Propaganda governamental na audiência pública sobre segurança

Por Ivênio Hermes
Na Carta Potiguar

Diferente das propostas pelo Deputado Fernando Mineiro, a audiência pública quase surpresa foi surpreendente, pois a quantidade de autoridades e a base governista que se fez presente como nunca costumou fazer-se ao ser instado para um debate imparcial.

A mesa de autoridades, abarrotada, contava inclusive com o Secretário Aldair Rocha presente.

A diferença daquela audiência era clara: foi proposta pelo DEM.

Os trabalhos iniciaram com um pedido para que o Dr. Marcos Dionísio se manifestasse primeiro e ele, polidamente, recusou-se porque precisava entender bem o que se propunha ser feito naquela assembleia. Os representantes da PM, ITEP, PC e Bombeiros fizeram suas apresentações endossadas por um desfile de números positivos, querendo fazer transparecer que cada instituição havia passado por sensíveis melhoras.

A PM parecia a Scotland Yard, o ITEP o CSI, mas não mencionaram que o armamento utilizado pela PM RN era o despojo usado pela PM de São Paulo e que os recursos que custearam a reforma do ITEP eram de origem federal, num visível empenho em maquiar a situação caótica do Estado.

O indício de propaganda governamental estava exposto em cada apresentação que ostentava a logomarca do Governo do Estado, emprestando a “cara” da má gestão a cada propaganda enganosa.

Mal estar Geral
Os espectadores começavam a passar mal se entreolhando perplexos com a ousadia daquela propaganda do Governo. O limite de tempo de 10 minutos parecia uma pequena estratégia adjacente de suprimir o tempo daqueles que se manifestariam com legitimidade no final.

Em nenhum momento os representantes reclamaram da falta de efetivo e pior, nas metas para 2013 nenhum órgão mencionou o assunto ou falou em nomeações.

A DEGEPOL no antigo e batido discurso de interiorização da Polícia Civil quando nem efetivo para a capital ou para a grande Natal existe. Posteriormente, contudo a vice-presidente do SINPOL, Renata Pimenta contra-argumentou dizendo que aquilo era uma “interiorização virtual”, porque quatro policiais numa delegacia responsável por quatro cidades seria o mesmo que colocar um policial em cada cidade e ainda exigir dele algum tipo de ação positiva.

Mas os comunicadores sociais encobridores dos equívocos do governo em forma de falsa propaganda também tiveram seu momento de mal-estar. Ao serem confrontados por Renata Pimenta do SINPOL e pelo Dep. Fernando Mineiro, foi um momento tenso que pareceu ter ofendido o Secretário e o chefe da DEGEPOL, pois suas respostas vieram inconclusivas e em tom áspero, quase agressivo.
Argumentos Combatidos
O Chefe da DEGEPOL, Fábio Rogério da Silva, assegurou que falar que não há interiorização é mentira. Para ele estar certo, a interiorização não poderia ser feita com a utilização de vacância se o efetivo atual já não atende as demandas dos locais de lotação, portanto, sem as vagas criadas pelo concurso, essa falsa interiorização tem um nome real: chama-se “realocação” de efetivo.

O Secretário de Segurança, sem aparente propriedade, chegou a insinuar que teria atendido a um pedido pessoal de Fernando Mineiro, numa investigação no interior do Estado.

O Deputado Leonardo Nogueira, num determinado momento se sentiu ofendido e vestindo a carapuça de corpo inteiro, defendeu-se de uma acusação que ele quis atribuir a origem ao Deputado Mineiro, pois Mineiro, visivelmente demonstrou sua surpresa em notar todos os representantes da Segurança Pública do RN numa audiência pública, algo mais parecido com uma armadilha do DEM.

Mineiro, aludiu ao fato que aqueles representantes estavam pintando um mundo cor de rosa, que não existia. O Delegado Geral, de forma discriminatória, pediu a palavra para ridicularizar-se e dizendo que “não gostava de rosa, que não era gay, nem ele e nem ninguém na mesa, que só tinham homem ali”. Um momento constrangedor!

Da situação real da segurança pública os que falaram precisaram disputar os míseros três minutos que cada um recebeu e que viraram dois minutos. A representante do sindicato dos agentes penitenciários, já começou dizendo que seria ser breve, afinal, não se argumenta fundamentadamente sobre segurança pública em somente dois minutos e que não entedia porque falavam em segurança pública sem falar no sistema prisional.

No apagar das luzes

O intento dos fomentadores da inverdade quase foi conseguido. Eles extrapolaram o tempo, fizeram propaganda do governo do RN, contudo, o tiro saiu pela culatra, e a revolta das pessoas, ao final fez com que eles ficassem encurralados perante seus argumentos.

Mineiro ainda propôs um requerimento de uma reunião para decidir as nomeações, algo com que o Dep. Leonardo Nogueira concordou, Renata Pimenta endossou e acrescentou pedindo que aqueles que estavam sentados à mesa e tinham acesso a governadora que levasse o pleito até ela.

E no final da Audiência Pública, com as câmeras desligadas, o Secretário admitiu as dificuldades que enfrentava. Prometeu reunir-se com os deputados na semana seguinte e que caso houvesse necessidade até desmarcaria qualquer compromisso para isso.

Carlos Brandão pediu a Mineiro para participar, e Mineiro disse que poderia ir um representante da PC e outro da PM, que se faziam representar em peso naquela assembleia, um velho estratagema milico de inundar o local para evitar argumentadores contrários.

Paulo Cesário, representando os suplentes, que foi recentemente empossado como membro da Comissão de Segurança Pública e Trânsito da OAB – Subseccional de Mossoró, também contribuiu com bons argumentos.

Além dos tiros no pé que os divulgadores da propaganda tendenciosa do governo estadual, como outros meios de comunicação já fazem, pareceu não ser o suficiente. Então o tiro de misericórdia foi deflagrado pelo Dr. Marcos Dionísio que em desfavor dos dados do governo disse: “Essa questão do limite prudencial tem que ser resolvida e a convocação equacionada, ao invés de ficar se procurando culpados neste ou no outro governo”. Ele ainda cobrou providências reais para a segurança pública do Rio Grande do Norte

E no apagar das luzes, a propaganda governista da falsa existência de uma segurança pública ideal, se transformou, graças ao esforço de pessoas que não se calam, no acender das luzes para a criação de uma comissão que acompanhará a resolução das demandas cobradas do governo.

Ainda resta esperança para a Segurança Pública Potiguar.

Comentários