verdade seriam dívidas.  Mas esquece que não é apenas aí que reside a denúncia - a prefeita conseguia realizar alguns gastos mesmo com dívidas monstruosas no banco: viagem ao exterior, compra de roupas, jóias, renovação de crédito.  E tinha suas contas pagas com dinheiro vivo através de Assis e Antônio Luna.
Até para a sua pastora, identificada como Esthela (que deve ser Stela Costa, com salários de R$ 2.500), ligada ao mesmo René Terra Nova que inicia esse post, sobrou um espaço pouco republicano, e aparentemente fantasmagórico, na Ativa.
Esse fato me lembra um outro episódio.  A prefeitura havia prometido apoio à retomada do jornal evangélico União que, no passado, havia ajudado a editar.  O proprietário do jornal é o publicitário Egídio Macena.  Uma das formas de remuneração do jornal foi conseguida através da contratação de Egídio pela Ativa, através da interveniência do então secretário de comunicação, Jean Valério.  As matérias das únicas edições da retomada do jornal, em meados do ano passado, podem ser lidas aqui.
No relançamento do jornal, ocorrido no Hotel Imirá (que voltou a circular encartado pelo Jornal de Hoje), estavam presentes o senador Garibaldi Filho e a prefeita.  Garibaldi tratou Micarla como futura pastora.
Como se dava o pagamento da prefeitura ao Jornal União, inicialmente?  Através do aumento da fatura do pagamento dos anúncios da prefeitura ao Jornal de Hoje.  Ou seja, se o acordo incluísse o pagamento de R$ 3 mil por parte da gestão ao semanário evangélico, esse valor seria incluído na conta a ser paga pela prefeitura ao Jornal de Hoje, que rodava e encartava o Jornal União.
A ideia de contratar Egídio na Ativa teria tido a ver com a necessidade de dar mais segurança aos repasses.
O publicitário está incluído na lista de funcionários sob suspeita na ação que interviu e pediu a extinção da ONG:


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